tag:blogger.com,1999:blog-287793672024-03-13T15:49:43.609-03:00PROFESSOR FEIJÓUM BLOG DO SUL, DA BOLA E DAS LETRAS.Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.comBlogger358125tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-58170022792033854782020-03-30T17:34:00.003-03:002020-03-30T20:26:09.398-03:00MISTÉRIOS DE DEUS (2)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRomwSTfSVno1OISwzVOwJMhSofiNMPEwEoXlK7S1iX46T3YHISvgnairvnoyvKn7jPEvP8oAOBpvZog45zzUm3EmJsl__eg1xljI54ReuProfp8pqguERX8Qp6yitl1Ygi4kf/s1600/S%25C3%2589+DE+BRAGA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="259" data-original-width="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRomwSTfSVno1OISwzVOwJMhSofiNMPEwEoXlK7S1iX46T3YHISvgnairvnoyvKn7jPEvP8oAOBpvZog45zzUm3EmJsl__eg1xljI54ReuProfp8pqguERX8Qp6yitl1Ygi4kf/s1600/S%25C3%2589+DE+BRAGA.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: purple; font-size: large;"><span style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Realmente existimos porque nossas vidas dependem de companhias. Não se pode entender o homem isolado, em solidão. Somos uma espécie social e dependemos do outro. Só por ficção e na ficção, o homem vive isolado.</span><br style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Não vou contrariar, agora, os mais significativos doutores das ciências sociais e muitos entusiasmados psicólogos das mais avançadas linhas francesas, de viés psicanalítico, pois deixei os grandes centros em que atuava no meio de verdadeiras multidões, vivendo em ambientes repletos das mais instigantes e significativas figuras, que pretensamente interagiam comigo, para vir para o campo, para juntar-me aos cantos dos pássaros e aos mugidos do bom e sadio gado gordo, que pasta nas relvas dos campos. Mas sinto-me, hoje, como já me sentia outrora, solitário, muitas vezes. Aposentado, escolhi a paz da cidade do interior, rodeada de fazendas, com suas imensas voçorocas dentro de íngremes terrenos, transformados em pastos de poucos animais e muitos cupinzeiros.</span><br style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Mas faz parte da vida envelhecer. Não um envelhecer sem propósitos, como estação terminal de uma breve viagem, mas um envelhecer com um significado robusto que justifique a alegria de se sentir útil, nem que seja para se lamentar em missivas tristes, às vezes indecifráveis, sem estilo e, possivelmente, até sem destinatário. O importante é conviver, interagindo com o próximo de qualquer forma, pois a solidão é amedrontadora e poucos sabem como lidar com ela.</span><br style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Contudo, às vezes sozinho, nessas regiões isoladas, ela – a solidão – me inspira e me faz pensar que sou mais forte do que realmente o outro pensa que não sou. Ficar livre da mesquinhez do meu vizinho de apartamento não é uma boa? Não ser prejulgado por cabecinhas ridículas e presunçosas, que mal sabem conjugar um verbo irregular de sua língua natal, não é uma dádiva? Para me aliviar das confusões mentais que embaralham as muitas reflexões que faço, quando pretendo criar um texto mais requintado, escrever um poema, ou simplesmente fazer um rol das necessidades comezinhas para as compras da venda, refugio-me sempre em meu quarto de leitura. Lá produzo com satisfação, sozinho, boca calada e pensamento falante muitos textos de transgressão a todas as normas possíveis e imagináveis, além de me deliciar, o que é maravilhoso, narcisicamente com isso. É a solidão produtiva e benfazeja.</span><br style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Mas há outra, mais amedrontadora, até doentia. Fujamos dela. A vida exige multiplicidades de atitudes e clama por muitos outros tipos de alegria e êxtase. Realmente não somos uma ilha. Temos um compromisso atávico com a multiplicidade de acontecimentos que nos fazem pessoas sociais. Vivendo, aprendi a afastar todo o tormento que nos isola e que nos aprisiona. Mas aprendi, por outro lado, a viver a talvez gostosa dualidade pós-barroca, que projeta a alegria de viver em grupo de equivalentes e recrimina o pluralismo, restringindo a aglomeração, tudo, muitas vezes, por pura incompreensão dos fatos, ou por se estar limitado a adquirir repertórios mais sofisticados. Mesmo agora um tanto isolado, procuro sempre alguém para confirmar se estou vivo mesmo. Por isso escrevo, na ânsia de conseguir uma publicação futura e ser, pelo menos, lembrado. Eis, novamente Narciso enfrentando Tânatos...</span><br style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Mas a vida de quem já muito viveu é mesmo misteriosa, quando criadora de situações dicotômicas. Para que ela seja digna tem de ser entendida e respeitada pelo outro. Todos nós temos de saber conviver com esse burburinho especial que alucina, porque encanta, mas que também mata, porque deprime. Saber viver nesses limites é um mistério e é para poucos a sua compreensão. Preparamo-nos para viver em grandes grupos e, agora, temos de sobreviver em regiões de pouca densidade demográfica. Isso é desafiador! Mas é bom experimentar tudo, sem esquecer que a vida exige e reclama por muita atenção, pois somos o que o outro deseja que sejamos. Mas em quaisquer situações, adoramos ser úteis, pois “só o homem valoriza a utilidade.” Li isso num jornalzinho que circulava num asilo para idosos, ao visitar um parente de meu pai, um tal de Fernando, pessoa incrível, que lá, sozinho, ficava sentado o dia todo, fitando abstratamente o infinito... Nunca mais esqueci.</span><br style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Os mistérios da vida não foram explicados nas escolas regulares, por onde todos nós passamos, quando estudamos os mercantilismos; os socialismos; os positivismos; os estruturalismos; os revisionismos e todos os demais ISMOS possíveis e imaginários de nossa alucinada cultura clássica, enquanto ciência. Esses mistérios, os mistérios da vida, pertencem a um outro sistema simbólico, não se iludam!</span><br style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Numa tarde nevoenta de oração, na igrejinha da cidade interiorana em que agora vivo, lembrei-me da visita que fiz, há muitos anos, à românica ou muito mais antiga Catedral da Sé, em Braga. Lá, depois de percorrer os silenciosos corredores de pedras escuras, com artes de todas as épocas, penduradas nas paredes descascadas, perguntei ao solitário guia como os corpos de dois bispos do século XVII, lá enterrados, estavam ainda intactos. Aquele cansado funcionário, já idoso, de aparência frágil, com rugas profundas em seu rosto macilento e triste, que morava só, num pequeno cômodo, anexo à catedral, depois de duas horas rodopiando comigo por púlpitos e pedras, repetindo mecanicamente, de cor, todas aquelas estórias escritas resumidamente nas etiquetas coladas às vitrines dos suntuosos monumentos do interior sagrado daquele templo bracarense, respondeu-me, sentindo-se realmente útil, verbalizando o seu pensamento interior, na única vez em que solicitei dele uma opinião própria – disse-me a triste figura macilenta- , que aquilo representava um mistério de Deus. E transformando-se, alegre, feliz e catártico, em comoção intensa, gritou contente, cumprindo sua missão de guia: - “Mistérios de Deus! Mistérios de Deus!”</span><br style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">E naquela tarde nevoenta de oração, na igrejinha da cidade interiorana em que agora vivo, voltei para o meu recolhimento, pensando que poderia me libertar daquela imensa solidão gótico-românica, condenada à acédia melancólica, que nos envolvera. Era como dizia o poeta mais carioca do que paulista: “<i>tristeza não tem fim, felicidade, sim...</i>”</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<span style="color: #666666; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA</span><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-35587061681082054512020-03-28T23:02:00.004-03:002020-03-28T23:11:10.355-03:00DISCURSO VIRAL<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihoA48niyPim-xaaXrcbA7xbK_UNmxNF2QCKQXkvlXLywpLZ1JZsMCLux134X2208WZ3KyrHwJx5kPnv9n0lNNGXflMbTerZJByHcTgvic2abreZ9dWJ9Ul1II6Cl-9aO7GoZm/s1600/V%25C3%258DRUS+IMAGEM.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="749" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihoA48niyPim-xaaXrcbA7xbK_UNmxNF2QCKQXkvlXLywpLZ1JZsMCLux134X2208WZ3KyrHwJx5kPnv9n0lNNGXflMbTerZJByHcTgvic2abreZ9dWJ9Ul1II6Cl-9aO7GoZm/s320/V%25C3%258DRUS+IMAGEM.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #4c1130;">Há algum tempo, escrevi uma crônica, intitulada FUTEBOL,
RÁDIO E TELEVISÃO. Ela começava assim: </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;">Vocês estão lembrados como eram as
transmissões dos jogos de futebol pelo rádio e pela televisão, antigamente? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;">............................................................................................................................<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;">Então, vejamos como esses dois
veículos de comunicação de massa falam, ou melhor, trabalham.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;">O Rádio<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;">Ouvir rádio é imaginar como os fatos
estão acontecendo. Todas as informações nos atingem por um único canal: a
audição. Temos que ficar atentos a tudo, para não perdermos os sinais chaves da
emissão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;">........................................................................................................................................................................................................................................................<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;">A Televisão</span> <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 141.6pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;">Ela é um meio frio de comunicação de
massa, porque fornece baixa quantidade de informação, pois permite mais
participação ao propor somente uma complementação informativa e inclui o
receptor na própria mensagem, como um reflexo das ocorrências de suas
realidades e experiências cotidianas.<span style="font-size: 9pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 141.6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Hoje, na reclusão imposta pelo bom senso e pelas autoridades
sanitárias, por causa dessa pandemia, causada pelo Coronavírus, estamos
enclausurados, e as informações nos atingem também pelo rádio e pela televisão.
Bem, é mais ou menos isso, porque pela internet passa tanto o som, quanto a
imagem, que nossos aparelhos receptores, os moderníssimos celulares, captam ambos,
ou só o som, colocando-nos informados. Informados? Bem Quando você informa
demais, você desinforma. Regrinha básica da Teoria da Comunicação. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Dentro de casa, não há como ficarmos sem nenhuma comunicação
com o mundo exterior, ou melhor, sem o nosso celular ligadíssimo nos
noticiários que surgem nos sonoros vídeos, onde pessoas ligadas aos fatos e
políticos ávidos por audiência, discutem sobre esse famigerado COVID-19. São
milhares de informações que nos atingem, tentando explicar o que é, de como
surgiu e como pode ser evitada tamanha tragédia. Há de tudo. Posições médicas e
discursos políticos, que se colocam contra ou a favor desse lastimável estado
de crise por que passamos todos nós. Recolhidos em nossas casas, somos
receptores passivos, com poucos canais de retroalimentação, mas, nem por isso,
deixamos de nos manifestar, pois a internet nos proporcionou esse feedback,
ausente até pouco tempo, mas isso nos tornou comentaristas independentes e
passaram a proliferar, por ondas hertzianas, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>discursos, os mais estapafúrdios possíveis, na
grande rede aberta da Web.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Mesmo com o celular na mão, olho na minúscula telinha desse
aparelho quase mágico, de última geração, não há como deixar de dar uma
espiadinha também na tevê da sala, uma gigantesca tela de 50 polegadas, resolução
3840x2160, painel RGB, de 8 bits, com vídeo em frequência de tela MR, HDR, com
mega contraste, PurColor, contrast Enhancer, Auto Motion Plus, modo filme, Dolby
Digital Plus, Multiroom Link, Smart Service, Navegador Web Browser, Bluetooth
Low Energy e, aimda por cima, bem fininha...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">É impossível desprezar a tecnologia da informação. E nesse
mundo cibernético, principalmente na atuação das mensagens via internet (áudio
e imagem de alta e baixa saturação), nós todos exercitamos, a todo instante,
juntamente com a tentativa de decodificação das mensagens, a nossa capacidade
de abstrair, tentando separar pelo pensamento o que não está separado no objeto
do pensamento. Portanto, essa ação de abstrair, quando negada, torna-se um
elemento impeditivo da compreensão da mensagem. Assim, lança-se mão da
redundância, para eliminar a entropia. Observa-se isso, facilmente, nos campos
de futebol, quando o ouvinte assiste aos jogos com o radinho de pilha colado ao
ouvido, escutando o que seus olhos veem. Da mesma forma, tomamos conhecimento
dos fatos narrados pelos repórteres de rua, sobre a pandemia do coronavirus, que
têm suas informações discutidas por “<i>ancoras</i>” nos estúdios das emissoras
de televisão. Estes comentam os comentários deles, numa sopa de letrinhas que correm
no rodapé do écran, temperada com metalinguagens e redundâncias, para evitar
entropias, surgindo assim, imediatamente, como corretora, uma neguentropia,
percebida nos discursos de protesto ou de concordâncias, por parte dos
telespectadores distantes. Todavia, o mais importante fato que surge dessa
fenomenologia televisiva é que a ansiedade de ouvir supera a obrigatoriedade de
ver, como se a voz do outro (âncora da emissora), vinda <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do interior do estúdio colorido e misterioso,
um oráculo eletrônico, fosse a expressão suprema da verdade (discurso do
Mestre), deixando o receptor à mercê de um entendimento impossível de ser
alcançado por sua própria capacidade de reflexão e de abstração. Está, assim, preparado
o discurso ideológico que, a partir desse momento, agirá também
neguentropicamente, para corrigir uma possível falta de comunicação interpessoal.
O receptor dessas mensagens passa a ser um súdito dependente desse meio, pelo
discurso do âncora e, ao mesmo tempo, um repetidor passivo de seus pensamentos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">O vírus continua atacando, mas os discursos que o sustentam,
não devem ser mais perniciosos do que ele. É o que esperamos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-28384299709037981652020-03-24T22:36:00.001-03:002020-03-26T18:29:15.616-03:00TODOS SOMOS ANACORETAS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQrHGtm95Thu2jatBY07KUs3uJWp3PhEailHwBphVj9KdJiWFuuBTSw6VRab_8D2Xl0HQ0rLjuRHqvHulaQca8zGSN_y_cxcFIzriyluw8L1m23jg8fvr_16pxUCJuUrbOw7Q1/s1600/ANACORETA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1209" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQrHGtm95Thu2jatBY07KUs3uJWp3PhEailHwBphVj9KdJiWFuuBTSw6VRab_8D2Xl0HQ0rLjuRHqvHulaQca8zGSN_y_cxcFIzriyluw8L1m23jg8fvr_16pxUCJuUrbOw7Q1/s320/ANACORETA.jpg" width="241" /></a></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<i><b>Saí do mundo e segui</b></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i><b><i>no rabo de um cometa.</i></b></i></div>
<i><b>
</b></i>
<div style="text-align: center;">
<i><b><i>Desse vírus eu fugi</i></b></i></div>
<i><b>
<div style="text-align: center;">
<i>e virei anacoreta.</i></div>
</b></i><br />
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="color: #741b47; font-size: large;">Depois de uma bobagem em forma de versos, em redondilha maior, para animar a festa, vamos falar de alguma coisa mais séria. Vamos lá. Se você for ao GOOGLE, vai ficar sabendo que os anacoretas eram monges cristãos ou eremitas que viveram em retiro solitário, nos primórdios do cristianismo e, mais tarde, dedicaram-se à oração e à produção de textos litúrgicos, para com isso alcançar um estado de graça e pureza, através da contemplação.<br />Muito bem, mas o que significa essa palavra, desconhecida de muita gente? Anacoreta vem do grego, <i>άηαϏωρετής</i>, solitário, eremita (do grego, <i>έρηϻιτης</i>), o que se retira (do mundo).<br />Os anacoretas, então, eram monges cristãos que viveram em retiro. O termo anacoreta também é utilizado para chamar um penitente que se afastou do convívio humano para viver em solidão. Ele participava da liturgia, ouvindo o serviço e recebia a sagrada comunhão.<br />Além dos anacoretas, existiam também os cenobitas, cristãos eremitas, que rezavam e lutavam contra o demônio, em profundas meditações... Lutavam dentro e fora dos mosteiros, nos desertos, em retiros e mesmo em batalhas. Eram adestrados e estavam preparados para as lutas, aptos para combater com as próprias mãos e poucas armas os que renegavam a fé divina. Lutavam contra os vícios da carne e dos pensamentos, mas se relacionavam em grupos, diferente dos anacoretas, e juntos oravam e praticavam atos nem sempre, talvez, santos...<br />Cenobita é outra palavra pouco usada em nossa língua e também veio do grego <i>Ϗοινόβιον</i>, através do latim </span><span style="color: #741b47; font-size: large;"><i>coenobium</i>, aquele que habitava o convento.</span></div>
<div style="background-color: white; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-top: 6px;">
<span style="color: #741b47; font-size: large;">Antes de continuarmos, é importante salientar que essas duas palavras, <i>anacoreta</i> e <i>cenobita</i> são vocábulos pouco produtivos em nossa língua. Produtivos significa que não são muitos os vocábulos que deles derivam. Vejamos: a) do grego <i>άηαϏωρετής</i> temos: anacoreta, anacorético, anacoretismo; b) do grego <i>Ϗοινόβιον</i> temos: cenobita, cenobiarca, cenóbio, cenobial. Todos esses vocábulos entraram em nossa língua por via erudita, isto é, com mínima ou nenhuma alteração fonética em sua evolução. Quando um termo entra em nossa língua, sofrendo algumas alterações fonéticas, diz-se que a via foi popular. Há casos em que vocábulos, presos a um mesmo radical exterior, entraram em nossa língua, uns por via popular e outros por via erudita. Tomemos os exemplos. Latim <i>lacte</i>: por via popular, temos, leite. Por via erudita, temos lactante. Latim <i>paupere</i>: por via popular, temos pobre. Por via erudita, temos paupérrimo.<br />Uma interessante visão da retomada do espaço acústico sensorial dos tempos primitivos, os primórdios do cristianismo, é a de Marcelo Molnar, que compara os aficionados jovens de hoje, presos a seus celulares, com os anacoretas medievais, recolhidos a um intimismo quase doentio, através de suas parafernálias eletrônicas, ouvindo seus ritmos preferidos e isolados do mundo. </span><span style="color: #741b47; font-size: large;">Marshall McLuhan desenvolveu tese nesse sentido, muito antes, nos anos 60, estudando o processo da comunicação. Mas , continuando. N</span><span style="color: #741b47; font-size: large;">a mesma linha de raciocínio, os cenobitas de antanho, monges que se misturavam entre si, nas práticas litúrgicas dos conventos, como já dissemos, teriam, como atuais seus representantes, esses mesmos jovens (e alguns velhos), que fofocam nas Redes Sociais dessa maravilha internética.</span><br />
<span style="color: #741b47; font-size: large;">Muito interessante como o tempo passa, o mundo gira e as coisas se repetem. Esse frenesi que causa em todos nós a tecnologia eletrônica do mundo cibernético, nos distrai dentro das clausuras de nossas casas, transformadas em conventos, e nós em anacoretas, trazendo um pouco de prazer, nesses dias de recolhimento forçado, não por amor a Deus, mas por medo de ir mais cedo prestar contas a Ele!</span></div>
<div>
<div style="background-color: white; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-top: 6px;">
<span style="color: #741b47; font-size: large;">Créditos:<br />1) <a data-ft="{"tn":"-U"}" data-lynx-mode="async" data-lynx-uri="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.molnar09.wordpress.com%2F2010%2F03%2F23%2Fcenobitas%3Ffbclid%3DIwAR1ZuHIXVI5dk9dfNoPGghAWogs2mwYI5TQLX6yMSrq5BhduSjSfRrjfyGI&h=AT2BHOsO7IAbByiY1V6eMWzXoddoXE8sqrivaXbedN5g3yN7GWLHEDa2wyHwsCMFb0BDS8MamsM12ldZWf7VvWu7hVSPvq7BSw93Wa0HiDs-7sRxX1H8daPbI8EIfKihAsJn98-bt4-NtY_JOGmLu_ghDmAzaOB91SETD5ofN61g2mEUkVSqnVymYSuzk9lpwqCWXb2WdYHblyEHNhE2mRR5TZoda7yKiPpb6q_N4vrAxS4D0yoaus2-_YNRioTwuR1z-67tbGKNTdLAlVmhJXUwrl5U6EGI3ndalnvfYmhRwvM-YtycOQ716YEWxh6dE6uvm6idUAxDPnfczsukpIEgpvgYO_PjM8QvwKSZ4O90yvc6KykcjyefASvdAgidGaF9Qml9hokDy5jr9TMPv_sDdP2KMxVmsRQnKsM-w3ZrBweIZClQeQ4N1S3QWWqfQxX4wqbrd9ToblApm52SzwaHZO-yG2iCHYBVr3g368Gl6t9qs8X4TaIpcA-RerNuy_fDGG9VUotUBzZ3U_1exnlUhR3E2NwL20I66IUvmenStrdsiF2oaP3MGQjIxwMPQkgX37b4qfHXPt3WZOfGdSPdT697PGJVZk3WTLbADwz97g5sIK6Lzdgpg87eOwPINX6s-xo7JnLMKghO9u4O" href="http://www.molnar09.wordpress.com/2010/03/23/cenobitas?fbclid=IwAR1ZuHIXVI5dk9dfNoPGghAWogs2mwYI5TQLX6yMSrq5BhduSjSfRrjfyGI" rel="noopener nofollow" style="cursor: pointer; font-family: inherit; text-decoration-line: none;" target="_blank">www.molnar09.wordpress.com/2010/03/23/cenobitas</a>;<br />2) NASCENTES, Antenor. Dicionário etimológico da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, 1955;<br />3) YARZA, Florencio I. Sebastián. Diccionário Grieco-Español, Ed. Ramón Sopena, S.A., Barcelona, 1954.</span></div>
<div>
<div style="background-color: white; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-top: 6px;">
<span style="color: #741b47; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #741b47; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA</span></div>
