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27 de julho de 2009

VIVA O ENSINO BRASILEIRO DE TODOS OS GRAUS



Nesse fim de mês recebi um e-mail de uma colega da Academia Brasileira de Filologia no qual a ilustre acadêmica me mostrava um relato de uma professora de matemática. Cito os dizeres do que recebi:

Semana passada comprei um produto que custou R$ 1,58. Dei à balconista R$ 2,00 e peguei na minha bolsa 8 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer. Tentei explicar que ela tinha que me dar 50 centavos de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender. Por que estou contando isso?Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:
1. Ensino de matemática em 1950.
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?
2. Ensino de matemática em 1970.
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. Qual é o lucro?
3. Ensino de matemática em 1980.
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. Qual é o lucro?
4. Ensino de matemática em 1990.
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00.
Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00.
5. Ensino de matemática em 2000.
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção desse carro de lenha é R$ 80,00. O lucro é de R$ 20,00. Está certo?
( )SIM ( ) NÃO.
6. Ensino de matemática em 2007.
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.
( ) R$ 20,00 ( ) R$40,00 ( ) R$60,00 ( ) R$80,00 ( ) R$100,00
".

Parece uma piada de mau gosto, mas é a pura realidade. Eu também sou testemunha dessa degradação do ensino na minha área, a Língua Portuguesa. Não testemunhei desde os anos 50, mas em 1970 publiquei com mais quatro amigos professores uma livro didático para o Segundo Grau, intitulado PORTUGUÊS NO SEGUNDO GRAU, pela Cia Editora Nacional, São Paulo. Em 1972, por força da reforma do ensino, Lei 5.692/71, houve a segunda edição dessa obra. O livro foi adotado nos principais colégios do país, inclusive no Colégio Naval de Angra dos Reis. Na segunda edição, a pedido de muitos coordenadores de diversos colégios, resolvemos publicar um livrinho à parte, com as respostas dos inúmeros exercícios. Alguns diretores nos confessaram que muitos professores tinham dificuldade em resolvê-los, em sala de aula, com seus alunos. O sucesso foi maior ainda! Como vendemos! Muito bem, anos mais tarde, em 1980, vi nosso livro ser adotado no terceiro ano de inúmeros Cursos, no Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pois é, poderia armar, agora, uma perguntinha, da mesma forma, com a seguinte proposição: Quem souber o número do CEP de sua residência, coloque-o no espaço abaixo e terá garantida a sua aprovação para a próxima série. Assim, as duas disciplinas básicas do Ensino de todos os Graus, Português e Matemática, estariam contempladas em nome do futuro de nossos jovens-varonis-viva-o-Brasil-salve-salve!

ATÉ A PRÓXIMA

Um comentário:

Markones disse...

Realmente, são essas pequenezas do dia a dia demonstram a situação da educação no Brasil...

E pensar que esse texto agora me lembrou quando estava para entrar na faculdade e fiz o ENEM, que infelizmente seguia nessa linha, não sei bem como esta agora que foi reformulado!

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Quem sou eu

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.