</div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-12963497618803792132020-03-16T18:22:00.000-03:002020-03-17T09:59:42.222-03:00PROFESSOR DE FELICIDADE<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSgYFyJ4mTs4oe-na3zpntGKUtbOmAGbPzOzGlQ3AvnCJph31RQ4FxW7a93OEZL-tBwzB3U8_pTqPqPE5zanAjXR7bc_cYX7UtDp61j8r0RvRgUUnkf2IBJ1YjOv7MOK-C3TyE/s1600/ie+rio+de+janeiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="384" data-original-width="512" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSgYFyJ4mTs4oe-na3zpntGKUtbOmAGbPzOzGlQ3AvnCJph31RQ4FxW7a93OEZL-tBwzB3U8_pTqPqPE5zanAjXR7bc_cYX7UtDp61j8r0RvRgUUnkf2IBJ1YjOv7MOK-C3TyE/s320/ie+rio+de+janeiro.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: large;"><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Vou falar na primeira pessoa, porque a mentira nunca vem em primeiro lugar em qualquer narrativa. Ela vem, muitas vezes dissimulada, lá no fim da história. Às vezes, no meio. O que vou narrar são fragmentos de uma vida dedicada ao ensino, verdadeiramente. Atividades dentro de salas de aula, durante muitos anos...</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Há mais de 60 anos eu inovava em sala de aula, tentando dar aulas diferentes. Minhas novidades pedagógicas surgiram muito antes da Lei 5697, de 1972. Aboli, definitivamente, as notas, substituindo-as por conceitos. Quem foi meu aluno, nesse tempo, deve ainda lembrar daqueles desenhos em forma de notas. Figurinhas motivacionais servindo de conceitos, que se encaixavam na faixa etária das primeiras séries do então Curso Ginasial. Ficaram famosos, entre a gurizada, ei-los: Porquinho Rindo; Porquinho Sério; Porquinho Triste e Porquinho Desesperado. Não havia correspondência entre estes termos linguísticos e os números. Era só isso, mesmo. Os alunos pareciam que gostavam da minha avaliação e percebiam que com um bom desempenho na avaliação, todos ficavam felizes, e como sorriam... mas ao receberem um desenho de porquinhos aflitos, agitados, percebiam, também, que o tal Porquinho Desesperado não era lá mesmo uma boa coisa. Evidentemente, aquilo era o resultado de algo nada interessante para a sua vida escolar. E ficavam tristes. Mas a tristeza passava rápido, porque, olhando para a figura dos porquinhos desesperados, ingenuamente riam e a ludicidade daquele ícone não agredia como os numerais 1, 2 e ZERO. De fato, ninguém queria ter uma coleção desses suínos... mas que eles eram bonitinhos, eram, sim! Em sua ingenuidade, chegavam a interpretar aquilo como uma brincadeira. Aquelas crianças aceitavam essa nova forma de materializar um desempenho escolar - estou certo disso - porque a nota em forma de desenho, uma quase brincadeira mesmo, representava, no fundo, no fundo, o seu desempenho nas provas e a sua dedicação aos estudos. De fato, havia embutido nos conceitos, um valor, ao mesmo tempo subjetivo e objetivo. Um troféu gostoso, lúdico, para o desempenho de cada um. Nada de destruir a participação do aluno, muitas vezes criativa, nas tarefas propostas, com palavras incompreensíveis, sem censura, sem rabiscos alusivos aos erros ou equívocos. Eu não rabiscava a prova de meu aluno. Nada disso. Evidentemente, não valorizávamos, também, o erro.</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Abolimos, em seguida, o uso do terno e gravata como uniforme do professor em sala de aula, substituindo-o pelo jaleco branco. Fiquei até parecido com médico. Foi uma atitude unilateral, passível de repreensão, eu sei, mas o calor de 40° da Cidade Maravilhosa, em seus verões de arrepiar, falou mais alto... Abolimos, logo depois, o uso do livro didático em sala de aula e sofremos a fúria das editoras especializadas. Passamos a usar qualquer jornal do dia, sem exigir nenhum, em especial. Tentávamos fazer com que o aluno adquirisse o hábito de comprar e ler jornal, mesmo em dia de recesso, feriados, fins de semana e férias... Pouca coisa? Creio que não. Eles participaram, pela primeira vez, de uma relação comercial e aprenderam a gostar de ler. Todos gostavam de ler, nos jornais, a seção das Histórias em Quadrinhos, um “entre lugar”, dividido com a literatura e o cinema. Nunca eles haviam comprado alguma coisa sadia, para consumo próprio. Estavam comprando e consumindo informações e notícias, as mais variadas possíveis, a primeira parcela de uma enorme conta de somar, na contabilidade da vida, formando, cada um, o seu repertório cultural. Muitos aprimoravam, com o jornaleiro da esquina da escola, a sua matemática, pois ficavam atentos ao troco, quando a nota ou a moeda era de valor maior do que o jornal do dia. O próximo passo foi abolir o tradicional quadro-negro, onde se escrevia qualquer bobagem. Só o usávamos para a fixação da aprendizagem. Creio que pela primeira vez se utilizou, em colégio público, nas aulas de Língua Portuguesa, material tão, aparentemente, incompatível com fonemas, sílabas, classes de palavra, conjugações, vozes verbais, figuras de sintaxe, polifonia, metafonia. Tudo era misturado a muita alegria e satisfação. Passamos também a usar cola plástica, tesoura, barbante, papel de mimeógrafo, recortando as notícias do dia, interpretando-as e com elas partindo para a leitura e para as análises de todos os tipos programáticos, montando até um novo jornal, deixando a sala imunda para o professor seguinte de outra matéria, que me substituiria. Como isso deu trabalho aos serventes! Depois de algum tempo e muitas reclamações, as aulas de Língua Portuguesa passaram a ter mais alguns minutos de duração e foram colocadas nos últimos seguimentos do horário do dia, fechando o turno da manhã, para faxina geral. Ocorreu, então, mais uma aceleração pedagógica, inovadora, com reflexos futuros, pois as aulas de Curso Ginasial passaram a ter 100 minutos de duração. Estas foram algumas atitudes pedagógicas tomadas há mais de 60 anos, em escolas públicas oficiais, sob a responsabilidade da Secretaria de Educação do Estado da Guanabara, hoje, Estado do Rio de Janeiro. Sabem em que colégio tudo isso começou? Nada mais, nada menos que no maior colégio do Rio de Janeiro, na época: o Instituto de Educação, aquele mesmo! Aquele prédio lindíssimo, em estilo barroco mexicano, na Rua Mariz e Barros, 273, entre a Praça da Bandeira e a Tijuca, que formava as nossas professorinhas primárias, com diminutivo afetivo e tudo. Pelo que fizemos, quase apanhamos das mães dos pequeninos alunos que não entenderam imediatamente o que estava acontecendo. A Direção queria me expulsar do magistério. Lutei bravamente, numa época difícil de regime político de exceção, mas consegui não ser penalizado e, de certa forma foi reconhecido, saindo até vitoriosa a minha teoria revolucionária de motivação na aprendizagem. Se fomos seguidos? Não importa. O que importa é que fomos reconhecidos, não imediatamente, pois a educação é um processo, lento e contínuo. Não existem frutos para serem colhidos imediatamente. A safra custa amadurecer...</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Depois do Instituto de Educação fomos trabalhar no Colégio Estadual Gomes Freire de Andrade, no subúrbio da Leopoldina, na Penha. Lá também inovamos. Criamos a primeira radioescola do Brasil, em colégio público de Nível Médio, graças à compreensão de seu diretor, um professor fabuloso, um homem de bem, de fina sensibilidade, filólogo e poeta. O Professor Jairo Dias de Carvalho, que já não está entre nós, tornou-se meu grande amigo, desde os bancos escolares da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Jairo Dias de Carvalho dirigiu o Colégio Estadual Gomes Freire de Andrade com saber, dignidade, patriotismo e democracia plena, em tempos muito difíceis, de estado de exceção conflagrado institucionalmente. Recebeu com todo respeito e atenção meu projeto inovador de Comunicação Pedagógica, implantando no colégio que dirigia, a Radioescola Gomes Freire de Andrade. O empreendimento foi reconhecido pelo Secretário de Estado de Educação, na época, Celso Octávio do Prado Kelly, pai do João Roberto Kelly, o músico carnavalesco de marchinhas irreverentes, estão lembrados?</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">De lá saí para o Colégio Estadual Barão do Rio Branco, na última estação do trem da Central do Brasil, bem depois de Campo Grande. Ficava no Matadouro de Santa Cruz. Lá, introduzimos a semente dos festivais de música e poemas escolares, numa “mistureba” cultural de shows e poesia. Além disso, construímos, com recursos próprios, uma sala especial de Latim. Isso mesmo, Latim. Parecia uma sala de museu. Gastei meus parcos recursos. Suados cruzeiros, cruzados e muitas novas moedas das quais não mais lembro seus nomes, nem delas tenho saudade. Mas tudo em educação, se não tiver muito amor, comprometimento, conscientização e prática contínua, se esvai como água entre os dedos e a sede do saber não satisfaz o desejo de se crescer intelectualmente. Lutei, lutei muito. Coloquei em livretos todas essas experiências, que o editor, Lúcio de Abreu, da Editora Gernasa, publicou para orgulho meu. Lúcio de Abreu foi um arauto da boa e inovadora educação; um grande amigo, que também já se foi e a quem muito devo, por acreditar nas “maluquices" de um jovem e inquieto e iniciante professor. Nunca acreditei que somente o cuspe e giz pudessem servir para muita coisa dentro de uma sala de aula. Pois é, existe ainda no Brasil uma grande defasagem entre o que o aluno espera da escola e aquilo que ela o oferece. É verdade. Desenvolvi esse tema também em um livreto da Editora do Lúcio de Abreu. Do meu bom amigo Lúcio...</span><br style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;" /><span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; text-align: start; text-indent: 0px;">Se estes fragmentos memoriais vão servir para alguma coisa, não sei dizer. Sei que enquanto me lembrar do que fiz de bom, de útil e correto vou registrando, antes que as nuvens negras da tempestade cerebral descarreguem seus raios fúlgidos, mas trágicos, em minha cansada memória e apague tudo. Nessa época atual, em que a figura do professor está tão desprestigiada, sirva essa voz tosca de um mestre-escola, para mostrar que ensinar é ainda a mais nobre de todas as profissões. Assim, entendo e sempre entendi que o professor tem de ser mestre do absurdo, porque só os grandes impactos constroem, enquanto as pequeninas coisas, sempre repetidas, decoradas, corroem, enjoam e estragam a nossa vida, a vida de todos nós, a vida do homem comum, a vida de nossos alunos. Todos nós precisamos e, o aluno, em particular, precisa de felicidade para viver, desenvolvendo-se confiante. É dever do professor abastecer essa demanda. O professor, antes de tudo deve ser professor de felicidade.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #20124d; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #20124d; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA</span></span></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-56648467197319911012019-06-01T11:32:00.001-03:002019-06-01T11:34:18.555-03:00UMA RECENSÃO À GUISA DE PREFÁCIO OU VICE-VERSA: UMA VIDA ALEGRE DE AMOR E POESIA<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRb1LuWIqasCuJYRtcyF-aQFGefTXXTxETWZGHo6Pl_bxC-mZcwivYfIYQP2qcPbtIBEH50bMOHvVYSC2mOqXGVrOBTRJX5MNhpdBndpi3y3qIiatf21oQZOZZrZK9JaGgZvwU/s1600/ALEGRIA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1342" data-original-width="928" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRb1LuWIqasCuJYRtcyF-aQFGefTXXTxETWZGHo6Pl_bxC-mZcwivYfIYQP2qcPbtIBEH50bMOHvVYSC2mOqXGVrOBTRJX5MNhpdBndpi3y3qIiatf21oQZOZZrZK9JaGgZvwU/s320/ALEGRIA.jpg" width="221" /></a></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="color: #4c1130;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #4c1130; font-size: large;">“<i>Alegria</i>”
é o terceiro livro do poeta Ayrton Bento Mafra. Antes, havia publicado “<i>Amor em Evidência</i>”, 2009 e “<i>Reflexões</i>”, 2015. Nos três livros desse
extraordinário poeta catarinense, que surge sem alarde, sem grandes
anunciações, sem uma conhecida editora a lhe apresentar ao mundo literário e à
crítica especializada, estão reunidos mais de mil poemas, em forma de sonetos e
sextilhas, todos dentro dos rígidos padrões da arte poética. Ayrton não se
esqueceu de contemplar, em “A<i>legria”</i>,
o poema moderno. Seu texto modernista não é radical, não desrespeita os ditames
gramaticais nem se transforma em enigmas indecifráveis. Volta-se para o
cotidiano, com um vocabulário sem nenhuma pompa, num aproveitamento poético da
linguagem espontânea, construindo versos livres de rimas, com estrofações, as mais
variadas possíveis. Todas essas publicações, que vieram a lume, foram
preparadas por pessoas de seu convívio diário, seus parentes mais próximos,
filhos e, principalmente, sua esposa. Assim sendo, senti-me extremamente horado
ao receber o convite para preparar uma introdução a esse seu terceiro livro, “<i>Alegria</i>”, que, realmente, é um hino ao
amor e ao próximo, pois o título contagia.... Seus familiares e amigos mais
chegados, sensíveis ao formidável impacto estético que os seus versos lhes
proporcionaram, foram os editores dessa terceira publicação. Eles não só
permitiram que a pródiga e agradabilíssima produção poética de Ayrton Mafra
fosse apreciada publicamente, como ofereceram à crítica literária especializada
um magnífico material, para o surgimento de significativas análises e microanálises
literárias, que, certamente, colocarão o nome de Ayrton Mafra ao lado dos mais
significativos poetas brasileiros. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #4c1130; font-size: large;">Como é sabido, toda e qualquer obra
de arte está sempre centrada na ótica do receptor e, por conseguinte, somente
quando o atingir, como destinatário final, estarão as mensagens poéticas, no
caso os poemas de Ayrton Mafra, poeta catarinense da pequena, mas próspera e
bucólica Ilhota, prontas para os mais significativos e diferentes estudos críticos
especializados. Então, chegou o momento. Três livros já estão à disposição do
leitor sensível ao belo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #4c1130; font-size: large;">Não pretendemos, aqui e agora, desenvolver
uma teoria sobre o retorno do metro clássico na poesia moderna, mas e somente
iniciar um movimento para chamar a atenção dos estudiosos a respeito de uma
grande voz poética que trabalha, sim, o verso clássico com o rigor que lhe é
exigido, e que não o aprisiona nas amarras parnasianas, mas o torna
deliciosamente agradável aos ouvidos, suavizando o ritmo alucinado das cesuras
métricas, com um conteúdo variadíssimo de temas que levam-nos a refletir sobre
a vida e o comezinho do dia-a-dia, deixando-nos envolver pela harmonia rítmica,
compassadamente estruturada na singela beleza de suas rimas. Assim essa voz
poética, uma das mais significativas desse pós-modernismo sincrético, lega-nos,
com a publicação desses seus três volumosos e preciosos livros, um texto
poético denso, sem excessos e obediente às mais rígidas estruturas da arte
poética. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #4c1130;">O terceiro livro de Ayrton Mafra, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Alegria</i>”, apresenta três tipos de
poemas: o soneto, a sextilha e o poema livre na concepção modernista. Nesse
novo livro, o poeta continua privilegiando o amor e a natureza, como os grandes
temas centrais de sua obra. Portanto, o Leitmotif, responsável pelo
desenvolvimento de seu eu-lírico, muitas vezes intimista, leva-o a ver e a
sentir, de maneira peculiar, o mundo que o cerca, através de ritmos
expressivos, mas vigorosos, tanto nos sonetos como nas sextilhas. O livro inicia
com o soneto que dá nome à obra, numa ode à vida. É uma homenagem à poesia, que
sustenta alegremente seu viver. Para o poeta, a poesia é um bálsamo ao seu sofrimento,
que se apresenta latente, nunca manifesto, e que surge, muitas vezes, por
antíteses, implícito, aqui, no último verso do primeiro quarteto, onde
vocábulos fonéticos, por exemplo, significativamente representativos da vida
como alegria, que suplanta tudo, surgem (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">bota</i>
– <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pra cima</i> – <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sustenta – vida - alimenta</i>): “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">que
me bota pra cima, me sustenta</i>”, e nos dois últimos versos do segundo
quarteto:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ainda me dá vida, me alimenta,</i> / <i style="mso-bidi-font-style: normal;">levanta o meu astral dia após dia</i>”. Estruturalmente, neste soneto,
composto todo por versos decassílabos heroicos, com o esquema de rimas abba –
baab – ccb – ddb – , as duas quadras são a proposição temática e os dois
tercetos a conclusão, chegando-se, ao décimo quarto, o último verso, à chave de
ouro do soneto, uma perfeita e completa semantização da proposta inicial. </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">ALEGRIA<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bem viva, mais e mais se implementa<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">em mim, duma maneira luzidia,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">essa coisa chamada de alegria<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">que me bota pra cima, me sustenta.<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">Constantemente, em minha companhia,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">é ela quem, à flor dos meus setenta,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">ainda me dá vida, me alimenta,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">levanta o meu astral dia após dia.<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">Eu sinto, de maneira enorme, imensa,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">que ela simplesmente é a presença,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">presença que, demais, se evidencia<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">bonita, importantíssima, constante,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">preciosa como a gema do brilhante,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000;">brilhante como a luz da poesia</span></span></i><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000;">”.</span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="color: #4c1130;">Não é nossa intenção realizar, com o
presente comentário, uma análise estilística desse novo livro de Ayrton Mafra,
nem de alguns de seus poemas, isoladamente, mas pretendemos, isto sim, tentar
mostrar o valor intrínseco de suas produções, pinçando do conjunto dessa
significativa obra poética, que agora o leitor tem em mãos, alguns dos mais
interessantes e significativos artifícios técnicos de que o poeta lança mão,
para construir seu texto lírico. Tentaremos, simplesmente, ressaltar em seus sonetos,
sextilhas e demais poemas, aquilo que, a nosso juízo, é o condutor de seu
lirismo, o amor à vida, fator de transfiguração de uma realidade só sua,
íntima, mas que, ao mesmo tempo, é plural, pois tudo que sensibiliza o poeta é
fruto de observações no ambiente circundante, onde pessoas interagem. Assim, o
poeta se transporta para o outro, com o qual está comprometido socialmente. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #4c1130; font-size: large;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Formalmente, para materializar suas
pretensões poéticas, Ayrton recorre a inúmeras formas de criação, sendo o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">enjambement</i> uma delas em especial e com a
qual trabalha magistralmente. Essa partição da frase de um verso, sem respeitar
as fronteiras claras do sintagma, colocando um termo do sintagma no verso
anterior e o restante no verso seguinte, impulsiona o ritmo da leitura e cria o
efeito de coesão, união, muitas vezes, do fundo à forma [ó]. O poema ALEGRIA
apresenta esse artifício no primeiro verso. Observem: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Bem viva, mais e mais <u>se implementa </u>/ <u>em mim</u>, duma
maneira luzidia...</i>” O enjambement se apresenta às centenas, em toda a obra,
cada um com suas interpretações subjetivas, mas consistentes, criando formas
expressivas, que vão dar ao conjunto mais beleza e nos causa encantamento, personificando
um ritmo próprio. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #4c1130; font-size: large;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Outro artifício muito empregado pelo
poeta de “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Alegria</i>” é a maneira de
construir as frases. Muitas vezes o poeta desloca termos de uma oração, ou
orações de um período. Esses deslocamentos, ou hipérbatos, oferecem ao contexto
a possibilidade de outras interpretações, ou melhor dizendo, fazem com que haja
a possibilidade de se ler o latente, aquilo que está escondido no pensamento do
poeta e que uma simples inversão sintática demonstra manifestamente. Assim, no
soneto A ARTE VERDADEIRA, pode-se ler: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">a
mente ser, dos versos, a rendeira</i>” (ser a mente a rendeira dos versos). <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Aliás, esse hipérbato é combinado, muitas
vezes com um outro artifício, um cruzamento morfológico. Esse artifício, ou
figura de construção, também muito usado por Ayrton, se chama quiasmo, uma maneira
bimembre de construir períodos, em que os elementos mórficos se cruzam em “X”,
realçando sonora e semanticamente as frases do período envolvidas. Observem,
ainda no mesmo soneto: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O que me </i><i style="mso-bidi-font-style: normal;">encanta mesmo é, certamente,</i> / <i style="mso-bidi-font-style: normal;">os
versos feitos renda pela <u>mente</u>;</i> / <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a <u>mente</u> ser, dos versos, a rendeira</i>” (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">mente</i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>X<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">mente</i>).
No soneto A OBRA FICA, o quiasmo se apresenta no primeiro terceto e pelo
cruzamento dos significantes morfológicos a ideia desenvolvida cresce e se presentifica
com toda a sua força significativa. Observem: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sim, deixa quando morre, na verdade</i>, / <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>beleza rica de eternidade</u>;</i> / <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><u>eternidade, de beleza rica</u></i>”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas é no soneto <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que transcrevemos, em seguida, que o
poeta, mais sensivelmente se utiliza do quiasmo e, ao mesmo tempo, mistura
inúmeros movimentos rítmicos sinuosos, verdadeiras ondas de plurissignificações
cognatas, com vocábulos que estendem e distendem suas sílabas, em expressivas
sinéreses e diéreses, observadas nas rimas das duas quadras deste belo poema,
construindo, com isso, os precisos decassílabos com suas cesuras heroicas.
Observemos: <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="color: #4c1130; font-size: large;"> </span></o:p></span><i style="text-align: center;"><span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">CONVIVENDO <o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">Aqui, neste convívio harmonioso, <o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">na nossa relação homem/mulher,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">eu vejo quanto és um ser precioso,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">eu vejo quanto sou um ser qualquer.<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">Afirmo, sob um tom bem ruidoso,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">com toda a nitidez que se requer:<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">Tu és um ser humano grandioso<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">e eu nem sombra tua sou sequer.<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">No nosso conviver humano é quando<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">me sinto mais e mais te contemplando,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">me sinto mais e mais um contemplado.<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">No nosso conviver interessante,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">te vejo muito mais apaixonante,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #990000;">me vejo muito mais apaixonado.</span><o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #4c1130;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">Em todos os poemas
encontramos inúmeros artifícios, tanto na construção sintática, quanto na forma
de elaborar o pensamento. São </span></span><span style="font-size: large;">enjambements, hipérbatos, anáforas, quiasmos,
hipálages, antítese, um enorme número de fenômenos da estilística, muitas vezes
num só poema, como exemplifica o soneto AMARRANDO O SOL, numa temática
mitológica grandiloquente, falando sobre os povos incas da América do Sul.
Hipérbatos, anáfora e enjambement surgem neste, podemos dizer, um dos mais bem
elaborados sonetos, quanto à morfologia e estrutura sintática empregadas, com
inúmeras e nítidas características parnasianas, onde o Sol corresponde ao
Prazer, sendo o quarto verso o único decassílabo sáfico, construindo o próprio
ritmo do alegre milagre da vida. Transcrevo-o para o leitor visualizar estas observações:</span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">AMARRANDO O SOL<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;"><br /></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">Tal como os incas, numa grande lida,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">em mim, em meu espírito, em meu ser,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">quero amarrar o sol... O do prazer,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">o da alegria de curtir a vida.<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">Pra que, ficando, em mim, possa
manter<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">do espírito, na pedra esculpida,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">bem preso, amarrado e sem saída,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">o sol da alegria de viver.<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">O povo inca, gente culta e brava,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">ter o sol amarrado, mais buscava,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">prendê-lo sobre a pedra, mais queria.<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">Eu, como os incas, numa ação ousada,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000; font-size: large;">do espírito, na pedra entalhada,<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #990000;">quero amarrar o sol... O da alegria!</span></span></i><span style="line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #741b47; font-size: large;">Quanto
aos tipos de poemas utilizados, como já dissemos, predomina o soneto clássico, em
versos decassílabos, predominando os heroicos, e alguns estruturados em versos
alexandrinos, clássicos e modernos, com uma variedade enorme de esquema de
rimas, predominando, no geral, o esquema de estrofes: <i>abba<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>baab<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ccd<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>eed</i> . <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #741b47; font-size: large;">As
sextilhas são compostas por versos alexandrinos clássicos, perfeitos, com o seu
quebrado de 6 sílabas, muitas vezes um hemistíquio, num esquema de rimas
aabccb, variando as palavras rimadas nas sucessivas estrofes de cada poema.
Variam, também, o número de sextilhas em cada poema apresentado.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #741b47; font-size: large;">Os
versos livres, em poemas modernos, são soltos, desestruturados, mas com o mesmo
vigor significativo do poetar nas estruturas clássicas e tradicionais.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #741b47; font-size: large;">O
condutor lírico de sua imagética continua sendo o amor à mulher amada, o amor à
vida e o amor a tudo que o empolga. Raramente, e só por antítese, o poeta
estrutura seus versos fora dessa linha, condutora do eu-lírico, que desenvolve
seu universo intimista e sofisticadamente singelo. Exemplo disso, podemos
encontrar no soneto A RAIVA, quando o poeta em tom discursivo, atropelando a
sintaxe métrica, em expressivo enjambement, traz o amor à cena, por oposição, por
antítese, portanto, estando o título, apenas, ressaltando o contrário. Com esse
ardil estilístico, o poeta exorcizará o mal na chave de ouro do soneto: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">não se deve ter raiva de ninguém</i>”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #741b47; font-size: large;">Já
havia dito, analisando estilisticamente o seu soneto, IPÊ-AMARELO, de seu primeiro
livro, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Amor em Evidência”</i>, que as
diversificadas estruturas métricas, em seus sonetos, lembram os ritmos, em
quiasmo, do autor paraibano de EU E OUTRAS POESIAS, longe das metáforas e das
comparações encontradas nos versos de IDEALISMO, poema mórbido de Augusto dos Anjos.
Todos os sonetos de Ayrton Mafra são, com raríssimas exceções, em versos
decassílabos heroicos, o metro das epopeias, o metro das grandes emoções. Contudo,
é com essa força rítmica, com seus quiasmos e suas inversões sintáticas, que Ayrton
Mafra irá exaltar o amor e a mulher amada, pois em sua obra poética não existe
o amor falso das hetairas, dos sibaritas, das Messalinas e de Sardanapalo... <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #741b47; font-size: large;">Ayrton
exalta o amor sem o padecimento da dúvida, da rejeição, da amargura,
afastando-se do drama barroco do sofrimento, do mal do amor do século XVI, que,
negado, ou impossível de ser alcançado, levava os poetas ao desencanto e ao
definhamento. Sua poesia é um canto de louvor à felicidade, que invade seu ser
e o eu-lírico explode em manifestações rítmicas de todos os tipos,
utilizando-se de inúmeros recursos poéticos constantemente nos versos de Arte Maior.
E serão, justamente esses hipérbatos, enjambements, condicionantes metafóricos
líricos que alongarão a amplitude de suas manifestações românticas. Ayrton
Mafra é um poeta romântico pelo sensualismo velado que se manifesta timidamente
em sua poesia (AMOR QUER ATITUDES); por seu vocabulário simples ao declarar-se
à mulher amada, expressando toda sua felicidade em amar, exemplificado no último
terceto do soneto AMO-TE MAIS isso exemplifica: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Te amo e vou dizer, feliz da vida</i>, / <i style="mso-bidi-font-style: normal;">que, agora, meu amor, minha querida,</i> / <i style="mso-bidi-font-style: normal;">te amo muito mais do que te amei</i>”. Seus versos explicitam o
romantismo através de inúmeras metáforas ligadas à natureza como fonte da
beleza, recheadas de sinestesias, metáforas evocativas, sempre dignificando a
figura da mulher ideal, personificada em sua amada esposa (APAIXONADO – AS
FLORES). Seus versos cantam como um singelo menestrel e registram formas expressivas
que bem poderiam integrar o patrimônio imaterial de um novo lirismo poético,
considerado o amor como lenimento, embora “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ainda
como um fogo muito forte;</i> / <i style="mso-bidi-font-style: normal;">agora,
bem mais forte e bem mais vivo!</i> ” (AGORA, MUITO MAIS) e não como um amor contraditório,
enquanto sofrimento. A poesia é sublime por parecer impenetrável, pois é só
observar o que dissera sobre o amor o nosso poeta maior: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um
contentamento descontente; É dor que desatina sem doer</i>” (Luís de
Camões).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #741b47; font-size: large;">Assim,
o tema do amor, combinado com a alegria e o prazer, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é uma constante na obra de Ayrton Bento Mafra,
bem como a religiosidade, o pagão versus o profano, o carnal, a mistura de
todas as tendência hedonistas, porque somos humanos, porque temos alma, porque
é a alma que nos diferencia dos demais animais e nos coloca em outro plano
simbólico... Todos esses assuntos perpassam seus poemas, muitos também
dedicados a familiares, a pequenas coisas e lembranças, a figuras históricas,
enfim, a tudo que o poeta vê e sente, por mais abstrato que seja, observando
sempre e reagindo ao mundo, com a força das informações adquiridas,
responsáveis pela formação de seu repertório. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #741b47; font-size: large;">Pode-se
dizer, ainda, que em “A<i style="mso-bidi-font-style: normal;">legria</i>”, encontramos
muitos poemas que se apresentam como verdadeiros cromos visuais, numa
sinestesia transformadora, que dá às suas composições a qualidade necessária,
para que as mesmas se coloquem entre as mais significativas formas de versos de
Arte Maior de nossa literatura. A obra poética de Ayrton Mafra é magnífica e
imensa. Ela está muito além das amarras e dos carimbos declaratórios dos
estilos de Época, porque é universal, enquanto expressão do mais profundo
sentimento humano: o amor. Se é parnasiana, quanto à forma, ou se é romântica
quanto ao fundo, o fato é que Fundo e Forma se adequam, num frenesi rítmico,
estrutural e conceitual, a ponto de nos comover, envolvendo-nos, com sua
fantástica técnica de nos apresentar o belo e tudo aquilo de que não somos
capazes de transfigurar. Só ao poeta é dado o direito de transgressão. Da
transgressão que cria, que produz novas formas, formas expressivas com novos
significados. O poeta diz o não-dito e aceitar essa nova concepção da sua realidade
é aceitar o poeta em toda a sua magicidade. Ler suas criações é se resignar a
contemplar silenciosamente a expressão do belo, extasiando-se diante da beleza,
que nos envolve emocionalmente. Sua poesia está à espera de um estudo crítico
isento de pruridos estéticos e preconceituosos. Que se apresentem os mais
eruditos da crítica pura!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #741b47; font-size: large;">Para
analisar uma obra tão densa quanto extensa, além de se exigir do crítico
literário engenho e arte, precisa-se definir o seu lugar de nascimento, que
parece não ser aqui e agora. Nesse momento resignemo-nos somente em nos
deleitarmos com esses magníficos versos de meu amigo Ayrton Mafra, um poeta
perfeito, um ser humano excepcional. Foi, portanto, com imenso prazer que li e
tentei preparar o caminho para que a sua obra seja estudada por especialistas,
pois se trata de um dos mais significativos poetas da região do Vale do Itajaí
que, com seus versos em ritmo clássico, surpreende nosso espírito e nos
acalanta com a doce e fabulosa “A<i style="mso-bidi-font-style: normal;">legria”</i>
desse seu terceiro livro de poemas que, como ele mesmo disse, ao fim do
primeiro soneto, é “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">preciosa como a gema
do brilhante</i> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>/<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">brilhante
como a luz da poesia</i>”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="color: #741b47; font-size: large;"><br /></span></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="color: #741b47; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA</span></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 53.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-9944543863722769722019-05-08T13:46:00.001-03:002019-05-08T13:46:09.243-03:00MISTÉRIOS<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">- MISTÉRIOS -<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGts5yZeYVOVjeKqbkuUiAZyr8xaxs9YXpMDdhH5RV5GkDP1CnK__m_omYPv5PfM9lVTjn_qoWXHDRhaHvvLC474jQb7j8tlrEg744BBlWiB_1gAGpCKie5iBKYLpZxJUtl421/s1600/20181229_181536.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGts5yZeYVOVjeKqbkuUiAZyr8xaxs9YXpMDdhH5RV5GkDP1CnK__m_omYPv5PfM9lVTjn_qoWXHDRhaHvvLC474jQb7j8tlrEg744BBlWiB_1gAGpCKie5iBKYLpZxJUtl421/s400/20181229_181536.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Realmente
existimos porque nossas vidas dependem de companhias. Não se pode entender o
homem isolado, em solidão. Somos uma espécie social e dependemos do outro. Só
por ficção e na ficção, o homem vive isolado. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Não
vou contrariar, agora, os mais significativos doutores das ciências sociais e
muitos entusiasmados psicólogos das mais avançadas linhas francesas, de viés
psicanalítico, pois deixei os grandes centros em que atuava no meio de
verdadeiras multidões, vivendo em ambientes repletos das mais instigantes e
significativas figuras, que pretensamente interagiam comigo, para vir para o
campo, para juntar-me aos cantos dos pássaros e aos mugidos do bom gado gordo, que
pasta nas relvas dos campos. Mas sinto-me, hoje, como já me sentia outrora,
solitário, muitas vezes. Aposentado, escolhi a paz da cidade do interior,
rodeada de fazendas, com suas imensas voçorocas dentro de íngremes terrenos,
transformados em pastos de poucos bois e muitos cupinzeiros. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Mas
faz parte da vida envelhecer. Não um envelhecer sem propósitos, como estação
terminal de uma breve viagem, mas um envelhecer com um significado robusto que
justifique a alegria de se sentir útil, nem que seja para se lamentar em
missivas tristes, às vezes indecifráveis, sem estilo e, possivelmente, até sem
destinatário. O importante é conviver, interagindo com o próximo de qualquer
forma, pois a solidão é amedrontadora e poucos sabem como lidar com ela.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Às
vezes sozinho, nessas regiões isoladas, ela – a solidão – <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>me inspira e me faz pensar que sou mais forte
do que realmente o outro pensa que não sou. Ficar livre da mesquinhez do meu
vizinho não é uma boa? Não ser prejulgado por cabecinhas ridículas e
presunçosas não é uma dádiva? Para me aliviar das confusões mentais que
embaralham as muitas reflexões que faço, quando pretendo criar um texto mais
requintado, escrever um poema, ou simplesmente fazer um rol das necessidades
comezinhas para as compras da venda, refugio-me sempre em meu quarto de
leitura. Lá produzo com satisfação, sozinho, boca calada e pensamento falante.
É a solidão produtiva e benfazeja.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Mas
há outra, mais amedrontadora, até doentia. Fujamos dessa. A vida exige
multiplicidades de atitudes e clama por muitos outros tipos de alegria e
êxtase. Realmente não somos uma ilha. Temos um compromisso atávico com a
multiplicidade de acontecimentos que nos fazem pessoas sociais. Vivendo,
aprendi a afastar todo o tormento que nos isola e que nos aprisiona. Mas aprendi,
por outro lado, a viver a talvez gostosa dualidade barroca, que projeta a
alegria de viver em grupo de equivalentes e recrimina o pluralismo,
restringindo a aglomeração, tudo, muitas vezes, por pura incompreensão dos
fatos, ou por se estar limitado a adquirir repertórios mais sofisticados. Mesmo
agora um tanto isolado, procuro sempre alguém para confirmar se estou vivo
mesmo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Mas
a vida de quem já muito viveu é mesmo misteriosa, quando criadora de situações
dicotômicas. Para que ela seja digna tem de ser entendida e respeitada pelo
outro. Todos nós temos de saber conviver com esse burburinho especial que
alucina, porque encanta, mas que também mata, porque deprime. Saber viver
nesses limites é um mistério e é para poucos. Devemos nos preparar para vivermos
em grandes grupos e também em regiões de pouca densidade demográfica. É bom
experimentar tudo, sem esquecer que a vida exige e reclama por atenção. Mas em
todas as situações, todos nós gostamos de ser úteis. “Só o homem valoriza a utilidade!
”. Li isso num jornalzinho que circulava num asilo para idosos, ao visitar um
parente de meu pai que lá só ficava sentado...<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>e nunca mais esqueci.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os
mistérios da vida não foram explicados nas escolas regulares, por onde todos
nós passamos, quando estudamos os mercantilismos; os socialismos; os
positivismos; os estruturalismos; os revisionismos e todos os demais ISMOS
possíveis e imaginários de nossa alucinada cultura clássica, enquanto ciência.
Esses mistérios, os mistérios da vida, pertencem a um outro sistema simbólico,
não se iludam! <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Numa
tarde nevoenta de oração, na igrejinha da cidade interiorana em que agora vivo,
lembrei-me da visita que fiz, há muitos anos, à românica ou muito mais antiga
Catedral da Sé, em Braga. Lá, depois de percorrer os silenciosos corredores de pedras
escuras, com artes de todas as épocas, penduradas nas paredes descascadas, perguntei
ao solitário guia como os corpos de dois bispos do século XVII, lá enterrados,
estavam ainda intactos. Aquele cansado funcionário, já idoso, de aparência
frágil, com rugas profundas em seu rosto macilento e triste, que morava só, num
pequeno cômodo, anexo à catedral, depois de duas horas rodopiando comigo por
púlpitos e pedras, repetindo mecanicamente todas aquelas estórias escritas nas
etiquetas coladas às vitrines dos suntuosos monumentos do interior sagrado daquele
templo bracarense, respondeu-me, sentindo-se útil, pela única vez em que eu o
solicitei, que aquilo representava um mistério de Deus. E transformando-se, agora
alegre e feliz, gritava contente, cumprindo sua missão de guia: - “Mistérios de
Deus. Mistérios de Deus! ” <o:p></o:p></span></span></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-899657318141638252018-12-21T13:45:00.001-02:002018-12-21T14:30:35.581-02:00UMA CASA AMARELA QUE PARECIA MAL-ASSOMBRADA<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeQwL_nD3Kd8aFFI17bfkGY2DHJIjJZozLLJ8DMqfVOGec88AH3ngqXvHeCS_BA_qltClpLqRoomHPd75LbqBlg8ENVNSwOAJpzHuPXbCHMtMe88qSC_Hb98XBLWBuAILAIKAU/s1600/LIVRO+DA+ALICE+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1245" data-original-width="1248" height="199" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeQwL_nD3Kd8aFFI17bfkGY2DHJIjJZozLLJ8DMqfVOGec88AH3ngqXvHeCS_BA_qltClpLqRoomHPd75LbqBlg8ENVNSwOAJpzHuPXbCHMtMe88qSC_Hb98XBLWBuAILAIKAU/s200/LIVRO+DA+ALICE+2.jpg" width="200" /></a><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWUBy9Oi0VufF80XruBinrSM2qlF3iNz1-pfXwoUZFyb47khteK6hyQ-S8ElWorjG_AGw0XypLmpa4Tx_Se75-59kmhQE6ihQY9jZPhcW0eqQ_aMURzMpFKEiycxFdUzFx8aOg/s1600/LIVRO+ALICE+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1245" data-original-width="1184" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWUBy9Oi0VufF80XruBinrSM2qlF3iNz1-pfXwoUZFyb47khteK6hyQ-S8ElWorjG_AGw0XypLmpa4Tx_Se75-59kmhQE6ihQY9jZPhcW0eqQ_aMURzMpFKEiycxFdUzFx8aOg/s200/LIVRO+ALICE+1.jpg" width="190" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">Imaginem uma menina de 10 anos
publicando um livro para outras crianças também de 10 anos. Que coisa
maravilhosa! Agora, imaginem que essa criança de 10 anos tem um avô que comenta
os livros que muita gente escreve e também publica livros para gente grande, de
todas as idades, inclusive para crianças de 10 anos. Pois é! Acabo de receber um presentão de Natal:
o livrinho de minha neta, Alice Queiroga Feijó, chamado A CASA MAL-ASSOMBRADA.
Foi muita emoção, pois não moramos na mesma cidade e não acompanho, portanto, o
dia-a-dia dessa encantadora criança, já com lançamento de livro marcado para muito breve,
numa noite de autógrafos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">Mas minha netinha não me engana, não!
Lendo sua obra, A CASA MAL-ASSOMBRADA, percebi que ela é de uma
criatividade espantosa, pois colocou na fantasia a realidade. Explico melhor,
porque sei que ela lerá esses comentários no Blog de seu avô, onde sempre
apresento críticas literárias e variadíssimos tipos de textos, às vezes até
poesias... Alice e seus pais, Ana e Luiz, meu filho, moram hoje, numa linda casa toda
pintadinha de amarelo, que ficou por longo tempo abandonada, numa rua muito movimentada
e conhecida, num bonito bairro da cidade do Rio de janeiro. Ela sempre ouvia seus
pais dizerem que, um dia, toda a família ainda ira morar naquela casa. Mas a
casa estava muito feia, com a pintura toda descascada, precisando de uma boa
reforma. Parecia uma casa mal-assombrada, não é minha
queridinha Alice? É assim mesmo o processo da criação. A gente mistura tudo que
existe com o que gostaríamos que existisse, damos a nossa opinião, colocamos o
nosso tempero, que é a maneira de se contar a história, e criamos algo que vai
influenciar o ouvinte, no seu caso, agora, quem estiver lendo o seu livro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">Queridinha, fiquei muito contente,
feliz e orgulhoso com o que você escreveu no seu primeiro livrinho, pois você
seguiu direitinho a receita para agradar o leitor. Você situou a casa, falou
sobre ela e preparou um plano para desvendar um mistério. Pronto, Alice! A história
ficou maravilhosa! Meus parabéns!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">Viu, queridinha, como o vovô sabe
tudo! <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA<o:p></o:p></span></span></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-73956171576759437332018-10-31T16:46:00.000-03:002018-11-01T17:51:16.237-03:00COMO UMA PESQUISA ARQUEOLÓGICA, MAS LITERÁRIA TAMBÉM<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6yr4ITz0NqjxXoW7_FC9j10XAMdBquKe6WtiPy1_ks6WNVVIZrYQeCAC5y1fCh3LF64PyKaT4IKhnArkV2NQQo_Trjrh5mU-OrDYbaGVtcOhiwhtK_FMtmEv02HR2-NU9pwXf/s1600/LIVRO+DO+JOAQUIM+JOS%25C3%2589.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1312" data-original-width="928" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6yr4ITz0NqjxXoW7_FC9j10XAMdBquKe6WtiPy1_ks6WNVVIZrYQeCAC5y1fCh3LF64PyKaT4IKhnArkV2NQQo_Trjrh5mU-OrDYbaGVtcOhiwhtK_FMtmEv02HR2-NU9pwXf/s320/LIVRO+DO+JOAQUIM+JOS%25C3%2589.jpg" width="226" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"> <o:p></o:p></span></span><span style="font-size: large;">O PROGRESSO DA FOZ, grupo cultural, desde 1978, acaba de publicar a
obra CANTAREIRA 61, A Casa de Raul Brandão, de autoria de Joaquim Pinto da
Silva. Trata-se de uma pesquisa com lastro em farta documentação iconográfica,
excertos cartoriais, como escrituras e registros de imóveis, plantas
arquitetônicas de construções, as mais variadas possíveis, retidas às
prefeituras do entorno da cidade do Porto, além de textos das obras notáveis de
Raul Brandão, entre elas “<i>Os Pescadores</i>”
e os contos de “<i>História do Batel Vae com
Deus e da sua Companha</i>”. A importância de onde nasceu e cresceu um escritor
existe, na razão direta em que a sociedade da época, com todas as suas
dimensões, físicas e imateriais, por exemplo, seja retratada na obra, com
alusões aos acontecimentos relevantes surgidos naqueles espaços circundantes,
que um dia pertenceram à vida pujante de indivíduos simples como nós, que lá
desempenharam seus papéis de personagens importantes, mas desprovidos de
historicidade. Enfim, serve, para, como disse o autor do livro, CANTAREIRA 61,
que o leitor tem agora a possibilidade de folhear: “<i>para encontramos elementos de índole social e local que nos ajudam a
construir uma história, uma paisagem da sociedade urbana de seu tempo</i>”.
Raul Brandão foi um escritor português, que viveu nos séculos XIX e XX, famoso
pelo realismo das suas descrições e pelo lirismo da linguagem retratando a vida
simples do entorno da Foz do Rio Douro, encontrando o mar. Escreveu, entre outras obras, <i>Humus</i>, <i>Os pobres</i>, <i>Memórias</i> (2
volumes), <i>Impressões e Paisagens</i>,
sendo que seu principal livro é, incontestavelmente, <i>Os pescadores</i>. História do Batel Vae com Deus e da sua Companha,
são escritos que, mais tarde deram origem à obra maior, <i>Os pescadores</i>. A tese de Joaquim Pinto da Silva é de que Raul
Brandão não nasceu e viveu a maior parte de sua vida no local onde
tradicionalmente lhe atribuem. Para tal, debruçou-se sobre o farto material
descrito acima e como um arqueólogo debruçou-se sobre os caminhos da Cantareira,
removendo as camadas do tempo e escreveu sua tese. Vale a pena conferir. Pelos textos
citados na pesquisa, o leitor pode tomar conhecimento da força da escrituração
de Raul Brandão. O trabalho de Joaquim Pinto da Silva traz esses textos à cena,
oferecendo-nos a possibilidade de sentir a força poética de seu texto,
descrevendo a vida, os costumes e as atividades dos pescadores, daquela época,
numa sociedade dependente da pujança do mar que invade a foz do Douro: “<i>Um dia lança-se a nossa catraia ao mar. Os
calafates, com estopa embreada, tomam-lhe as juntas de pinheiro por pintar.
Alguns homens dão-lhe uma mão de piche, e um desenha-lhe nas tábuas do costado:
Senhora dos Navegantes. Chega da Póvoa o Manuel Serrão, homem de poucas falas e
calças de lona branca, e talha-lhe a vela estendida na areia. Corta-se o mastro
do pinheiral do Lage. O senhor abade – toca o sino – asperge-a de água benta, e
a companha, com os barretes na mão e fatos de ver a Deus, espera o último latim
para a lançar sobre roletes ensebados pela lingueta abaixo</i>”. Sempre são
interessantíssimas suas observações sobre os conteúdos dos textos que
consubstanciam a longa e fundamentada pesquisa, porque Joaquim Pinto da Silva,
além de produtor cultural é professor de Língua e Literatura Portuguesa, aplicando
seus conhecimentos nesse trabalho de investigação, sustentado por procedimentos
inerentes à linguística textual. O autor mostra, assim, que domina, com
argúcia, técnica e sensibilidade a leitura crítica dos documentos, que estão a
provar o que sustenta e, ao mesmo tempo, encanta o leitor com um texto
irreparável, suave e gostoso de ler. É exemplificativo a nota “<i>António Luís</i>”, publicada em 15 de
setembro de 1902, de <i>O Século</i>,
Revista Literária Scientifica e Artistica, dirigida por Eduardo Schwalbach
Luci, apud, Vasco Rosa, in “<i>A Pedra ainda
Espera Das Flor, Dispersos</i>”, Quetzal, fevereirode 2013, pág. 293.
Transcrevemos todas essas informações para mostra como é seguro o trabalho de
Joaquim Pinto da Silva, nessa pesquisa que mistura inúmeras facetas de seu
plurifacetado repertório cultural. Esta investigação é técnica, mas suavizada
pela sensibilidade poética de seu autor que tira da referencialidade o seu
peso, suavizando-a com a languidez da prosa poética. Como dissemos, trata-se de
um trabalho importantíssimo esse, o de buscar o lugar verdadeiro onde nasceu,
viveu e circulou Raul Brandão. Só por isso estaria justificado tal hercúleo
trabalho de pesquisa. Mas há mais nessa empreitada. Há a exegese das múltiplas
investigações, pois as mesmas, como foi aqui mostrado, remetem o leitor para um
intertexto subjacente, diretamente relacionado à cultura, que pertence ao geral
do conhecimento humano. Trata-se, portanto, de um precioso trabalho, realizado
por Joaquim Pinto da Silva, uma espécie de escavação arqueológica do tipo
impactante, como a escavação de Schliemann, que desenterrou Troia pela leitura
homérica.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA<o:p></o:p></span></span></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-49289112838695472212018-10-17T10:53:00.003-03:002018-10-17T13:54:34.860-03:00A SOLIDÃO<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbLtRtEcEmZMAntrULsMfcbgfOKgT_zRtLm-uLoHHPS7Ca3CdQy0WBpnrufrIQQxpijFTk_Rfhf0AnieU1lIYkETKTcH6h8NeKzHviHXB9ES4DEBwxGHODIKTPDyRyjmoqyETY/s1600/Floripa+AGOSTO+2010+034.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbLtRtEcEmZMAntrULsMfcbgfOKgT_zRtLm-uLoHHPS7Ca3CdQy0WBpnrufrIQQxpijFTk_Rfhf0AnieU1lIYkETKTcH6h8NeKzHviHXB9ES4DEBwxGHODIKTPDyRyjmoqyETY/s400/Floripa+AGOSTO+2010+034.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">Somos
todos indivíduos que só existimos porque nossas vidas dependem de companhias.
Não se pode entender o homem isolado em sua amedrontadora solidão. Somos
sociais. Dependemos do outro. Só por ficção e na ficção, o homem vive isolado. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">Reflexões
sociológicas, antropológicas, psicológicas, psicanalíticas à parte,
contrariando todos os textos teóricos de Marx, Durkheim, Weber, Claude
Lévi-Strauss, Freud e Lacan, por mais que o meio em que vivo esteja repleto das
mais instigantes e significativas figuras, que pretensamente interagem comigo,
sinto-me, muitas vezes solitário.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">A
solidão é amedrontadora, mas sei conviver com ela. Ela, muitas vezes me inspira
e me faz pensar que sou mais forte do que realmente o outro pensa que não sou.
Ficar livre da mesquinhez do meu vizinho não é uma boa? Não ser prejulgado por
cabecinhas ridículas e presunçosas não é uma dádiva? Para me aliviar das
confusões mentais que embaralham as muitas reflexões que faço, quando pretendo
criar um texto mais requintado, escrever um poema, ou simplesmente fazer um rol
das necessidades comezinhas para as compras do supermercado, refugio-me sempre
no minúsculo e ridículo quartinho de leitura de meu reflexivo apartamento. Lá
produzo com satisfação, sozinho, boca calada e pensamento falante. É a solidão
produtiva e benfazeja.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">Mas a
vida exige multiplicidades de atitudes e clama por muitos outros tipos de
alegria e êxtase. Realmente não somos uma ilha. Temos um compromisso atávico
com a multiplicidade de acontecimentos que nos fazem pessoas sociais. Pessoas
comprometidas com, também, todos os sentimentos, os mais variados possíveis,
inerentes ao ser humano, que interage para ser, e reage à solidão. Então também
aprendi a afastar esse tormento que nos isola e que nos aprisiona. Aprendi a
viver nessa dualidade barroca, gostosa, que projeta a alegria de viver em grupo
e recrimina o pluralismo, restringindo a aglomeração, tudo, muitas vezes,
talvez, por pura incompreensão dos fatos ou por se estar limitado a adquirir
repertórios mais sofisticados.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">Mas a
vida é assim mesmo, misteriosa e incrivelmente criadora de situações
dicotômicas. Saber conviver com esse burburinho especial que alucina, porque
encanta (a alegria encanta, mesmo), mas que, também, deprime e mata (a solidão
é um terrível assassino), é para poucos. Esses mistérios não foram explicados
nas escolas regulares por onde todos nós passamos, quando estudamos os
mercantilismos; os socialismos; os positivismos; os estruturalismos; os
revisionismos e todos os demais ISMOS possíveis e imaginários de nossa
alucinada cultura clássica, enquanto ciência. Esses mistérios pertencem à
escola da vida. Pertencem a outro sistema simbólico.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">Um
dia, visitando a românica ou muito mais antiga Catedral da Sé, em Braga,
perguntei ao solitário guia como os corpos de dois bispos do século XVII, lá
enterrados, estavam ainda intactos. Aquele estranho funcionário, de aparência
frágil, com rugas profundas em seu rosto macilento e triste, que morava sem
família num pequeno cômodo, anexo à catedral, depois de duas horas rodopiando
por púlpitos e pedras, repetindo mecanicamente todas aquelas estórias escritas
nas etiquetas coladas às vitrines dos suntuosos monumentos do interior do
sagrado templo bracarense, respondeu-me que aqueles corpos intactos por mais de
duzentos anos representavam um mistério de Deus. E transformando-se, alegre e feliz,
quase que gritava: “Mistérios de Deus. Mistérios de Deus! ”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #783f04; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-6635338796782789182018-10-04T17:52:00.003-03:002018-10-05T16:33:30.234-03:00UMA FORMA GENÉRICA DE VERBO<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4zdDteBNzDCCoqmqb6sLciYx6UQv8NhGuknAbS1gTz4ydneNH4EcwXhCv2MloHWzIAQRZjp8v5iOTDGT-xszofAtBAqqpiFxcE__TtYvE191aEUsjKYNTwW7TYHhSPYKxNfqy/s1600/oktuberfest+18.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="194" data-original-width="259" height="299" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4zdDteBNzDCCoqmqb6sLciYx6UQv8NhGuknAbS1gTz4ydneNH4EcwXhCv2MloHWzIAQRZjp8v5iOTDGT-xszofAtBAqqpiFxcE__TtYvE191aEUsjKYNTwW7TYHhSPYKxNfqy/s400/oktuberfest+18.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">A 35ª Oktoberfest começou ontem, mas
a chuva impediu a realização do desfile que abre as festividades dessa que é a
maior festa da cerveja fora da Alemanha. Ela é realizada, aqui, em Blumenau, no
início do mês de outubro, do dia 3 ao dia 21. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">O plano B dos organizadores foi
executado dentro dos vastos salões do Parque Vila Germânica. Lá estavam os
principais meios de comunicação do Vale do Itajaí e uma repórter da NST,
afiliada da Rede Globo, em Santa Catarina, depois do desfile interno terminar, mas
ainda durante a festança animada, que iria varar a madrugada, perguntou a um
jovem como ele estava se sentindo. O rapaz entrevistado, de boa aparência,
fantasiado de “Fritz”, muito alegre e sorridente, respondeu:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">- A gente foi “surpreso” pela chuva.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Realmente, no horário do desfile de
abertura, lá pelas 17 horas, caiu um aguaceiro danado na cidade de Blumenau. Ninguém
esperava por isso, mesmo com algumas nuvens negras ainda no céu, depois mesmo
de alguns pinguinhos sem nenhuma pretensão.... Até um solzinho pálido havia
saído lá pelo meio da tarde, dando muita confiança aos patrocinadores de que
mais um belo desfile alegórico, tradicional na abertura dessa festividade, iria
acontecer. O povo esperava assistir a ele com muita sede e disposição para
entornar cerveja de graça, goela abaixo. Mas não foi isso o que aconteceu. Caiu
chuva para desanimar. Mas o plano B solucionou o problema e o desfile foi
transferido para dentro daqueles enormes salões. Lá, com a festa bombando, a
repórter fez a redundante pergunta ao nosso “Fritz” e obteve a tal esquisitíssima
resposta. É claro que todos os telespectadores entenderam o que foi dito pelo
rapaz, que não falou em alemão, não. Respondeu em nossa língua, mesmo. Ele quis
dizer que todos que estavam esperando pelo desfile foram surpreendidos pela
chuva intensa, que desabou naquela hora. Mas por que o rapaz disse “surpreso”,
em vez de <u>surpreendido</u>? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Bem, ainda tem uma coisinha antes de tentar
explicar isso. Ele usou o termo A GENTE, uma expressão composta por duas palavras
(a – gente), uma espécie de pronome pessoal, correspondente a “nós”, mas que se
refere à 3ª pessoa do discurso. Então, esse pronome pessoal A GENTE leva o
verbo para a 3ª pessoa, no caso, singular. Assim: A gente foi “surpreso”.......
E ainda se incluiu na concordância, pois disse “foi surpreso”, usando a forma no
masculino, utilizando-se, ainda, da voz passiva... Agora vamos para o
“surpreso”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Nós pensamos rápido. As palavras que
vão vestir nossos pensamentos, materializando-os com bonitas letras e seus sutis
acentos, já estão prontinhas para entrar em cena. O Rapaz, ao responder à
repórter da Globo regional, já tinha pensado na chuvarada que atrapalhou o
desfile e nada foi mostrado ao público, como as formidáveis máquinas de servir Chopp, muito
criativas e engraçadas, que a cada ano aparecem modificadas e mais engraçadas.... Mas o rapaz tinha de colocar, também, as famigeradas palavras,
para dizer que ninguém esperava pelo temporal que desabou. Aí é que a porca
torceu o rabo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O cara sabia que a chuva
pegou todo mundo de surpresa. Sabia que todo mundo ficou triste com o fato de a
chuva ter prejudicado o desfile. Sabia, também, que foi uma surpresa geral para
todos.... Mas cadê as palavras? As danadas não saiam.... Onde elas estariam? A
surpresa é que dominava o pensamento do rapaz. O negócio foi a surpresa! Foi
uma grande surpresa essa chuva danada! Eu fiquei surpreso, pensou lá no fundo de sua cabeça, já
encharcada com as mais saborosas cervejas artesanais! É isso mesmo! Todos
ficaram surpresos. Mas eu sei que existe o verbo SURPREENDER, pensava o rapaz
vestido de alemão Fritz, já meio bêbado! Eu sei que o verbo é esse. Mas minha cabeça
não está funcionando bem! Como eu coloco esse verbo aí nessa minha frase? Meu
Deus! Socooooorrro! No entanto, naquela confusão mental, a palavra mais
significativa que representou tudo aquilo foi SURPRESA, sem dúvida alguma.
Então, simplesmente, ela se adaptou à forma verbal do verbo SURPREENDER. Não
saiu o FUI SURPREENDIDO, mas saiu o seu genérico: “fui surpreso”. Afinal, não
existem as formas PRESO ou PRENDIDO, de PRENDER e também SUSPENSO ou
SUSPENDIDO, de SUSPENDER? Por que não pode existir e ser usada a forma “surpreso”,
que me veio claramente à cabeça? Claro! Vou emprega-la. É ela mesma! E o rapaz,
vestido de “Fritz”, meio bêbado e bem-apessoado, soltou essa “pérola linguística“,
com um sorriso repleto do melhor lúpulo e da mais recatada e distinta cevada: -
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A gente foi “surpreso” pela chuva.</b> <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="color: #0c343d; font-size: large;"> ATÉ A PRÓXIMA</span></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-86198323551917457242018-08-30T22:45:00.002-03:002018-08-31T11:18:11.996-03:00O LIVRO SÓLIDO DE WENTH FILHO<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijquOP5GYMD43jJ8EhJvSypU-PEg91o5fATTkoTcGuQp-aRF5l_1sg7Dv6szRDYh8C4jwmLImUSaR9gbFI_nLYIIQkvI0KfllqJlU7S1WsR76YKJFw99rSGxGc1C89CIPAC9Oj/s1600/S%25C3%2593LIDO+1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1232" data-original-width="805" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijquOP5GYMD43jJ8EhJvSypU-PEg91o5fATTkoTcGuQp-aRF5l_1sg7Dv6szRDYh8C4jwmLImUSaR9gbFI_nLYIIQkvI0KfllqJlU7S1WsR76YKJFw99rSGxGc1C89CIPAC9Oj/s320/S%25C3%2593LIDO+1.jpg" width="209" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_MzJbg3v_3Ujg9Bfozg6pRBVhHGj8vX7Suwi3Ts_0fYnzbHWgy_rlhQYymK9wf3-R7Vblo7O4VUDQ2Hs3vCT3DWBsX8NDDfpvfq_3sQNYfvsYWupD2OTQNJyJi3xnl4YxPSs/s1600/S%25C3%2593LIDO2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #7f6000;"><img border="0" data-original-height="1232" data-original-width="820" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgi_MzJbg3v_3Ujg9Bfozg6pRBVhHGj8vX7Suwi3Ts_0fYnzbHWgy_rlhQYymK9wf3-R7Vblo7O4VUDQ2Hs3vCT3DWBsX8NDDfpvfq_3sQNYfvsYWupD2OTQNJyJi3xnl4YxPSs/s320/S%25C3%2593LIDO2.jpg" width="212" /></span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;">A poesia de <u>Ernesto Wenth Filho</u> enquadra-se no que se
convencionou chamar de produção poética contemporânea, que são os textos em
verso ou prosa poética, surgidos a partir de 1945. Seu último livro, lançado
recentemente em 2017, pela MJ Editorial, Balneário Camboriú, em 2017, traz no
título da “capa” e da “quarta de capa” o título do livro, é claro, mas
trata-se, também, de um poema. O poema-título SÓLIDO. Do que se trata? Trata-se do nome do livro que se consubstancia
como poema, cuja produção denuncia a manipulação da linguagem. Isso se dá pela
captação da sensibilidade poética que vai buscar na realidade do referencial
linguístico o significado cultural do termo SÓLIDO, assim: “<i>Que dificilmente se deixa destruir por uma força
externa; que tem fundamento real, seguro; digno de confiança, incontestável;
firme, sério, duradouro; resistente</i>”. E acrescentamos nós: todas as
constelações semânticas advindas desses significados primitivos, que vão se
multiplicar no “receptor-leitor” e em seu repertório. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;">A visão espelhada do esboço original da capa e a capa acabada
é uma viagem que o leitor faz, antes mesmo de folhear as primeiras páginas
desse último livro de Ernesto Wenth Filho. Essa forma original de produzir um
texto poético é, na verdade, uma forma de linguagem, pois seus significantes,
que adquirem significados motivados no real, fazem com que surja uma comparação
inconsciente, no entendimento do receptor dessas novas mensagens codificadas, incorporando-as
a seu repertório, a fim de ver nesse conjunto de signos, que é o texto
produzido, uma forma expressiva, com novos significados, portanto, uma forma
poética, com nova linguagem. Assim, passamos a caracterizar como poema, uma
forma de linguagem, e o texto em questão, o é, por tudo que foi considerado e
porque, acima de tudo, recria a linguagem articulada, recriando, com ela, uma
nova maneira de se ver um mundo transfigurado.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;">A linguagem poética de Ernesto Wenth Filho está projetada
para ser cantada em ritmos alucinantes da musicalidade muito próxima do ritmo
do rock (p. 38), pois a referencialidade soprepuja a conotatividade de seus
enunciados. Isso, contudo, não tira de cena a poesia contida em seus textos,
como exemplificam os versos dos pequenos poema de seus textos, visualmente
destacados entre sinais gráficos de grandes aspas. Aliás, funcionando dentro do
contexto de SÓLIDO como verdadeiros grafemas, pois colocam significativamente
em destaque uma outra forma de dizer o poético.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;">Sua linguagem mais referencial, portanto, convive, dividindo
espaço com a suavidade das formas adjetivadas, que são, realmente, em menor
número do que as substantivas, mas não desmerecendo o conjunto, que se sustenta
por vários outros predicados, inerentes ao processo de criação poética.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;">Assim, a poesia de Ernesto Wenth Filho, neste seu livro
SÓLIDO está relacionada com a descrição da realidade circundante e trabalha com
diversos tipos de textos, incluindo a prosa poética narrativa-reflexiva (p. 8,
58). <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;">Sua estrofação apresenta os seguintes segmentos: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">dístico</b>s: (p. 65); <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">tercetos</b> (p. 29, 74); <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">quadras</b>
(p. 14, 16, 38, 62, 72, 75); <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">quintilha</b>:
(p. 70); <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">estrofação</b> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">mista de quadras e sextilhas</b> (p. 6); <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">estrofação mista de tercetos, quadras e
dísticos</b> (p.10); <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">poemas de
estrofação mista bem variada</b> (p. 12, 18, 20, 22, 24, 26, 28, 30, 32, 34,
36, 40, 41, 43, 46, 48, 50, 52, 56, 64, 66, 68, 69, 71). Todos os seus poemas
se compõem de versos modernos, com e sem rimas, sem métrica, mas com certo
ritmo, nessas estruturas bem diversificadas de estrofes. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;">Finalmente, temos certeza que, futuramente, as obras poéticas
de Wenth Filho, nos brindarão, plenamente, com poemas sequenciais, seguindo aquela
linha inicial, quando inovou, desconstruindo o figurativo tradicional, em Só –
LIDO, para construir uma nova forma de se ver o mundo, transfigurado pelo
dialogismo da linguagem, com suas inúmeras possibilidades de leitura. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000;"><span style="font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-61055239858868124402018-08-23T21:09:00.000-03:002018-08-24T13:13:45.921-03:00UMA VIAGEM A UM JARDIM DE QUASE 100 ANOS<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7vAHDDhCZUKrJEUKpfaVaTgVnkGtk5JoJGGlBIk3H9hNRywc0acLeNRiajsY6NjTKCETCKclFYT61w7NhcXp5W1kBsdXRsgzjc7HrNVlRTdJGVCEayTjNqKHJKjplT2brtV3M/s1600/plantas-e-cuidados-jardim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="375" data-original-width="500" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7vAHDDhCZUKrJEUKpfaVaTgVnkGtk5JoJGGlBIk3H9hNRywc0acLeNRiajsY6NjTKCETCKclFYT61w7NhcXp5W1kBsdXRsgzjc7HrNVlRTdJGVCEayTjNqKHJKjplT2brtV3M/s400/plantas-e-cuidados-jardim.jpg" width="400" /></a></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Há, praticamente cem anos, Ribeiro Couto
escreveu alguns dos mais significativos poemas de sua lírica intimista,
nevoenta e com prenúncios modernistas. A publicação se
deu alguns anos depois. Refiro-me ao livro <i>O
Jardim das Confidências</i>, publicado por Monteiro L</span></span><span style="color: #274e13; font-size: large;">obato & Cia., São
Paulo, em 1921 e que teve uma tiragem de mil exemplares. Foi sua estreia como
poeta. Foram versos escritos entre a adolescência e a idade em que o rapaz está
pronto para amar, sem saber que todo o amor inclui o sofrimento, parodiando, romanticamente
o poeta português, Guerra Junqueiro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> A cena se estende pela cidade de São
Paulo nas primeiras décadas do século XX. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Uma cidade cheia de glamour e de barões do
café. Palacetes e jardins, dentro e fora das casas. A elegância dos transeuntes
e o charme dos primeiros automóveis importados pela Ford dão um toque de
aristocracia à pacata e quase bucólica capital do histórico Estado brasileiro. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">São Paulo, nessa época, era um espaço
repleto de novidades culturais e começava a despontar para o progresso: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">non ducor, duco</i>. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Em 1955, morei, durante um ano, na
capital paulista e ainda tive a oportunidade de ver uma cidade de raros
encantos em suas ruas, praças, avenidas e bairros residenciais com seus
floridos jardins. Encantei-me, muito antes de Caetano Veloso, com o cruzamento
das avenidas Ipiranga e São João, repleto de restaurantes - lembro-me do Restaurante
Leão – espargindo o guloso perfume de seus sanduíches e pizzas, misturado a um
cheiro diferente da gasolina, queimada pelos automóveis que passavam por aquelas
esquinas de deselegâncias, que tocariam, anos depois (1978), o coração do poeta
cantor. Sofri com a garoa fina e fria, quando caía nas imensas chácaras por
onde passava a pé e também de bonde, querendo ir para Santo Amaro. Meu coração
sentia - eu bem sei- a explosão de uma invisível emoção inconsciente de um EU
adolescente que se viu envolvido pela penumbra da serra, num contraste com o
mar do Rio de Janeiro, minha terra natal. Era a diferença entre o sol do Rio e
a chuvinha fina paulistana. Com Ribeiro Couto deve ter acontecido o mesmo. De
Santos do sol e do mar, do calor do Rio, onde se formou em Direito (1919), para
um retorno à sombra dos dias cinzentos de São Paulo, deve ter sido um contraste
imenso e significativo e que o marcaria, sem dúvida alguma, despertando no
artista o EU melancólico, encontrado nos Jardins das Confidências. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Em 1921 saiu seu primeiro livro de
poesias e Manuel Bandeira não economizou palavras de elogio ao poeta,
praticamente um jovem adolescente e tímido. “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Este livro é, em todos os sentidos, uma obra-prima: no seu feitio, como
na sua essência espiritual</i>”, dizia Bandeira, que viria a ser o mais
clássico dos poetas modernista, em sua crônica “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Apologia de um Poeta</i>”, escrita no jornal carioca O DIA, de 9 de
outubro de 1921.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Quando eu morava em Jacarepaguá
frequentava, nas férias escolares, um grêmio cultural, fundado por um ex-aluno
do Colégio Militar/RJ, que não seguiu a carreira das armas. Optou pelas letras,
pela poesia e pela filosofia. Lembro-me que foi numa das primeiras reuniões do
“GCMA” (Grêmio Cultural Machado de Assis) que eu conheci um professor de Língua
Portuguesa no início de sua carreira. Esse professor fora convidado para
presidir uma reunião festiva, num sábado à tarde, quando seria lido e aprovado
o Estatuto daquela agremiação, idealizada por jovens estudantes e que deveria
divulgar e estimular a prosa e a poesia na região oeste da cidade do Rio de
Janeiro. Belíssima pretensão! Esse professor era <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Evanildo Bechara</b>, meu mestre, hoje meu amigo, meu filólogo preferido,
como digo na intimidade. Evanildo Bechara pertence, atualmente, à Academia
Brasileira de Letras e é Presidente de Honra da Academia Brasileira de
Filologia, de cujos quadros, com muito orgulho, faço parte. Lá, naquele humilde
e incipiente refúgio cultural, frequentado por jovens deslumbrados pelas letras
em prosa e verso, homenageava-se também, em ocasiões festivas, poetas de nossa
literatura, recitando-se seus poemas e falando-se de sua história de vida. Então,
o presidente daquele humilde e longínquo grêmio, talvez, e, com certeza, hoje desaparecido,
ofuscado pela fantasmagórica névoa do esquecimento, homenageou naquele sábado
de minha distante juventude o poeta Ribeiro Couto, lendo o poema <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Desconhecido</i>, de O JARDIM DAS
CONFIDÊNCIAS. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quem é esse que está,
sob a lâmpada morta, </i>/ <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Infantil a
chorar debruçado na mesa?</i> ”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Foi o meu primeiro contato com o
poeta. O “penumbrismo” em sua poesia me instigava, da mesma forma como mexia
com minha imaginação a morbidez impressionista muito presente em sua poesia,
envolta numa melancolia explícita e num erotismo velado. Eu vinha de um
ambiente familiar muito comprometido com o parnasianismo, tanto na tentativa
estética de compreender o belo, quanto nas atitudes apolíneas de comportamento
social, cobrando, sempre, minha família de mim a busca pela perfeição.... Meu
avô materno, tios e um tio-avô foram amigos de Olavo Bilac e admiravam sua
poesia, do mesmo modo a de Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Théophile
Gautier, Leconte de Lisle e Théodore de Banvi. Minha tia, Leopoldina Saraiva,
era professora de francês e poetisa premiada. Moravam todos numa bonita quinta,
uma construção no estilo neoclássico, repleta de arabescos externos,
predominando em seu interior quadros e estatuetas com motivos e figuras,
representando passagens da mitologia grega. Não aderi a esse estilo de vida,
portanto não abracei a estética parnasiana. Já o simbolismo e o impressionismo,
trazendo, quase sempre, embutidos em si os mistérios do mórbido penumbrismo,
mexeu com o meu EU adolescente e eu poderia, agora, envolvido pelo espírito
poético de Ribeiro Couto, dizer que aquele simbolismo impressionista muito me
marcou, ficando tudo isso, para sempre, impregnado em minhas ilusões e
pretensões literárias.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Ribeiro Couto estreou na poesia
(1921) um ano antes da Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo. Sua
mensagem poética se apresenta envolvida em uma atmosfera simbolista, reagindo
flagrantemente ao ambiente parnasiano, que no dizer de Ronald de Carvalho “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">estava saturado de girândolas, de fumaradas
espessas, de fogos e labaredas alterosas</i>”. Mas a poesia de Ribeiro Couto,
nesse seu livro de estreia é, basicamente, uma poesia de transição, no início
do século XX. Iria, contudo, pouco se modificar. Em O JARDIM DAS CONFIDÊNCIAS
há uma poesia de sombra, silêncio, mansuetude e noturnismo. O mesmo ocorreu com
a poesia de Ronald de Carvalho, que apontaria um novo movimento intimista que
surgia, ao analisar esse primeiro livro de Ribeiro Couto. Deu a esse movimento
intimista o nome de “penumbrismo”, no artigo intitulado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Poesia da Penumbra</i>. Esse sentimento intimista e penumbrista,
percebido por Ronald de Carvalho, já se sentira também na obra de Mário
Pederneiras. A esse período da história de nossa literatura, quando autores se
lançam na direção de uma vanguarda e novos estilos esperam o combate e cantam e
agonizam, às vezes, em campo aberto, dá-se o nome de “sincretismo”. Vejamos o
que diz Afrânio Coutinho: <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: medium;"><span style="font-size: large;">“</span><i style="font-size: x-large;">Fenômeno facilmente
observado na evolução da história literária, é o que se verifica nos períodos
de transição ou zonas intermediárias: o aparecimento de escritores e poetas de
valor incontestado, em cujas obras se infiltram tendências de escolas
antagônicas, chocam-se princípios que se contradizem, sentimentos e emoções que
se contrariam. E isso porque são atingidos pelas influências e reflexos do fim
e do princípio de escolas que se sucedem. Sofrem tais escritores e poetas de
uma inconsciência literária, tão compreensível e perdoável, que em nada lhes
desmerece o valor global da obra</i><span style="font-size: large;">”. </span><span style="font-size: large;"> </span>(In, A Literatura no Brasil, Vol. III, Tomo 1,
p. 311). <span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Está, portanto, localizada a obra de
Ribeiro Couto, O JARDIM DAS CONFIDÊNCIAS, dentro desse período sincretista que
atravessou a poesia brasileira, antes de se afirmar nas novas estéticas, que
não tardariam a surgir.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Então, a poesia de Ribeiro Couto, tão
entusiasticamente apresentada por Bandeira, como vimos no início, só iria ser
inserida no Modernismo, depois de uma insistente crítica embasada nas modernas
teorias literárias, por parte de estudiosos, que perceberam que não se tratava
de um poeta menor dentro do movimento que aflorou em 1922. Seus companheiros,
poetas naquele momento de transição estética dos anos 20, principalmente Manuel
Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade vão com ele manter uma
viva troca de ideias, através de uma profícua correspondência, mostrando visões
estéticas muito diferentes, mas sem deixarem de reconhecer o valor
significativo da poesia de Ribeiro Couto. Sobre o livro que hoje tem quase 100 anos,
diz Vera Lins, doutora em Letras pela UFRJ e professora de Teoria da
Literatura:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O olhar é forma de
conhecimento, contemplação produtiva que faz o sujeito perambular como
vagabundo, andarilho que vê e ouve a cidade. Assim aparece o EU lírico nos
primeiros livros de Ribeiro Couto, revelando um imaginário próximo a Baudelaire
e aos simbolistas. É com vagos olhos de passante que percorre as ruas do Rio e
de São Paulo, fixando luz, cores, objetos e pessoas em O JARDIM DAS
CONFIDÊNCIAS, POEMETOS DE TERNURA E MELANCOLIA E UM HOMEM NA MULTIDÃO</i>”. </span><span style="color: #274e13; font-size: medium;">(In,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ribeiro Couto</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">uma questão de olhar.</i> Rio de Janeiro, Fundação Casa de Rui
Barbosa.) <span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">O JARDIM DAS CONFIDÊNCIAS é dedicado
à cidade de São Paulo, “às suas manhãs nevoentas de sol frouxo”. Poemas de
adolescente ferido pela volúpia de amores, que são recriados e transfigurados
em uma atmosfera de meios tons, de penumbra, de sombras, de névoas, de
disfarçado erotismo em um ambiente que retrata motivos simples do dia-a-dia,
temáticas que desenvolvem um motivo central, que é o sentimento de paz, embora
a alma sofra como sofre a alma de todos os poetas...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Um ano depois do lançamento de O
JARDIM DAS CONFIDÊNCIAS, em 1922, realiza-se, no Teatro Municipal da cidade de
São Paulo, a Semana de Arte Moderna. Foram três noites de apresentações de
recitais, conferências, declamações, grupos de artista e intelectuais tentando
mostrar as novas concepções e tendências estéticas de arte. Abaixo a “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ars gratia artis</i>” dos parnasianos! O
objetivo era a destruição das velhas formas artísticas na literatura, na música
e nas artes plásticas. Os organizadores procuravam apresentar e discutir os
princípios da chamada arte moderna. Pairavam, também, sobre os participantes
muitas dúvidas a respeito do que se estava querendo contestar. Um dos mais
representativos intelectuais do movimento, Oswald de Andrade, num esforço de
síntese, afirma: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Não sabemos o que
queremos. Mas sabemos o que não queremos.</i>" A cidade se dividiu entre
os futuristas (renovadores) e os passadistas (conservadores).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Em 1922, o escritor Graça Aranha
(1868-1931), que pretendia romper com o <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>passado,
aderiu abertamente à Semana da Arte Moderna, criando uma cisão na fechada e
reacionária Academia Brasileira de Letras, defendida por seu líder, o escritor
Coelho Neto (1866-1934). Essa contenda entre opiniões estéticas diferentes
criou uma das maiores polêmicas acadêmicas, como há muito tempo não se via. </span></span><span style="color: #274e13; font-size: large;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> O público aplaudia as manifestações
contestatórias por uma nova estética, tanto <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>vindas de um primeiro equivocado discurso de
Graça Aranha como das leituras de textos vanguardistas de Mário de Andrade,
Menotti del Picchia e Oswald de Andrade.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Mas a grande sensação do evento foi Ronald de Carvalho, na segunda
noite, quando ele leu o poema “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os Sapos</i>”
de Manuel Bandeira que, por motivo de saúde, não pode comparecer. O poema fora
uma irônica crítica endereçada aos ideais parnasianos e ao seu grande e
principal representante, Olavo Bilac, que ainda era cultivado pela maioria do
público, uns poucos privilegiados com o conhecimento teórico da estética
dominante na época. A reação foi estrondosa. Vaias, gritos, batidas de
guarda-chuva nas cadeiras e poltronas, um alvoroço total, até a sessão ser
interrompida. E a gritaria no interior do Teatro Municipal não parava: FOI! NÃO
FOI! FOI! NÃO FOI! Citando Sergius Gonzaga, pode-se dizer que “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">metaforicamente, com sua iconoclastia
pesada, o poema delimita o fim de uma época cultural</i>”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Mário de Andrade, um dos principais
teóricos do movimento modernista, sintetiza os propósitos dessa nova
articulação cultural, como uma forma de legar às gerações futuras os frutos que
colherão, a partir das sementes agora lançadas nos palcos da Semana de 1922,
isto é, a estabilização de uma consciência criadora nacional, preocupada em
expressar a realidade brasileira; a atualização intelectual com as vanguardas europeias
e o direito permanente de pesquisa e criação estética.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Ribeiro Couto participou da Semana de
22 e sua contribuição para a vida literária de então seria este seu O JARDIM
DAS CONFIDÊNCIAS, muito distante, é verdade, do rompimento total com o passado
estético, mas com uma forma envolvente de montar um novo ritmo, lento, é
verdade, mas suave como toda sua poesia. Revalorizou, então, o verso
alexandrino, desgastado pelo soar sistemático das cesuras parnasianas. Seus
versos possuem o doce ritmo da chuva fina que molha sem encharcar: <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“A chuva fina molha a
paisagem lá fora. / O dia está cinzento e longo.... Um longo! ”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">É a poesia da impressão
e da intensificação, do momento diáfano que não se repete nunca:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“Tem-se a vaga
impressão de que o dia demora”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“Parece que morreu a
vida. / Parece que morreu a vida / Na velha praça adormecida”.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Uma visão
impressionista do mundo que o cerca e o motiva:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“Tenho uma sensação
tonta e maravilhosa / De estar vagando no ar, leve como uma pluma”.<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Dando preferência ao verso
alexandrino, em seu primeiro livro de poesia, Ribeiro Couto, em compasso
quaternário, no poema “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">No Cais</i>”,
repete as estruturas métricas, proporcionando a continuidade e a duração da
ação: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span></i>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“Olhando o mar, olhando
o mar, olhando o mar...”<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Segundo Manuel Bandeira, analisando
esse mesmo poema, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">No Cais</i>”, diz que
“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">os pobres de poesia, aqueles que só
conseguem perceber as realidades objetivas não conseguirão compreender as
imaginações férteis, pois elas ganham sentido mais alto, alongam-se em
perspectivas mais fundas, quando não se transmudam a realidades astrais”. No
poema “No Cais, a realidade subjetiva do abraço dado à mulher, foi o pequenino
Suave Milagre da poesia</i>”, continua Bandeira, após ouvir de um crítico e
poeta que tal abraço é um absurdo num mundo de duras realidades. Bandeira
continua analisando os versos de O JARDIM DAS CONFIDÊNCIAS, mostrando que a
forma de emoção e sugestão provém muito da musicalidade neles contida.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Esse recurso formal de repetição das
estruturas métricas, aliado a sucessivas tentativas rítmicas de polifonia, em
versos alexandrinos de compasso ternário, dão evidentemente, à poesia de
Ribeiro Couto uma imensa musicalidade, já percebida pela análise de Rodrigo
Melo Franco, logo após a publicação de O JARDIM DAS CONFIDÊNCIAS, quando
assinala que “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">todas as poesias de Ribeiro
Couto são canções</i>”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Manoel Bandeira, em sua <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Apologia de um poeta</i>, aqui citada, no
início desse trabalho, disse, em 1921, o que a Vera Lins percebeu, ao analisar
a obra de Ribeiro Couto, em seu trabalho, já citado também, datado de 1997. Lá
está, no poema “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Mascarada</i>” o
subjetivismo elaborado, responsável por refazer todas as realidades objetivas
do poeta. Assim, a poesia de Ribeiro Couto, poeta intimista, quase “flâneur”
nesses versos, se caracteriza por uma forma subjetiva de mostrar a realidade
através de seu olhar, que também é uma forma de conhecimento para a
contemplação produtiva, pois é perambulando e observando que, segundo Bandeira,
consegue Ribeiro Couto ser arguto e cínico. É necessário conferir:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Mascarada<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“Passastes a sorrir,
frívolas Colombinas,<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">A sorrir.... Para mim?
Eu entre a multidão,<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Eu também vos lancei
confete e serpentinas...<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Em torno a multidão
agitava pandeiros.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">A berrar, toda a praça
era uma aclamação.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“Bravos! ” E eu via
rir vossos olhos brejeiros.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Fostes passando....
Tive uma fina tristeza.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Perdido, o meu olhar
errava sobre vós...<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Seria Momo o deus do
amor? Ah! Que incerteza!<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">E ao desaparecer da
linda mascarada,<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Entre ruflos e o
guizalhar dos dominós,<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Levei ao rosto a minha
mão: voltou molhada...<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Seria Momo o deus do
amor? Pobre de nós!<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Ribeiro Couto em seu livro de estreia,
como nos seguintes, tem preferência pelo verso alexandrino, expressando-se
ainda em versos curtos de oito sílabas e seu quebrado de quatro. Em O JARDIM
DAS CONFIDÊNCIAS adota versos alexandrino, decassílabo e octossílabo. Sua
poesia é espontânea e suave, realizada sob uma atmosfera de sonho e devaneio,
de sombras e umidade. Constrói com o simbolismo da lâmpada o seu campo
semântico, ligado à imagem do brilho nas trevas, imagens antitéticas que
envolvem grande número dos poemas de seu primeiro livro, desenvolvendo com
essas temáticas o seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Leitmotiv</i>. Sua
mensagem poética se realiza nessa simbologia através de metáforas animistas,
numa visão impressionista da realidade fugitiva:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“Sobre a mesa de estudo, a lâmpada adormece”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“A lâmpada é a melhor companheira que existe / Para as horas
do desespero que esmorece.../ Tua recordação é uma lâmpada triste...”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“A luz da vela, amarelada e meio morta”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“A lâmpada vermelha esfuminha o teto”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“Lá na sala uma lâmpada sozinha”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“Quem é esse que está,
sob a lâmpada morta”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“Ao centro a lâmpada cochila”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“A lâmpada evoca em vigília...”<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">“E o mortiço clarão da lâmpada quieta”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">A sedução pela luz mortiça da
lamparina atinge seu auge no poema:<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">O Desconhecido<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Quem é esse
que está, sob a lâmpada morta,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Infantil, a
chorar debruçado na mesa?<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Olá, rapaz,
que tens? Conta.... Contar conforta.<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">E em tua
boca eu sinto estrangulada, presa,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">A confissão
que assim, sob a lâmpada morta,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Entre
livros, terá mais tristeza, tristeza...<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Pões os
olhos em mim: pobres olhos molhados<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Em que o
pranto desceu como um véu vermelho.<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">Conta o que
tens.... Enxuga os olhos desgraçados...<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">E ele
chorava para mim, dentro do espelho.<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">O poeta cria um cenário simples. Tudo
é simples. A mesa é simples. A lâmpada é simples. Simples é também a atitude
infantil da personagem. Mas o engenhoso “set”, onde o poema se realiza é
complexo. Estamos diante de uma variação cenográfica da tela de Velásquez, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Meninas</i>, onde os retratados (em
Velásquez são dois, os reis de Espanha) só são conhecidos pelo reflexo do
espelho. Todos os olhares são para os retratados, mesmo o olhar do autor, tanto
no poema quanto na pintura e lá, por motivos óbvios. A realidade se
consubstancia pela imagem especular, que é destorcida e invertida e, enquanto
linguagem, tenta reprimir o real. O diálogo se estabelece no poema entre o EU
lírico e a castração do sujeito. A fala é interditada no sujeito e a melancolia
aflora. Lá, em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Meninas</i>, Velásquez
desponta radiante como criador e como criatura, pois se retrata também. No
poema <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Desconhecido</i>, Ribeiro Couto
se ressente de identidade e não se encontra. A pergunta do criador fica sem
resposta, pois a fala da criatura foi interditada pela castração do desejo. A
resposta foi o pranto. Poderia ser o riso? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> O primeiro livro de Ribeiro Couto nos
traz uma poesia sensorial repleta de imagens plásticas, ressaltadas por um
vocabulário táctil que demonstra a ansiedade adolescente de tocar, de ver com
as mãos, precipitando uma temática sensualista, que o acompanhará até seu
último livro de poemas, LONGE (1961). Tudo, neste primeiro livro, está envolvido
por um erotismo disfarçado, levando a seu espírito uma sensação de paz e de
êxtase amoroso. Pode-se isso observar com muita nitidez no poema “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Desejo da Mão</i>” e nos dois versos que
seguem: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Esse perfume espalha mãos cheias
de afago</i>” e “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Vozes quentes de
lavadeiras</i>”, onde as sinestesias envolvendo o tato atestam a percepção da
realidade através dos sentidos que se interpenetram. A temática sensualista
ainda é desenvolvida em versos como: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sentindo
as mãos geladas de abandono</i>”; “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Apertando-lhes
as mãos murmuro intimamente</i>”; “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O teu
olhar amigo, as tuas mãos amantes...</i>” e em muitos outros.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Não poderíamos deixar de assinalar em
O JARDIM DAS CONFIDÊNCIAS a <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>presença da
temática da morte, que surge motivada pela enfermidade que se abateu sobre o
poeta. Esta temática, embora apresente aspecto destoante e até mesmo
antitético, em relação ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Leitmotiv</i>,
é por isso mesmo, elemento de contraste que ressalta o motivo central e que
pertence a uma estrutura condutora de todo o EU lírico da poesia de Ribeiro
Couto. Assim, encontramos no poema “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Noite
Monótona de um Poeta Enfermo</i>” esta temática desenvolvida, juntamente com a
evocação dos cuidados maternos, onde a presença da mãe do poeta aparece
aureolada como doce anjo-da-guarda. Mais tarde, a figura de sua mãe se
precipitará em uma profunda nostalgia. “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Todo
o rumor que, lá fora </i>/ <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Chega a meu
quarto de doente</i>”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Ribeiro Couto em toda a sua obra
poética utiliza-se de recursos formais que serão explorados, mais tarde, pelo
romancista e contista. O principal recurso formal, a nosso ver, é a técnica do
monólogo e do diálogo. Neste seu primeiro livro de poesia essa técnica já se
faz notar. Pensamos que já estão ali os primeiros diálogos e monólogos poéticos
que aparecerão no seu romance “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cabocla</i>”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Sobre os versos de O JARDIM DAS CONFIDÊNCIAS,
é interessante assinalar a observação de Carlos Drummond de Andrade, que vê na
obra a presença dos temas do cotidiano, envolvidos por um lirismo muito
pessoal, além da tristeza e da melancolia. Drummond, em carta, iria dizer que o
amigo é o Casimiro de Abreu do Romantismo: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Você,
Ribeiro Couto, ficará em nossa poesia com uma nota muito pessoal de lirismo,
como ficou o Casimiro de Abreu (peço que não se zangue), como ficará o Manuel
(Bandeira), poetas dissidentes, como dizem os profissionais da alegria, mas que
encontram sempre repercussão</i>”. Ribeiro Couto lhe responde, concordando.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> A poesia de Ribeiro Couto, em toda a
sua obra e principalmente em seu livro de estreia foi toda mansa, sem gestos,
sem exaltações. Com tormentos, é verdade, mas com o dom de falar alto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"> Muito mais tarde, quarenta anos
depois, com versos maduros, Ribeiro Couto irá exprimir a saudade de seu povo e
de sua terra, no livro LONGE, publicado em 1961, pela Editora Civilização
Brasileira, no Rio de Janeiro. Lá estão os versos que soluçam tristeza, amor,
paixão, à semelhança de um Catulo da Paixão Cearense e de um João Cabral de
Melo Neto. Mas isso fica para outra oportunidade. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-10975055072028020512018-08-21T20:46:00.000-03:002018-08-22T10:59:12.686-03:00CRUZ E SOUSA E SUAS ALITERAÇÕES<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXRlvJ_0M2u8Gy0bK7Pfw9aL6fID0h8AY7pzIjqQ4beeV2ob3nT5Fy-xlQK27Kj0FBc8euePZ1J8t1gWHTV178B9Z2_Ip8HQuHOzEJBWXEe-x4ehXzjZOhkFun0MJ0xLz9tYYQ/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="124" data-original-width="407" height="97" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXRlvJ_0M2u8Gy0bK7Pfw9aL6fID0h8AY7pzIjqQ4beeV2ob3nT5Fy-xlQK27Kj0FBc8euePZ1J8t1gWHTV178B9Z2_Ip8HQuHOzEJBWXEe-x4ehXzjZOhkFun0MJ0xLz9tYYQ/s320/images.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 12pt;">Falar
sobre Cruz e Sousa é falar sobre o maior poeta do Simbolismo Brasileiro. Serei breve e simples,
mais para manter vivo os registros de crítica literária, que nessas minhas páginas
da rede social faço, com certa periodicidade, do que para dar à poesia simbolista do autor de Broquéis, um trabalho crítico de grande valor, </span><span style="font-size: 12pt;">pois para tanto, faltam-me engenho e arte. De qualquer forma, peço a paciência do leitor, porque o tema é novo. T</span></span></span></span><span style="color: #20124d; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">entarei,
então, apresentar uma pequena análise crítica de sua poesia, focando um determinado viés de sua construção poética, entre inúmeros
outros possíveis. Aqui, uma análise fônica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">Todo
texto ou escritura denuncia algo. É só procurar com as lentes da microanálise.
Com o artifício da análise estilística pode-se mostrar por dentro a alma de um poeta.
Vamos, então, procurar as combinações dos fonemas que estruturam os versos,
proporcionando as mais significativas formas expressivas de um texto poético.
Mas tudo isso na estrutura da investigação latente do texto. E como atingimos o
latente? Através de análises especiais. Analisar é separar as partes do todo, é
um processo de deslocamentos de inúmeras partes do discurso, pois há muitos
conteúdos que se prendem ao texto, à sua estrutura fônica, à sua estrutura
mórfica, à sua estrutura sintática e tudo isso pode denunciar, ou melhor, pode
explicar um estilo ou um sentido estilístico, algo que se localiza muito além
do literário. Traumas de vida podem ou não aparecer nos textos de um autor.
Vicissitudes de uma existência inteira, carregada de infortúnios e desgraças,
além de características de uma etnia, impregnadas na ”langue”, por exemplo,
podem marcar a “parole” poética de um poeta, e seu discurso evoluirá
esteticamente, consubstanciando-se, assim, o artístico. Já a arte, contudo,
será o resultado da observação dessa materialização pelo receptor, uma vez que
é nele que está centrada a mensagem transfiguradora da realidade. Com esse
espírito investigativo, fomos encontrar em Joaquim Ribeiro, no seu livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estética da Língua Portuguesa</i>, uma
hipótese sobre a possibilidade de ter sido a poesia de Cruz e Sousa
influenciada linguisticamente por suas origens, isto é, por uma herança étnica:
a língua Banto, africana. Para tal, no Capítulo V dessa preciosa obra, o autor
nos brinda com um artigo intitulado <u>Vestígio da Concordância Banto no Estilo
de Cruz e Souza</u>, onde o ilustre filólogo, que ocupou a Cadeira 33 da
Academia Brasileira de Filologia, da qual muito me orgulho de também pertencer,
afirma que “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">não será desarrazoado
modificar, em certos casos, a velha definição buffoniana. O estilo muitas vezes
é mais do que o homem. O estilo é a raça, com o equipamento cultural</i>”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">Acredito
que Joaquim Ribeiro esteja correto, pois é impossível separar Cruz e Sousa de
sua herança étnica. Se assim aceitarmos essa colocação, podemos dizer que há
elementos bem significativamente raciais na poesia e na prosa de nosso maior
poeta simbolista. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">O
autor da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Estética da Língua Portuguesa</i>
procurou na linguagem poética de Cruz e Sousa alguma coisa a mais em seu estilo
que traísse sua ascendência racial. O que mais chamou a atenção do insigne
pesquisador foi a abundância das aliterações, recurso que Cruz e Sousa usa e
delas abusa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As aliterações são formas
de se construir as frases, os versos, os parágrafos, enfim, um texto com a
repetição da mesma consoante inicial, no sentido de tentar quebrar a
arbitrariedade do signo linguístico, quando teremos uma forma imitativa ideal e
nunca real, ou quando se tem a proposta de obtermos formas lúdicas, onde os
sons repetidos nos diversos vocábulos proporcionam uma enorme sonoridade e
musicalidade ao texto, sempre evocando, sempre sugerindo. Quando a repetição
dos fonemas iniciais dos vocábulos se dá por variação cognata, ou quando os fonemas
repetidos são homorgânicos, ocorre o fenômeno conhecido na estilística fonética
como coliteração. Aliás, as variações consonânticas de fonemas, que dão ao
verso um ritmo significativo e ímpar, foram estudadas no verso moderno, muito
tempo depois de Cruz e Sousa, por dois grandes autores, um norte-americano,
Kenneth<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Burke, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e outro brasileiro, Oswaldino Marques.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">Joaquim
Ribeiro vê nas aliterações dos textos de Cruz e Sousa “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">uma sobrevivência de cunho racial, vestígio de uma concordância
aliterativa, própria <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>das línguas bantos</i>”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O linguista e filólogo pesquisador se vale
dos estudos sobre a língua Banto, realizados por Bentley, conceituado
africanólogo, para mostrar que os bantos da África possuíam uma primitiva
gramática, cuja concordância aliterativa é um fato significativo de sua
estrutura fraseológica, portanto um traço linguístico pertinente, pois
estabelece uma oposição significativa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">Observemos o exemplo
apresentado por<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Bentley:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O matadi mama mampembe mampewa i mam mama twamwene</i>”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">O prefixo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ma</b>-
que aparece no substantivo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ma</b>tadi- aparece obrigatoriamente nos
adjetivos, verbos e pronomes que ao substantivo se referem: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ma</b>ma, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ma</b>mpembe, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ma</b>ma etc.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">João
Ribeiro, o grande historiador, folclorista, filólogo e erudito homem <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dos temas humanísticos, da Academia Brasileira
de Letras e pai de Joaquim Ribeiro, aponta reminiscências dessa sintaxe também
no linguajar dos antigos escravos aqui no Brasil, em situações como:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Z</b>’ êre <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">z</b>’mandou <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">z</b>’dizê” = Ele mandou dizer.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">Acrescentamos nós que,
igualmente, encontramos essa forma de falar, com idêntica sintaxe, nos
terreiros de candomblé. Assim:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Z</b>’ êre é mi <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">z</b>’fio” = Ele
é meu filho, no linguajar de muitos pais-de-santo, que ainda hoje existem na
Bahia e em diversos outros Estados brasileiros.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em Santa Catarina, mais precisamente no vale
do rio Camboriú, de acordo com o historiador e folclorista Isaque de Borba
Corrêa, em seu livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Poranduba Papa-Siri</i>,
ano 2000, apresenta-nos os seguintes falares de negros da região, em suas
festivas cantigas:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“Já <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ji</b>vou, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ji</b>nêga, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ji</b>não tenho <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ji</b>batêra” =<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Já vou, nega,
não tenho batera.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Ji</b>ondistá meu <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ji</b>facão,
ondistá meu facão ? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>/ <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Caiu lá na <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">j</b>abobêra, caiu lá na <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">j</b>abobêra!”
= Onde está o meu facão, onde está o meu facão? / Caiu lá na aboboreira, caiu
lá na aboboreira!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Je</b>caldo de cana, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">je</b>frutas,
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">je</b>bananas” = Caldo de cana, frutas e
bananas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">Lembramos
ainda, que línguas em formação, historicamente apresentam fenômeno parecido, na
mesma linha fonética e até fonológica, como é o caso do <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Latim, que na antiquíssima inscrição da “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">fíbula prenestina</i>”, deixou gravada a
inscrição: MANIOS <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">FE</b>FACIT NUMOSIOI =
Manios fez para Numósio. O fenômeno fonético e, neste caso, também fonológico,
pois aponta para uma marca morfológica, diferenciadora de tempo verbal se chama
reduplicação, uma repetição da sílaba inicial do verbo, com variação vocálica,
marcando o pretérito perfeito (<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">FE</b>FACIT),
o que não deixa de ser uma forma de aliteração interna.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">Observa-se,
outrossim, que a linguagem tautológica infantil, primitiva por excelência, em
relação à história do sujeito falante, é, em muitos casos, reduplicativa e
aliterativa. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">Mas
voltando aos versos de Cruz e Sousa, podemos neles ver essa tendência
aliterativa da língua dos bantos, sendo que na poesia do vate catarinense, isso
ocorre exclusivamente em forma de um recurso estilístico. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">Vejamos
algumas concordâncias aliterativas em Cruz e Sousa: <o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“Vozes veladas, veludosas vozes,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">volúpias de violões, vozes veladas,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">vagam nos velhos, vórtices velozes<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas... “<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 9.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">(In, “Poesias”, 189);<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“ricos
e raros resplandesceram” </span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><span style="font-size: x-small;">(In, “Poesias”, 43);</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“a cor
cantava-me nos olhos” </span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><span style="font-size: x-small;">(In, “Prosa”, 426);</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">ALITERAÇÃO DE SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS
EM SUBORDINAÇÃO<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“mole e morna melopéia” (In
“Poesia”, 195);<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“tantálica tentação de seus
braços tentaculosos” (In, Poesia”, 194);<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“verde, viva e viçosa
vegetação dos vergeis virgens” (In, Poesia”, 145);<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“pomos pomposos de pasmo
sensibilizantes” (In, Poesia”, 391);<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“finos frascos facetados” (In,
Poesia”, 125);<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“força<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fina e fria” (In, Poesia”, 26);<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“brusco e bronco biombo” (In,
Poesia”, 94);<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“soberbos e solenes soberanos”
(In, Poesia”, 28);<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">“raras rosas” (In, Poesia”,
157).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">Joaquim
Ribeiro sustenta, portanto, de maneira inédita, que se o vate catarinense “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">não tivesse “background</i>” racial para
explicar essas sobrevivências, naturalmente interpretaríamos a predominância de
aliterações em seu estilo como <u>puro virtuosismo expressional</u>” (a
expressão foi por nós sublinhada).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">A
aliteração ocorre em inúmeros outros poetas simbolistas e neles, sem a presença
do sangue africano em suas veias, não podemos seguir por esse mesmo caminho. É
o caso, por exemplo, de Alphonsus de Guimaraens e todos os demais simbolistas.
Ninguém antes de Joaquim Ribeiro abordou tal hipótese numa análise estilística,
nem mesmo Antônio de Pádua, que escreveu o melhor ensaio até hoje publicado, a
nosso juízo, sobre o estilo de Cruz e Sousa. Muitos repetem seus versos
aliterados sem imaginar o poder que uma análise desse tipo tem, para tentar esclarecer
os mistérios literários da poesia e, mais ainda, os mistérios quase
impenetráveis do belo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">Ficam,
então, registrados aqui estes comentários, em forma de crítica literária, sobre
um fenômeno fonético, a aliteração, na poesia lírica de Cruz e Sousa, alçado à
majestosa galeria dos poetas simbolistas do século XIX, ocupando, sem dúvida
alguma, lugar de destaque muito especial junto à plêiade dos maiores
simbolistas de todos os tempos, ao lado de Mallarmé, Baudelaire, Valéry,
Verlaine e do alemão Stefan George. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d; font-size: xx-small;">(Esse tema foi motivo de uma palestra proferida pelo autor, na Prefeitura da cidade catarinense de Camboriú, em homenagem ao sesquicentenário de nascimento do poeta Cruz e Sousa, novembro de 2011)</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="color: #20124d;">ATÉ A PRÓXIMA<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-61058948817101727392018-08-07T22:14:00.001-03:002018-08-07T22:33:35.675-03:00DIANTE E ALÉM DA PEDRA FURADA<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh19sldF1s42X8crOU0qc_HoC9kXuksDB-mLnqhFRBXKcxvnDlmyN8RsAMwNEcF4akKPVzUlj8OzgSlsnwvcViMPE8TB7p812osrR_4jDnP2Aw8U65GS-gUH4kMZJkwvpxlfCBM/s1600/Pedra+Furada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh19sldF1s42X8crOU0qc_HoC9kXuksDB-mLnqhFRBXKcxvnDlmyN8RsAMwNEcF4akKPVzUlj8OzgSlsnwvcViMPE8TB7p812osrR_4jDnP2Aw8U65GS-gUH4kMZJkwvpxlfCBM/s320/Pedra+Furada.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Como fazia muito calor no vale do
Itajaí, onde atualmente estou morando, resolvi subir ao planalto catarinense
para respirar aquele ar fresco das redondezas de Lages, Urubici e Urupema. Há
muito tempo não ia para aquelas bandas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Mesmo nas amenas relvas da baixada do
centro do município de Urubici, onde me hospedei, o calor ainda era intenso e o
céu azul, quase sem nuvens, deixava o sol à vontade para reinar, fervendo,
sobre as nossas cabeças. A paisagem esverdeada da mata fechada, ao fundo da cidade,
era convite certo para um passeio até ao alto da Serra Geral, onde no Parque
Nacional de São Joaquim, poderia contemplar do Morro da Igreja, a fantástica
formação geológica, conhecida como a Pedra Furada, praticamente encimando a região
habitada mais alta de Santa Catarina. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ali inicia um desfiladeiro impressionante,
imenso, recoberto por todos os tons de verde, despencando em direção ao
infinito. É um mar de araucárias, ipês, jequitibás, aroeiras, carvalhos,
caúnas, pinheiros-bravos, araçás e xaxins de tirar o fôlego de todos os visitantes
que não se cansam de fotogravar aquele quadro primoroso, pintado pelo Criador. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Mas num piscar de olhos tudo muda a
nosso redor, pois uma neblina envolvente, vinda das profundezas das grotas e
grotões, precipícios profundíssimos a nossos pés, sobe com um vento bem frio e
cobre aquela paisagem estonteante, envolvendo-nos numa fumaça branca que não
deixa mais ninguém ver nada, nem a um palmo do nariz.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Senti um arrepio percorrer minha
espinha de alto a baixo. Pronto. Ele voltara de um longo período de ausência.
Aproveitou-se do ambiente esfumaçado, materializando-se sorridente ao meu lado,
tentando me dar um gelado abraço. Já fazia muito frio. Dirigimo-nos para o meu
carro e pusemo-nos a conversar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Trouxe-me alvissareiras notícias,
pois mesmo ausente, podia saber do que me afligia, de como estava minha saúde,
como e em que trabalhava ultimamente, enfim, sabia tudo sobre mim, desde que
retornou, há cinco anos, a Portugal. Como já estivera comigo por estas regiões
do Planalto Catarinense, nessa mesma época de verão e não me encontrando no
litoral, nem nas várzeas dos vales, partiu para cá em seu voo mágico e me localizou
com facilidade por estas bandas, com as quais muito nos identificamos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Disse-me que encontrara, em um
castelo de Braga, com uma santa alma que conhecia meus antepassados, aliás, de
família distintíssima, singela e nobre. Como pode isso? Não entendi, a
princípio, esses antagônicos significados. Mas meu querido amigo fantasma, já
conhecido de meus leitores, muitas vezes se expressa com vocábulos modernos,
mas com sentidos de sua época, lá pelas eras medievais ou de alguns séculos
atrás. Realmente, era isso! Singelo de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">singulus</i>,
sem complexidades, puro, desprovido de enfeites, único. Fiquei curioso e disse-lhe
que queria ouvir com toda atenção essa história contada a ele por aquela alma
penada que vagava pelos castelos bracarenses. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">O sol, em seu declínio, manchou de
nácar o denso nevoeiro. Descemos a serra emocionados, eu pelo esplendor
daqueles instantes, onde pude sentir a força da natureza dentro de mim,
aumentando o prazer de viver, e meu amigo fantasma por me encontrar ainda com
forças, para constantemente viajar e planejar aventuras.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fomos para o hotel dormir. No dia seguinte, meu
amigo estava mais radiante do que nunca. Alegre e falador. Disse-me
que eu teria de rumar para as terras de meus bisavós, pois descobrira o sítio
onde eu poderia encontrar os vestígios materiais da fantástica história de minha
família, marcada pela fortíssima personalidade e peripécias de meu bisavô, um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Corrêa</i> do Norte de Portugal. É claro que
a curiosidade tomou conta de mim e já fui arrumando a pequena mochila com
minhas bermudas e camisetas de verão que estavam espalhadas pelo quarto. Tinha
de partir da pequenina cidade serrana, para chegar cedo na capital, a tempo de
comprar as passagens para o Porto, pois aquela santa, singela e nobre alma de Braga havia dado a meu amigo do outro mundo indicações preciosas a respeito das origens de minha família, que eu sabia portuguesa, mas de onde? Era do Norte. Talvez do Porto. Talvez por ali perto. Claro que vou te levar novamente na minha
bagagem de mão, meu branquíssimo amigo! Como iria deixá-lo vagar pelo éter
rarefeito e gelado desse nosso mundo físico, mesmo pelo breve período de tempo
dos voos magnificamente mágicos dos bons e leais fantasmas! Disse-lhe isso,
pois percebi que ele queria viajar comigo e mesmo empacotado, poderia ir me
adiantando muitas importantes informações. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Resolvi tudo com a agência de viagem
de minha preferência e partimos para a mui heroica cidade da resistência. Durante
mais de nove horas de voo, meu amigo enfumaçado, foi me contando as peripécias
guerreiras de D. Pedro IV, o nosso D. Pedro I, Imperador do Brasil e
rei-soldado, que lutou no cerco do Porto contra as sandices do poder absoluto
de seu irmão, Miguel. Ajudado pelos ingleses que invadiram Portugal pelo
Algarve, ganhou a guerra, mas sucumbiu à terrível tuberculose, deixando seu
coração guardado na igreja da Lapa, na linda cidade banhada pelo Douro. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Fui ouvindo, sobressaltado pela
turbulência da aeronave as histórias da luta entre os dois reis irmãos,
Pedro, o liberal e Miguel, o absolutista. Meu amigo empacotado na minha pequena
valise de mão, murmurou, até bem alto: <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">- D. Pedro IV morrera em 1834, em
Lisboa, no mesmo ano em que o seu trisavô nascia no Porto. Seu bisavô nasceria vinte
anos depois e sua avó Emília, em 1885. Vocês estão ligados ao Porto e ao Norte
de Portugal por uma história tão fabulosa quanto a que vos contei, mas não de
guerras e sim de amor. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">Disse-me isso com naturalidade e
encanto. Percebi que coisas muito boas estavam por acontecer.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #0c343d; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-68425697973846512842018-07-05T15:11:00.000-03:002018-07-05T15:28:20.599-03:00AS CRÔNICAS QUE ROLAM PELAS PRAÇAS E RUAS DO FACE.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMH2kjrFCNkFac_9kp60MUpUxDuPW04-EoPQJJ0fCJ9swIUbTmhjv_PimbLXEgzYr_nxAgkCls0WtnjbLQQz7-TU5T59cgYd04YnLdm1-oNbH4reoP-LBXUqrXAdZfCkWF6W0o/s1600/CH%25C3%2583O+DE+PRA%25C3%2587A.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1055" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMH2kjrFCNkFac_9kp60MUpUxDuPW04-EoPQJJ0fCJ9swIUbTmhjv_PimbLXEgzYr_nxAgkCls0WtnjbLQQz7-TU5T59cgYd04YnLdm1-oNbH4reoP-LBXUqrXAdZfCkWF6W0o/s400/CH%25C3%2583O+DE+PRA%25C3%2587A.jpg" width="263" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #20124d; font-size: large;">Carlos Augusto Corrêa é um andarilho das letras. Ou melhor,
um escritor que anda pelas ruas dos diversos bairros da cidade do Rio de
Janeiro, sempre escrevendo, anotando e observando os mínimos detalhes da vida
que pulsa nas calçadas, no asfalto, nas portarias dos prédios, nos transeuntes e
até, talvez, no interior dos apartamentos. Sua imaginação também procura sempre
no burburinho das praças, do comércio das lojas, supermercados e livrarias um
tema para ser transfigurado e transformado em texto de fina e sutil escritura.
E Carlos Augusto vai botando tudo no Face, na sua Página do Face, Chão de
Praça, num estilo frugal, mas ao mesmo tempo jornalístico, sempre passando, com
sutileza, pela pontuação poética, que no final é o que vai sustentar sua prosa,
muitas vezes saudosista. Suas crônicas e minicrônicas, pode-se dizer, contam,
também, a história dos becos, ruas, praças e vielas de sua cidade natal, em tom
ufanista, principalmente quando confronta realidades bem diferentes da cidade
de seu tempo de menino e rapaz, com a atual superpovoada São Sebastião,
maravilhosamente surgida no antigamente. Numa linguagem coloquial (<i>...e sempre que podia mandava uma e outra
crônica.</i>), poética (<i>alma que só tenho
de abraçar</i>) repleta de neologismos (<i>eteceteraeletronicamente</i>)
e com muito boas sacadas (<i>as tardes
também deviam ser festejadas – não boquiabertos</i>) Carlos Augusto Corrêa vai colorindo
as palavras com as cores se seu estilo jornalístico curto de contar estórias,
como em <i>O Menino Sírio</i>, numa
metanarrativa, uma vez que as vozes consagradas de Carlos Drummond de Andrade e
Chico Buarque de Holanda servem de pano de fundo e contraponto à tragédia que
tirou a vida do pequeno Aylan Kurdi. A sua maneira pessoal de ver, sentir e
interpretar os acontecimentos que surgem na REDE, diariamente, poetisa esses
acontecimentos, em estilo híbrido, também de repórter sempre a tento a tudo. “<i>Nem sua mãe e os demais que morreram naquele
barco <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">afundando</b></i>”. A ação verbal continuada
é que dá à narrativa a profunda dramaticidade literária, característica do
estilo vibrante do autor. As notícias no Face proporcionam uma crítica direta,
muitas vezes misturadas a uma crítica velada, verificada, por exemplo, em <i>Desejo Instintivo</i>, onde o uso da
metalinguagem garante ao texto a atenção para o fato: “Esquecendo um pouco esse
clima quase irrespirável da vida política no país, assisti há pouco aqui no
Face a um vídeo em que uma criança novinha acaricia no colo um bebê; “Que me
perdoem <i>os unilaterais, os que veem um
lado da vida só escrevendo sobre temas contundentes, mas quando vejo uma cena
semelhante parece que a paz acorda em mim”. </i>(o itálico é nosso, para
ressaltar) Assim, Carlos Augusto vai trabalhando seu texto, com foco nessa
magnífica plataforma midiática que é o Facebook, retirando do universo
circundante o referencial, sempre transformando fatos em conceitos e transformando
notícias em formas agradáveis de
leitura. Preocupam-no, sobremaneira, os temas sociais que vêm embutidos nos
noticiários da REDE. Assim, o espírito sagaz do cronista vai transformando os acontecimentos denotativos em
interessantíssimas metáforas políticas (“Bem-aventurados os sádicos de
espírito, porque deles será o reino de Auschwitz!”), para que a ideologização
dos acontecimentos transfigurados em poesia, minimizem a dor do Real, sempre uma
visão do trabalho, pela ótica política dos acontecimentos: “Em minha infância
eu via as lavadeiras pra cá, pra lá trazendo a vida pesada na cabeça”. Carlos Augusto em alguns momentos constrói um
discurso engajado politicamente, através da desconstrução do tecido social,
diferentemente da maioria dos discursos políticos, surgidos em jornais e
revistas, que são referenciais. O seu texto é bem feito, com engenho e arte,
pois a ideologização - e o que não é ideológico nesse mundo? – dos acontecimentos, transfigurados em poesia,
minimiza aquele Real roubado à dor do mundo. E com textos curtos, sempre do
interesse de quem viaja pelo Face, combinados com a formatação visual dessa plataforma,
Carlos Augusto Corrêa vai escrevendo suas crônicas gostosas, em bate-papos
informais, com personagens interessantes, numa festa literária que atrai o
leitor para as 126 páginas desse seu livro, UM CRONISTA PELAS RUAS DO FACE
(Chão de Praça 1), lançado pela Editora Dissonnarte, em 2017, que o leitor
ávido por boas narrativas, pode, atualizando-se, deliciar-se, com toda a
certeza. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #20124d; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #20124d; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-34272044691099186192018-06-08T20:01:00.003-03:002018-06-08T22:16:45.697-03:00UM MIMO DE LIVRINHO<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilGapS23K-XbP0tAR8WxRkCw_BOXnXTE2UbF5zzvJ_3uNyUoMTYlW8VGU9KFdt19Np7cMlmxPI4xl7ljQWzB4M6qF8va_8R_BRawETCZwjHTVgEZmVTWE35qYeNUe68TjR-zeF/s1600/LIVRO+MARIA+JOS%25C3%2589+CAPA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1091" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilGapS23K-XbP0tAR8WxRkCw_BOXnXTE2UbF5zzvJ_3uNyUoMTYlW8VGU9KFdt19Np7cMlmxPI4xl7ljQWzB4M6qF8va_8R_BRawETCZwjHTVgEZmVTWE35qYeNUe68TjR-zeF/s400/LIVRO+MARIA+JOS%25C3%2589+CAPA.jpg" width="272" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAKGEUusiXMQo0EJs7OTTH1RgYOlr_hmw5md8Gkf5T_fKjZS9pfNj5k4w8eakR5IP-g2nHLIASoq-v2logiFfByXkhyUhvLFSIaf-CFyRsbYnt_6aAdD9QjBo-LnINDsDA23Ck/s1600/LMARIA+JOS%25C3%2589.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1183" data-original-width="1600" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAKGEUusiXMQo0EJs7OTTH1RgYOlr_hmw5md8Gkf5T_fKjZS9pfNj5k4w8eakR5IP-g2nHLIASoq-v2logiFfByXkhyUhvLFSIaf-CFyRsbYnt_6aAdD9QjBo-LnINDsDA23Ck/s400/LMARIA+JOS%25C3%2589.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0b5394; font-size: large;">O livrinho de Maria José Lima Toledo – permita-me usar aqui o
diminutivo afetivo – é um encanto! Não é o primeiro. É o sétimo. Dela já falei
em outras ocasiões. Maria José é minha amiga, há muitos anos. Somos unidos por amizades
e admirações. Seu livrinho TEMPO DE MUDANÇA são pequeninas e breves histórias
de personagens, quase reais, muito bem trabalhadas, com perfis magníficos, parecendo
que foram retiradas, pela mágica competência da autora, de vetustos compêndios escolares da <i>História Universal</i> de um Carl Grimberg. Em todos os perfis encontramos a mudança, o Leitmotiv,
de sua narrativa, que está explícita numa poética citação, logo nas primeiras
páginas dessas preciosas narrativas: “<i>A
expectativa de mudança é a razão da vida do sonhador</i>”. A cultura histórica e
geográfica de Maria José brinda-nos com as localizações de instituições, de povos com seus costumes, de cidades com seus edifícios e casarios, que, indiscutivelmente, atraem a nossa atenção para o que está, em seu entorno, sempre nos envolvendo, dinamicamente. Assim, passamos
a conhecer sítios e personagens, figuras como um Frederico Rosental, engenheiro
que reencontra a magia do amor sincero, muito distante da nevoenta São Paulo.
Ficamos boquiabertos com o destino da funcionária pública, Mia. Assustamo-nos
com o excêntrico poeta Willian Pater, que passa do lirismo para uma perigosa e assombrosa
contravenção mercantilista e vem a óbito tragicamente. Maria José apresenta,
ainda, o Professor universitário belga, Jefferson Halley, um mestre perfeito na
administração pedagógica, que reformula os conceitos didáticos da famosíssima
Sorbonne. Talvez esteja aí projetado, no perfil acadêmico da personagem belga, o
fantástico poder didático da autora, professora magnífica que foi, em todos os
níveis, no exercido do magistério, em instituições exemplares e de referência, no
Rio de Janeiro. E o que falar do
fantástico Dr. Christopher Kresley? Bacharel em Direito, depois juiz do Supremo
Tribunal grego, nomeado por concurso, como deveria ser aqui no Brasil, em vez
de termos esses comprometidos senhores de toga amassada, indicados por
Presidentes corruptos... Mas, em todas as histórias de vida das personagens que
habitam seu livrinho, o Rafael Toledo foi a que mais diretamente explicitou – e
conseguiu – a vontade de se tornar outra pessoa, mesmo ao fim da vida, isto é
depois de aposentado. Por fim, a última personagem retrata a própria autora, transfigurada
em Hannah, trazendo-nos reminiscências, sentidos de vida, colocando-se no
espaço-tempo da sempre renovação de tudo, com muito afeto e esperança. Hannah é
a personificação da poesia que existe dentro dessa Maria José, educadora de múltiplas e inúmeras experiências, muitas reais, mas aqui, no último e cabalístico Capítulo 7,
imaginárias. São experiências que fazem todo o sentido. Todas elas, com a verossimilhança necessária à urdidura de qualquer narrativa literária. São cenas passadas na cidade norte-americana
de Willoughby, Ohio, Condado de Lake, que podem, magicamente ocorrer em Washington, cidade onde a autora viveu, por dois anos e meio, a poesia de uma grande experiência transformadora.
Os textos do livrinho de Maria José, TEMPO DE MUDANÇA, são separados, uns dos
outros, por suas pinturas, acrílicos sobre telas, magníficas abstrações, como:
<i>Círculos</i>; <i>Sol e Mar</i>; <i>Explosão</i>; <i>Traços</i>; <i>Clone</i>; <i>Pôr do Sol</i>; <i>Olho Grego</i>; <i>O Voo</i> e
<i>Arco Íris</i>. Minha amiga Maria José Lima de Toledo Sanches Figueiredo, nome que nobres princesas adorariam possuir, é uma criatura incrível:professora, escritora, poeta, atriz e pintora. Nem todos têm o privilégio de conhecer pessoas assim. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0b5394; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #0b5394; font-size: large;">ATÉ BREVE<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-45901295170539202512018-05-11T13:58:00.001-03:002018-05-11T14:00:29.797-03:00UM ÍCONE DO FUTEBOL BRASILEIRO DE TODOS OS TEMPOS<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk8sWKq8LrKVhFM_VYMGihICMHszB9c1zmQ4voHIwBn4YEHKJIUSsqvlaTNJrUxUFWn5f_4Vdr9JZXG6L-ALUEKrZEapRgxKuJRUBgW8-dkM88njcCMvQAXGq4sdiultznSPf-/s1600/Ademir.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="228" data-original-width="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk8sWKq8LrKVhFM_VYMGihICMHszB9c1zmQ4voHIwBn4YEHKJIUSsqvlaTNJrUxUFWn5f_4Vdr9JZXG6L-ALUEKrZEapRgxKuJRUBgW8-dkM88njcCMvQAXGq4sdiultznSPf-/s1600/Ademir.jpg" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsOkKnGKvgHgcGuKuRskfVoqdK3YN0Ew308l4hHfQZcZA4klU3axJsXTJEA1E82UqvQpVPSRqEuegjtA_zlIkKe9yEoA-Kj6ZPmArpAeguenK6hQgkKn9F2-bentQHvmjy_UXq/s1600/flu+1946.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="279" data-original-width="400" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsOkKnGKvgHgcGuKuRskfVoqdK3YN0Ew308l4hHfQZcZA4klU3axJsXTJEA1E82UqvQpVPSRqEuegjtA_zlIkKe9yEoA-Kj6ZPmArpAeguenK6hQgkKn9F2-bentQHvmjy_UXq/s320/flu+1946.jpg" width="320" /></a><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p><br /></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">Instigado por meu amigo do Face Book, o jornalista André
Felipe De Lima, do nosso sempre lindo Rio de Janeiro, que hoje publicou um
sentido texto, em homenagem aos 22 anos sem Ademir Marques de Menezes,
lamentando-se, ainda, de não ter visto o grande craque jogar, lembrei-me de um
encontro que tive com o grande jogador. Conheci Ademir pessoalmente. Ele era
amigão do irmão de um primo, por afinidade, casado com minha prima de primeiro
grau. Ela era, também, minha afilhada. Numa festança em Jacarepaguá, passei
horas conversando com ele. E confessei o meu primeiro alumbramento
futebolístico. O craque ficou de queixo caído... Eu tinha 13 anos e fui ver no
Maracanã o jogo Brasil e Espanha, pela Copa de 1950. Declaro, agora e
publicamente, o número de parabéns que já cantaram para mim, soprando
velinhas...Pois bem, disse ao Ademir, tomando umas e outras, na bela casa de
minha prima e afilhada, junto a familiares e muitos amigos, que ele me encantou
e a todos que lá torciam freneticamente pelo Brasil, com um aqueles golaços
(ele fizera dois) dos 6 X 1, contra os touros madrilenos e contra Ramallets,
que impediu maior goleada... Ao som das touradas de Madri de Braguinha e João
de Barro, Ademir arrancou quase da meia lua da área brasileira e veio numa
disparada de touro bravo, como na última corrida de touros de Salvaterra. Nunca
havia visto ninguém correr com a bola em tamanha disparada e com total controle
de toda a situação até balançar o véu da noiva e abraçar, em êxtase, Zizinho,
Jair e Chico. Ademir estava iluminado e destruiu a fúria espanhola. Ele disse
naquela noite memorável em que relembrávamos, junto aos meus, aquelas façanhas,
dignas de serem contadas por um Rebelo da Silva, que se emocionou bastante com
a cantoria do Maracanã, naquele 13 de julho. Três dias depois, também no mesmo
monumental Maracanã superlotado, com gente até no teto das arquibancadas, foi
como todos nós víssemos o Conde dos Arcos morrer na verde arena, golpeado pelo
improvável gol de Ghiggia, quase no finzinho do jogo, aos 34 minutos do segundo
tempo. Mas Ademir, logo, logo, deu aquele sorriso enorme e todos brindaram sua
presença e batemos as mais belas palmas que já foram ouvidas em todo o bairro
do Jardim Clarice, em Jacarepaguá. Lá, nós estávamos reunidos alegremente com
um dos mais emblemáticos ídolos do futebol brasileiro, que, diga-se de passagem,
deu ao meu tricolor das Laranjeiras o supercampeonato carioca de 1946. Mas
Ademir me confidenciou que era vascaíno de coração... <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #783f04; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA</span></span></div>
<span style="color: #783f04; font-size: large;"><br /></span>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-17424246974746947822018-05-10T18:32:00.001-03:002018-05-10T21:32:22.343-03:00PEDRO BALA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtObvNAc6DpsrD8mP-oyvrMOc7lISXYlFg_KkBUgTbqwx3eKsSFmzPorGPW6QFrD20MLKKUekCu7MWrI-6DdQgPkePEaZpyh_HVv8VaH2bNK3PentgkVVz_D_sdm5_bQp473y8/s1600/Madureira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="640" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtObvNAc6DpsrD8mP-oyvrMOc7lISXYlFg_KkBUgTbqwx3eKsSFmzPorGPW6QFrD20MLKKUekCu7MWrI-6DdQgPkePEaZpyh_HVv8VaH2bNK3PentgkVVz_D_sdm5_bQp473y8/s400/Madureira.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 13px; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; white-space: pre-wrap;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #1d2129;"> </span><span style="color: #274e13;">Vou contar um "causo" futebolístico, quase uma crônica. Assisti a um jogo, onde Pedro Bala jogava pela ponta direita do tricolor suburbano, o Madureira, o velho Madura. O palco estava montado em Conselheiro Galvão, num domingo de sol escaldante e pouco vento. Todos os torcedores homens sem camisas. Embora o campo fosse do Madureira, a maior torcida era do Flamengo. Eu era adolescente e fora ao jogo com os vizinhos, gente muito respeitada em quem meu pai confiava piamente. Todos nós éramos tricolores, mas meu vizinho levou também sua neta que namorava um flamenguista, morador algumas casas depois da nossa, mais perto da Praça Seca, em Jacarepaguá. Era o Nelson Proporção, apelido de colégio, pois tinha as pernas mais curtas, em proporção ao corpo. Entenderam, né? A observação popular costuma batizar fatos, coisas e objetos com e por estranhamentos, e isso dá à situação um quê especial de graça e, muitas vezes, de poesia. Lembram-se do nome da cachorra do casal de retirantes de Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Pois é, ninguém na família tinha nome próprio, só a cachorra que vivia naquele deserto sem água, era a Baleia. Mas voltando ao derby suburbano. Estava sentado na arquibancada ensolarada, junto ao alambrado do campo, com todos os distintos vizinhos. Naquela época nos campos de futebol, quando apareciam senhoras nas arquibancadas, até os bêbados se comportavam como coroinhas de missas solenes das grandes catedrais. Pois é. Lá estavam meu vizinho, sua esposa, filha, genro e a neta com seu namorado, quase noivo. Pedro Bala estava infernizando a vida da defesa do Flamengo e era o próprio demônio chutando para o gol e cruzando perigosamente a bola para a grande área rubro-negra. Ao passar driblando e em disparada, somente comparada com a de julinho, muito tempo depois, aquele mesmo Julinho do Palmeiras e da Seleção Brasileira, a distinta torcida flamenguista e suburbana da mulambada assanhada, esquecendo o código de honra até então em vigor, uníssona, entoou o coro de Pedro Baaala...; Baaala Filho-da-Puta...; Pedro Filho-da-Puta...; Pedro Baaala Filho da Puta! Ficaram meus vizinhos, noivas, avó, avô e toda a parentada com cara de santos barrocos descascados, envergonhadíssimos e quase congelados, apesar do tremendo calor que fazia...Pensam que ficou nisso? Meus amigos, Pedro Bala cortou o lateral esquerde, creio que era o Jordan, foi em direção à meia-lua da área, e deu uma pedrada com a perna esquerda que o som da bola de atacar foi ouvido nas duas plataformas da estação de trem, muito longe do gramado. A bola entrou no arco e bateu violentamente no garfo que sustenta a rede voltando para a entrada da área. Pedro Bala pulou no pescoço de um companheiro de equipe e outro o beijou escandalosamente. Mas a bola, que veio de dentro da meta flamenguista, caiu no peito do destemido Pavão, valente e raçudo beque central do mengão, que deu um bico pra frente e não mais me lembro quem chutou para o gol e fez Flamengo um a zero, pois o juiz não anotou o gol de Pedro Bala e validou o do Flamengo. O tempo fechou em Conselheiro Galvão. Eu e meus vizinhos só chegamos em casa às 10 hora da noite, pois Madureira toda se transformou num campo de batalha e nós tivemos que esperar que a Cruz Vermelha nos atendesse, pois éramos, quase todos, tricolores e não tínhamos nada a ver com aquilo.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; white-space: pre-wrap;"><span style="color: #274e13; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; white-space: pre-wrap;"><span style="color: #274e13; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA</span></span></div>
<div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-17097900628084901272018-05-10T16:20:00.001-03:002018-05-10T16:21:38.449-03:00TABU É A MESMA COISA QUE ESCRITA?<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrSAoTGLCy1u9dVZYLafoBref-Pm4GFSbd_nIGINPLhKpBl4TAdiGE48ec7wKkWZk8gxxl6lyqbA9HangKQdo1IXXmuQRr9QarIB5_hAsvQVaPG7gqm_sUXmBXL5A6MhwJ4Cf2/s1600/FUTEBOL+FALADO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1085" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrSAoTGLCy1u9dVZYLafoBref-Pm4GFSbd_nIGINPLhKpBl4TAdiGE48ec7wKkWZk8gxxl6lyqbA9HangKQdo1IXXmuQRr9QarIB5_hAsvQVaPG7gqm_sUXmBXL5A6MhwJ4Cf2/s400/FUTEBOL+FALADO.jpg" width="270" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Dedico esse
trabalho ao Professor Leodegário A. de Azevedo Filho, mestre e amigo. Minha
eterna saudade. <span style="color: #274e13;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p><span style="color: #274e13;"> </span></o:p></span><span style="color: #274e13; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13;"><span style="line-height: 107%;">Em meu
livro, FUTEBOL FALADO (2010), que estuda a linguagem especial do futebol, do
ponto de vista da criação verbal, mostrando e analisando os fenômenos de
renovação e inovação lexicais, entre outras abordagens linguísticas,
sociológicas e históricas, na página 131, apresentamos o verbete ESCRITA, que
diz o seguinte</span><span style="line-height: 107%;">:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;">126- ESCRITA<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;">“Na
linguagem esportiva em geral, significa um determinado fato que, sempre da
mesma forma, acontece. Uma rotina. Muito usado nas transmissões de futebol.
“Manteve a escrita”; “Olha a escrita aí”; “o Vasco manteve a escrita com o
Botafogo”; “O Fluminense manteve a escrita com o Vasco”. Substantivação da
forma feminina do particípio do verbo ESCREVER”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;">O vocábulo
ESCRITA, em linguagem figurada informal, está dicionarizado e é assim que
Antônio Houaiss registra esse vocábulo, em seu Dicionário da Língua Portuguesa:
“Escrita é o que constitui uma rotina ou aparenta constituir uma rotina”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;">Parece que
esse termo tem sua origem nos cadernos de anotações que existiam nas antigas
vendas, empórios ou armazéns de antigamente, onde o dono do negócio dava
crédito aos seus melhores fregueses, anotando, escrevendo no seu caderno os
valores devidos, referentes a gastos no estabelecimento, geralmente de secos e
molhados. “Está no caderno” ou “ficar na escrita do português da venda” eram
expressões que se ouviam e se presentificavam como formas linguísticas vivas,
ativas, portanto, num determinado tempo, e perduraram enquanto esse comércio de
bairro pode resistir às investidas dos supermercados, que hoje dominam esse
segmento do comércio de atacado e varejo, das utilidades e gêneros alimentícios
de primeira necessidade. Essas expressões marcaram significativamente a vida de
todos os cidadãos modernos e hoje estão recuperadas e se resumem no termo
ESCRITA, que, portanto se prende ao campo semântico de rotina, costume e
repetição. Em rotina está presente a ideia do hábito de caminhar. Aliás, rotina
vem do francês “routine”, que significa propriamente hábito do caminho (route),
como nos ensina A. Nascentes.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;">Então,
ESCRITA, sob este aspecto, isto é, como linguagem figurada, surgiu
metaforicamente, significando uma forma de crédito numa operação comercial dos
pequenos armazéns de antanho. Possivelmente, essa metáfora se estendeu para
outras linguagens especiais, mas é na linguagem especial do futebol que é usada
ainda hoje, como exemplifica o filólogo Antônio Houaiss. Também, no Novo
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, vamos encontrar o mesmo registro, com
um exemplo bem mais significativo, pois cita a fonte do emprego da linguagem
figurada que envolve o termo ESCRITA, situado no campo semântico de ROTINA.
Assim: “O América conseguiu sua primeira vitória na Taça de Ouro ao derrotar o
Bahia por 2 a 0, ontem à noite, na Fonte Nova, confirmando a escrita de que
dificilmente perde seus jogos na Bahia” (Jornal do Brasil, 14.2.1985).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;">Ultimamente,
estamos observando que muitos comentaristas de futebol, como também locutores,
repórteres e demais profissionais ligados aos esportes de massa, eletrônicos ou
não, estão relacionando o termo ESCRITA com o termo TABU, atribuindo a este os
significados daquele, numa espécie de expansão de conceitos. Aliás, a EXPANSÃO
é um fenômeno linguístico comum e que acontece com alguns termos da linguagem
especial do futebol, cujo bom exemplo seria o verbo PENDURAR, que passou também
a significar APOSENTAR-SE, na expressão PENDURAR AS CHUTEIRAS. Isso ocorre por
similitude das ações, pois quem PENDURA a sua ferramenta de trabalho num prego,
em uma parede, está querendo dizer que deixa o trabalho, definitivamente, para
se aposentar. O ex-presidente Jânio Quadros pendurou um par de chuteiras no
lado externo da porta de seu gabinete de trabalho, quando resolveu não mais se
candidatar a nenhum cargo político eletivo. A pressão social do futebol,
invadindo a vida social, foi enorme, pois o político se utilizou de um símbolo
do futebol, que, semiologicamente, traduziu sua intensão de abandonar a vida
política, aposentando-se. Uma metáfora plástica e semiológica, portanto. E,
talvez, muito mais. APOSENTA-SE, para viver de outras fontes de renda. Ainda, o
verbo PENDURAE, na expressão “estar pendurado” também pode significar estar
endividado, estar devendo, surgindo essa ideia, por uma comparação ao que
acontece com a materialização da dívida (o papel, a promissória, o papagaio)
ficar, na casa ou na loja do credor, espetada num prego, na parede, como
acontecia, por exemplo, no antigo comércio de secos e molhados de antigamente.
Por metonímia, surge o termo PREGO para representar a dívida, ou o penhor, em
expressões muito usadas e ouvidas: “estou no prego”; “botei a joia no prego”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas entre ESCRITA e TABU não é tão evidente a
similitude, isto é, não ocorre uma perfeita equivalência de sentido, a não ser
que o conceito de TABU esteja, coletivamente, tomando outro significado, num
determinado segmento sociocultural específico, de forma equivocada. Isso também
pode acontecer e é um fenômeno linguístico possível de ser explicado, como
acontece, por exemplo, com o termo PINGUE, onde seus constituintes fônicos
parecem quebrar a arbitrariedade do signo linguístico, dando a falsa impressão
de se tratar de alguma coisa que significa POUCO, quando, na realidade
etimológica (Lat. Pingue, is), PINGUE significa MUITO, ABUNDANTE, GORDO,
NUTRIDO.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;">Já o termo
TABU vem do polinésio tabu, que significa sagrado, invulnerável. "TA"
significa marcado e “BU” é uma partícula intensiva. Talvez esteja aí a ligação
semântica, através do processo conhecido como etimologia popular (aqui não
fonética), pois é forte o sema contido em ESCRITA, relacionado a MARCADO,
ANOTADO, ROTINEIRAMENTE ANOTADO, ROTINEIRAMENTE ESCRITO, ROTINEIRAMENTE
MARCADO. Mas isso é uma especulação etimológica, uma hipótese diacrônica, num
estudo superficial que pode até estar correto, mas é duvidoso e especulativo.
Contudo, a nosso juízo crítico e aprofundado, não existe essa ilação e o que
ocorre mesmo é que está se dando um novo significado ao significante antigo
TABU, quer por desconhecimento dos sentidos primeiros do termo polinésio ou por
se querer encontrar no invulnerável, no sagrado de tabu, uma relação qualquer
com ROTINA. Não vejo como conciliar isso. A não ser que, através de um tremendo
esforço semântico, se imprimisse ao sintagma QUEBRAR UM TABU, o sentido de
QUEBRAR UMA ESCRITA e, nesse caso, o termo TABU perderia totalmente o seu
significado primeiro. Isso, contudo, poderia ocorrer e não seria nenhuma
surpresa, pois é muito difícil, como já dizia Freud (Totem e Tabu, Standard,
1996) encontrar uma tradução final para o TABU polinésio, pois não se possui
mais o primitivo conceito que conotava e o definia como um termo que possuía
dois sentidos contraditórios: o sagrado e o proibido. Observem os exemplos
abaixo. Lá não se encontram os sentidos de sagrado nem de proibido:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13;">a) "O
Brasil nunca foi campeão olímpico. Vamos quebrar esse Tabu Essa Escrita , em
2014”; (Agora já o é)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13;"><span style="line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;">b) “Veja
esse Tabu (Essa Escrita) futebolístico(a). O Brasil sempre perde nas
Olimpíadas”; (agora já venceu)<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13;">c) “O Brasil possui o título de campeão
olímpico. Isso é um Tabu (Uma Escrita) a ser quebrado(a)”. (Agora já o tem)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13;">Portanto,
não concordamos com a criação de novos significados
para TABU, deixando essa palavra que era conhecida entre os antigos romanos
como “sacer”, entre os gregos como “äyos” e entre os hebreus como “kadesh”,
todas com o sentido aproximado do termo polinésio. TABU será, portanto, tanto
sagrado, consagrado, como misterioso, perigoso, proibido, impuro. Mas, nunca
ROTINA, e muito menos ESCRITA. Mas tudo
pode mudar...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13;"><span style="line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #274e13;">ATÉ A
PRÓXIMA<span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-21336218529950739292018-05-09T11:31:00.003-03:002018-05-09T11:31:59.921-03:00TROVAS, TROVINHAS E TROVÕES - V - (COMENTÁRIOS LINGUÍSTICO-LITERÁRIOS)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWHe7IqiPJ5fgzyEI3eiBJEXhwW815JD0dcaBJNWLVeYp9mX1Yxni1i_TEvgv2R0UK_iRF-u0qMusvxnhY-MuGG_oH1KSvPWLbqHPrsX2VAfobpBIJc3nV4yloMMQZIJ6bGq0z/s1600/Santo+de+porre.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="254" data-original-width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWHe7IqiPJ5fgzyEI3eiBJEXhwW815JD0dcaBJNWLVeYp9mX1Yxni1i_TEvgv2R0UK_iRF-u0qMusvxnhY-MuGG_oH1KSvPWLbqHPrsX2VAfobpBIJc3nV4yloMMQZIJ6bGq0z/s1600/Santo+de+porre.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">COMENTÁRIOS
LINGUÍSTICO-LITERÁRIOS<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763;"><span style="font-size: large;">Já escrevi que hoje em dia, é enorme a produção
de trovas de todos os tipos, sejam filosóficas, líricas ou humorísticas. Mas bons textos, boas crônicas, contos inteligentes e empolgantes, poemas
envolventes, belas trovas ou até mesmo escritos como estes de Sérgio Antunes são raros, mas surgem, muitos nas páginas da internet. Sérgio Antunes é poeta e escritor. Dizia ele, uma vez, que um trovador e repentista de Pindamonhangaba vivia
fazendo versos que falavam do céu de anil, das moças garbosas, de sinos da
igrejas, de tudo, enfim. Um dia, estava esse trovador num bar da cidade, com uns amigos, quando entrou
a Rosa. Rosa era a mulher do Lino, o
farmacêutico local. Ninguém precisava descrevê-la: era um monumento! Uma gostosona, com o perdão da palavra. Aí os amigos provocaram.
"Não vai fazer uns versinhos pra Rosa?" E ele fez: </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
"Com seu corpo de violino<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
e seus pudores precários,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Rosa, a mulher do Lino<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
virou a extra de vários".<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-size: large;">Esse tipo de humor não se vê com
facilidade. Certamente, Ademar Macedo bateu palmas lá do céu ao lado de seu
santo que agora não fica mais de porre! É raro um texto igual a esse, mas é uma
delícia! Esse Sérgio Antunes também é muito bom,! Que tal esse seu quarteto, em
decassílabos? </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
“Nervosa? Perguntei o que é que houve<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
e ela pediu que eu tocasse nela<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
e eu, obediente, toquei nela,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
a quinta sinfonia de Beethoven”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-size: large;">Mas, para quem gosta de trova
reflexiva (será que alguém se "trovará" algum dia? Entenderam, né?), lá vai uma,
citada, ainda, por Sérgio Antunes: </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
"Trova, conto de um canto,</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
poça d'água sobre o chão,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
tão pequenina e entretanto,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
reflete toda a amplidão".<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-size: large;">E continua esse mesmo autor com
seu repertório de “causos” poéticos, envolvendo trovas de preciosíssimas
construções. Diz ele: "Na Bahia houve um concurso para fazedores de
trovas. Mas era preciso rimar com "lâmpada". A dura regra que afastou
os concorrentes teve um ganhador:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
"Dizem que certo vigário<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
encomendou uma lâmpada<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
para homenagear a estampa da<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Virgem Santa do Rosário".<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-size: large;">Saída sensacional. O trovador
usou a sílaba átona da combinação da preposição<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>- DE - com o artigo feminino<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- A
-<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>como parte integral de um vocábulo
fonético proparoxítono, formado por uma palavra paroxítona ESTAMPA, que cedeu
sua sílaba tônica TAM para formar o vocábulo fonético proparoxítono “ES<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">TAM</b>PA DA”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É ou não é criatividade poética? Um caso
raríssimo de “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">anacruse</i> invertida”. </span><span style="color: #073763; font-size: large;">Seguem, agora, uma série de
trovas e poeminhos muito bem construídos, todos com “raricidades” e alguns “estranhamentos”,
quer na semântica, no estilo ou no ineditismo da construção.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b> </b><b>PAULO LEMINSKI:</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Todo bairro tem um louco<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
que o bairro trata bem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Só está faltando um pouco<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
pra eu ser tratado também.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-size: large;">O jogo semântico do verbo TRATAR
é que dá à trova o humor característico da poesia satírica de Paulo Leminski.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO:</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Brigas de amor têm segredos,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
e eu juro que me comovo<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
ouvindo os nós dos teus dedos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
batendo à porta de novo...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="color: #073763; font-size: large;">O segredo das brigas de amor é a
reconciliação. Ou o arrependimento, que surge por uma poética hipálage.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>AMALIA MAX:</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Relógio, fique parado!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Não deixe o tempo passar...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Eu quero ser enganado<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
quando a velhice chegar!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="color: #073763; font-size: large;">A teoria da relatividade pode ser também
explicada pela poesia. </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>CASTRO ALVES:</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Na hora em que a terra dorme<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
enrolada em frios véus,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
eu ouço uma reza enorme<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
enchendo o abismo dos céus...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: #073763;">Todos os sintagmas se entrelaçam
em suas constelações semânticas (terra dorme – frios véus – reza enorme –
abismo dos céus).</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>CECÍLIA MEIRELLES:</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Sou mais alta que esse morro,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
mais vasta que aquele mar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Há muito que me percorro<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
sem me poder encontrar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">
</span><span style="color: #073763;"><span style="font-size: large;">Quem tem a consciência da grandeza ou se torna um ser esnobe, ou vira
poeta.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p> </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>DENISE CATALDI:</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Deu muita sorte a vizinha<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
pulando o arame farpado,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
pois só rasgou a calcinha:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
o principal foi poupado!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: #073763;">O humor erótico contempla nosso
imaginário lírico, desde os trovadores medievais, e está registrado nos vários
Cancioneiros. Natália Corrêa, também, o registra em sua magnífica
antologia.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>FERNANDO PESSOA:</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Autopsicografia<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: #073763;">Fenômeno psicológico por que
passa o poeta no ato da criação artística, portanto é a sua Arte Poética.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-size: large;"> </span></span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
O poeta é um fingidor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Finge tão completamente<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Que chega a fingir que é dor<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
A dor que deveras sente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: #073763;">É o axioma. A poesia não está na
dor sentida, mas no fingimento dela. A dor real, para se elevar ao plano da
arte, tem de ser fingida, imaginada, tem de ser expressa em linguagem poética,
transfigurada. </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"><span style="font-size: large;">
</span></span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
E os que leem o que escreve,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Na dor lida sentem bem,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Não as duas que ele teve,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Mas só a que eles não têm.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="color: #073763;">Aqui, o poeta alude à fruição artística da
parte do leitor. O leitor não sente a dor real (inicial), que o poeta sentiu,
nem a dor imaginária (dor em imagens) que o poeta imaginou, nem a dor que eles
(leitores) têm, mas só a que eles não têm. Isto é, o que o leitor sente é uma
quarta dor que se liberta do poema, que é interpretado à maneira de cada um.
Há, portanto referência a quatro dores: 1ª) - a dor sentida (real); 2ª) -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a dor fingida pelo poeta; 3ª) -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a dor real do leitor; 4ª) -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a dor lida (dor intelectualizada, que provém
da interpretação do leitor e que é objeto da sua fruição, na linha do prazer do
texto de Roland Barthes e da perversão de Freud.</span></span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<o:p> </o:p>E assim nas calhas de roda</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Gira, a entreter a razão,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Esse comboio de corda<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Que se chama coração.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-size: large;">É a conclusão: o coração (símbolo
da sensibilidade) é um comboio de corda sempre a girar nas calhas da roda (que
o destino fatalmente traçou) para entreter a razão. Há aqui uma referência à
função lúdica da poesia, que começa na fruição de que o próprio poeta goza, no
ato da criação artística. São aqui marcados os dois polos em que se processa a
criação do poema: o coração (as sensações donde o poema nasce) e a razão (a
imaginação onde o poema é inventado). Fecha-se neste fim do poema como que um
círculo cuja linha limite marca uma pista sem fim em que nunca se esgota a
dinâmica do jogo sensação-imaginação.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b> GUILHERME DE ALMEIDA:<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Tudo muda, tudo passa,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
neste mundo de ilusão:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
vai para o céu a fumaça,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
fica na terra o carvão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-size: large;">A poesia transcendental de G. de
A. mostra a antítese entre a vida e a morte. É o “<i>revertere ad locum tuum</i>”.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b> J.G.DE ARAÚJO JORGE:</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Rosas tolas, tão vaidosas,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
que em belas hastes vicejam...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Vem, amor, olha estas rosas,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
quero que as rosas te vejam!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="color: #073763; font-size: large;">O poeta antecipa ao leitor a beleza maior de
sua amada e está nisso a grandeza e o encanto da trova de J.G.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p> </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b> NEWTON VIEIRA:</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Ficou mais lento o meu passo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Caminharei, mesmo assim!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Só temeria o cansaço<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
se me cansasse de mim...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-size: large;">A repetição do radical presente
no deverbal “cansaço”, espelhado no verbo “cansasse”, com a aliteração do
fonema / s / nos vocábulos “passo”, “assim”, “só”, “cansaço”, “se”, “cansasse”,
dão ao pequeno poema a sensação de um ritmo arrastado, unindo forma e
significação a essa sugestiva forma de poesia, a trova. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b> RAUL DE LEONI:</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Duas almas deves ter...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
é um conselho dos mais sábios:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
uma no fundo do ser,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
outra boiando nos lábios.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-size: large;">Raul de Leoni é, em geral, um
nome desconhecido, porque, parece, não pertence a uma escola de estilo de época
definido. Não foi eleito pelo modernismo e foi aplaudido pelo parnasianismo e
pelo simbolismo. Raramente é estudado nas escolas de segundo grau e seus textos
não caem nos Vestibulares. R. de L. não é parnasiano, não é simbolista, não é
modernista. Rodrigo Melo Franco, no prefácio à segunda edição de seu livro Luz
Mediterrânea, o caracteriza como ''poeta das ideologias ou das abstrações.''
Sua poesia transfigura a emoção que nasce das ideias e transfigura as ideias
que celebram a razão. Raul de Leoni concilia o dionisíaco e o apolíneo, como no
ideal nietzschiano. Quem gosta de Alberto Caeiro e de Ricardo Reis (de Fernando
Pessoa), tem uma boa chance de apreciar Raul de Leoni.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: #073763;">E fechando esta apresentação,
fiquemos com os poemas de</span> <b>Mário Quintana: </b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p><span style="text-align: center;">- I -</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
(Quadra em decassílabos)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Se as coisas são inatingíveis... ora!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Não é motivo para não querê-las...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Que tristes os caminhos se não fora<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
A mágica presença das estrelas!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-size: large;">As rimas preciosas do primeiro
verso com o terceiro, e do segundo verso com o quarto dão à quadra, formada por
decassílabos, uma formatação primorosa, podendo-se classificá-la como
magistral.</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
- II -<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
POEMINHO DO CONTRA<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Todos estes que aí estão<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Atravancando o meu caminho,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Eles passarão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Eu passarinho!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-size: large;">Esse conhecidíssimo poema de
Mário Quintana pode ser classificado como um perfeito estranhamento poético. O
estranhamento em literatura consiste em ser criado um texto para nos distanciar
da forma como apreendemos ver o mundo e a própria arte, fato que só o olhar
estético pode visualizar. É uma forma de se desfamiliarizar os objetos e os
fatos, reconstruindo-os estruturalmente com mais sofisticadas e trabalhosas
formas linguísticas, passíveis de percepção, pois o processo de entendimento
estético é um fim em si mesmo e deve ser prolongado. Indicamos a leitura de </span><span style="color: #073763; font-size: large;">Vicktor </span><span style="color: #073763; font-size: large;">SHKLOVSKY, (1893-1984. “<i>A arte como processo</i>”. Para uma tomada rápida a respeito desse assunto, consultar </span><span style="color: #073763; font-size: large;">Tzvetan </span><span style="color: #073763; font-size: large;">TODOROV, in, "<i>Teoria da
Literatura</i>", I, Lisboa: Edições 70, 1999. Desta forma, um estranhamento da
linguagem força os indivíduos a reconhecer que existe uma outra linguagem, a
artística: ou seja, a que vai eliminar, na tradução simbólica,</span><span style="color: #073763; font-size: large;"> </span><span style="color: #073763; font-size: large;">o automatismo da percepção. Seu objetivo é o
de criar uma visão que resulta de um entendimento (des)automatizado das coisas.
O estranhamento tira de cena a familiaridade das coisas com ou sem os componentes
linguísticos que constituem a narrativa. Machado de Assis, em Esaú e Jacó, diz
que “<i>a ocasião faz o furto, o ladrão já nasce feito</i>”, contrariando o ditado
popular de que a <b>ocasião faz o ladrão</b>. Portanto, vê-se que o “texto literário
escapa das medidas do previsível, fala do mundo mediante uma imagem do mundo,
permitindo a apreensão do real pela imaginação”. É o que faz Mário Quintana,
nesta escritura, Poeminho do Contra. O poeta conjuga a forma verbal do verbo
PASSAR, “<i>eles passarão</i>”, completando o sentido dos dois primeiros versos e
termina com o estranhamento “<i>Eu passarinho</i>”, fundindo os radicais do verbo e do
substantivo numa conjugação insólita, improvável, desconstruindo a linearidade
do signo linguístico (Saussure), onde o substantivo “<i>passarinho</i>” se torna verbo
por deter o radical de PASSAR, porque,</span><span style="color: #073763; font-size: large;">
</span><span style="color: #073763; font-size: large;">ao mesmo tempo, contém um possível sufixo nominal, diminutivo, INHO, em
situação de oposição, por comutação, ao imaginário, também sufixo, aumentativo,
ÃO, de “<i>Eles passarão</i>”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #073763; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA</span></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-28502106243535267642018-05-07T19:26:00.001-03:002018-05-07T19:35:49.259-03:00UM FALSO CACÓFATO EM UM POEMA BARROCO<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsd0TeY6UmB86j-TmavjyBSZGVni7V4I603YzKtgcZx1_z7Ujsf8LdYqSGYjS35A2RuDPC7Z8qqDKNYcXSbG35WAv-WLxbxtR5qgL3jR-jssNSaLDlfANLppBxCQwfwqritpJe/s1600/3235499308-luis-de-camoes-lirica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="900" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsd0TeY6UmB86j-TmavjyBSZGVni7V4I603YzKtgcZx1_z7Ujsf8LdYqSGYjS35A2RuDPC7Z8qqDKNYcXSbG35WAv-WLxbxtR5qgL3jR-jssNSaLDlfANLppBxCQwfwqritpJe/s320/3235499308-luis-de-camoes-lirica.jpg" width="240" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: large;"><span style="color: purple;">Mattoso
Câmara Jr., em seu <i>Dicionário de
Linguística e Gramática</i>, nos diz que CACÓFATO é toda cacofonia em que há
sugestão de palavras descabidas ou inconvenientes, em virtude do encontro de
vocábulos num mesmo grupo de força, onde não há pausa intercorrente. E continua
o eminente linguista brasileiro: “O cacófato está latente em muitos
agrupamentos vocabulares, normais e até inevitáveis”. E cita como exemplos: “<i>ela tinha</i>”; “<i>não passa disso</i>” e muitos outros. Antenor Nascentes também dizia que há
cacófatos inevitáveis e que não se deve ter vergonha de se pronunciar
expressões como “na vez passada”; “o time dele nunca ganhou de ninguém” e
outras sentenças desse tipo. Contudo, o mestre filólogo do <i>Idioma Nacional</i>, não aceitava todas essas estranhas sonoridades na
língua escrita, deixando claro, então, que a língua é uma pluralidade de “paroles”
à disposição do sujeito falante, devendo este saber usá-las com estilo e
correção. Pegando o gancho da dicotomia
saussuriana, “langue” X “parole”, é importante ressaltar, também, que existe, a
partir do elemento grego KACÓS, É, ÓN, mau, ruim, o termo CACOGRAFIA, CACO +
GRAFIA, por influência do francês CACOGRAPHIE.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: large;"><span style="color: purple;">A cacografia é a grafia errônea dos vocábulos. É um barbarismo
ortográfico, que ocorre na escrita dos semialfabetizados. Ocorre, também, na
escrita de pessoas com pouca leitura e instrução e aparece na escrita de
pessoas que ainda escrevem pelas regras de uma ortografia já fora de uso ou,
ainda, por hábito, ou por convicção. Antenor Nascentes dizia em suas aulas (e
mantinha o que dizia em suas obras) que escrevia sem respeitar os Acordos
Ortográficos (principalmente as regras de acentuação) em vigor na sua época, por
convicção e respeito aos estudos e pesquisas filológicas que realizava. Mas
voltando ao CACÓFATO, lembrei-me do primeiro verso do conhecido soneto atribuído
a Camões, que inicia assim: “<i>Alma minha
gentil, que te partiste</i>”. Durante minhas atividades de professor de Língua
e Literatura tive de responder a indagações de alunos e de amigos de outras
áreas do conhecimento, a respeito do grupo de força que inicia o soneto 2 (13 –
19) de RH – Rhythmas, primeira edição, de 1595, (RI – Rimas, segunda edição, de
1598). Na realidade, Camões não cometeu nenhum cacófato. Então o que acontece? Trata-se
de um “cacófato sincrônico”, a posteriori, e nunca “diacrônico”, pois no século
XVI não existia ainda, na Língua Portuguesa, a palavra MAMINHA, que, segundo
Antônio Houaiss (Dicionário da Língua Portuguesa), só tem registro escrito, em
português, no Século XVIII (1789, MS ¹), com o significado de <i>mama pequena, mamilo</i>. Como o soneto tradicionalmente atribuído a Camões
é um dos mais conhecidos e belos atribuído ao vate português, em seu caminho à
suntuosidade conflitual do barroco, vamos mostrar a pequena análise textual
feita sobre ele pelo eminente Professor Leodegário A. de Azevedo Filho, um dos
maiores estudiosos da lírica camoniana em todos os tempos. Antes de apresentar o poema, é bom lembrar que
não existe nenhum autógrafo de Camões em seus poemas em RH e em RI, pois suas
composições líricas foram editadas depois de sua morte. Leodegário Azevedo
Filho, debruçando-se por mais de 30 anos sobre a lírica camoniana, estabeleceu,
cientificamente, o problema da autoria, publicando sua tese em mais de 9 extensos volumes,
editados pela Casa da Moeda de Portugal. Hoje, sua teoria é aceita por quase toda
crítica especializada do mundo todo. </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: large;"><span style="color: purple;"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-size: large;"><span style="color: purple;">Eis o poema: </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">Alma minha
gentil, que te partiste<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">tão cedo
deste corpo descontente,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">repousa tu
nos Ceos eternamente,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">e viva eu cá
na terra sempre triste.<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">Se lá no
assento etéreo, onde sobiste,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">memória
deste mundo se consente,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">não te
esqueças daquele amor ardente<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">que já nos
olhos meus tão puro viste.<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">E se vires
que pode merecer-te<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">algua<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>cousa a dor que me ficou<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">da mágoa,
sem remédio, de perder-te,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">pede a Deos,
que teus anos encurtou,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">que tão cedo
de cá me leve a ver-te,<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #351c75;">quão cedo
dos meus olhos te levou.</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #444444; font-size: x-small;">Fontes quinhentistas:
PR – 10; CrB – 31; LF – 8v; M – 12; E – 36v; RH – 4v; RI -5v.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #444444; font-size: x-small;">Fonte básica: LF – 8v.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #444444; font-size: x-small;">ABREVIATURAS<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #444444; font-size: x-small;">PR – “Índice” do
Cancioneiro do Padre Pedro Ribeiro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #444444; font-size: x-small;">CrB – Cancioneiro de
Cristóvão Borges.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #444444; font-size: x-small;">LF – Cancioneiro de
Luís Franco Correa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #444444; font-size: x-small;">M – Cancioneiro de
Madrid.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #444444; font-size: x-small;">E – Cancioneiro da
Biblioteca do Escorial.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #444444; font-size: x-small;">RH – Rhythmas,
primeira edição, de 1595.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: #444444;"><span style="font-size: x-small;">RI – Rimas, segunda
edição, de 1598.</span><span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: purple; font-size: large;"> Eis a análise:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: purple; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: purple; font-size: large;"> A tradição impressa, a partir do segundo verso (tão cedo
deste corpo descontente), uniformizou o uso da palavra VIDA, empobrecendo o
vocábulo do soneto: “tão cedo desta <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vida</i>
descontente”. Muito provavelmente, entretanto, aí se tem o CORPO e não a VIDA,
como se tem MUNDO no sexto verso e não VIDA (memória deste <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mundo</i> se consente). O substantivo CORPO, em sentido
filosófico-religioso, refere-se à matéria de que todos somos constituídos, em
oposição à alma, nossa parte imaterial. A partir do Maneirismo, começa a
desarticular-se a harmonia clássica existente entre os dois termos do binômio
CORPO e ALMA, numa tensão que iria chegar às últimas consequências no Barroco. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: purple; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="color: purple; font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA<o:p></o:p></span></span></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-6496906764810351932018-04-21T15:13:00.004-03:002018-04-21T15:18:28.011-03:00ADEUS A UM AMIGO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiorPfQ16tWangwHrkWCigwq3B2WqBRQTLKponbZ-YiyDtgoXuiLF4__AS2BoUn6n3NRJSdOhyphenhyphenE3EZUDeN8Sxg_5sScL2VxJ9Fg4SLPMhbul5N_CYq42AyKVL4IXTasgHg6fpFN/s1600/Prof.+Rosalvo+do+Vale.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="167" data-original-width="240" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiorPfQ16tWangwHrkWCigwq3B2WqBRQTLKponbZ-YiyDtgoXuiLF4__AS2BoUn6n3NRJSdOhyphenhyphenE3EZUDeN8Sxg_5sScL2VxJ9Fg4SLPMhbul5N_CYq42AyKVL4IXTasgHg6fpFN/s400/Prof.+Rosalvo+do+Vale.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-size: large;"><span style="color: #660000;">Hoje, dia 21 de abril de 2018, a Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), através
do acadêmico, Professor Carlos Eduardo Falcão Uchôa prestará homenagem à memória
de nosso confrade Rosalvo do Valle, recentemente falecido. Como não poderei
comparecer, sirvo-me do texto que segue, para também expressar meus
sentimentos ao querido amigo, emérito professor, filólogo e latinista, que nos deixou há
muito pouco tempo.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: x-large;"><br /></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="color: #7f6000; font-size: large;">Relendo o magnífico
conto do Padre Manoel Bernardes, O Monge e o Passarinho, fui interrompido pelo
toque estridente do telefone. Confirmado. Mais um querido amigo partira para aquela
dimensão estrutural do mundo de Bernardes. Tristeza. Era a terceira hora do dia
e as nonas se faziam presentes. À janela, meditativo, também fui atraído pelo
voo de um negligente e distraído pássaro azul que pousou no telhado do prédio
vizinho, avistado de meu quarto. Seus constantes piados, ensaiando um canto,
conseguiram me entorpecer. Parece que cochilei. Era um corredor claro, rodeado
de bancos longos, ocupados por pessoas alegres e tranquilas. Passando por elas,
as reconhecia perfeitamente. Estavam ali meus amigos de verdade, alegres e
satisfeitos, todos com livros abertos diante de seus olhos penetrantes nas
leituras proveitosas que realizavam. Alguns os tinham debaixo dos braços, como
se a leitura fora interrompida há pouco tempo. Outros anotavam nas próprias
folhas suas considerações notáveis, forma de estudo que muitos deles me
ensinaram. Havia os que comparavam textos de livros diferentes. Outros
escreviam poemas. Alguns traduziam e vertiam textos clássicos. Realmente, eram
os meus amigos! Todos estiveram presentes na história de minha vida. Ao retornar pelo mesmo corredor etéreo, uma
nuvem hialina, bem fina, me envolveu e, arrepiado, ouvi as vozes de ninfas e
tágides a cantar elegias fúnebres e sentidas. Abracei, emocionado o recém-chegado.
Separamo-nos e percebi estar com plumas azuis nas mãos. Plumas que o vento
morno da manhã havia me trazido desde o telhado da casa ao lado, para a
inquietação da vida que não para sequer por minuto apenas, mesmo se estando
trezentos anos junto ao Senhor. Mais um querido companheiro partiu para o céu! Foi
discutir erudita simplicidade e muita sabedoria com os santos anjos. Adeus,
Rosalvo do Valle! </span><span style="font-size: x-large;"><o:p></o:p></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: x-large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: x-large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: x-large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #660000; font-size: x-large;">ATÉ A PRÓXIMA</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-85930455286562562222018-04-12T19:22:00.000-03:002018-05-18T11:14:38.465-03:00A BRUXA E O GUAXINIM<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxyN2dHQL4UmuyRsKpR5nJ_ZRNhkm86g9Bwcrbh0gnven6Dv1Qejt7EO0Nh__uL-9I6p6U0yMIDI0t8s-siJPiZVtY84bopXM-BO-0ssRS0izHep5IEpYIwnVxguGujXJ2LKq_/s1600/bruxa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="341" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxyN2dHQL4UmuyRsKpR5nJ_ZRNhkm86g9Bwcrbh0gnven6Dv1Qejt7EO0Nh__uL-9I6p6U0yMIDI0t8s-siJPiZVtY84bopXM-BO-0ssRS0izHep5IEpYIwnVxguGujXJ2LKq_/s320/bruxa.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheqR5cBe0ckXBnYRT701d9xX0k322DPQmyp3e8V4bShNx7BiaM6tYdykQmWxE1ciTDBSozJs76enL-enugsw17JGJBCupQ1pg0FN-8QroKe3S-77I8MAjLHzgpdnl5EBw-acSd/s1600/Filhote-de-Guaxinim-11.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: large;"><img border="0" data-original-height="352" data-original-width="625" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheqR5cBe0ckXBnYRT701d9xX0k322DPQmyp3e8V4bShNx7BiaM6tYdykQmWxE1ciTDBSozJs76enL-enugsw17JGJBCupQ1pg0FN-8QroKe3S-77I8MAjLHzgpdnl5EBw-acSd/s320/Filhote-de-Guaxinim-11.jpg" width="320" /></span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="color: #073763;">Era em Portugal, ano de 1986, precisamente Lisboa. Estava a fazer
minha caminhada noturna, depois de um dia cheio de trabalho. Cumpria os deveres
de meu semestre sabático, pela UERJ. Empolgado pelas novidades que iam
aparecendo na caminhada constante contra os quilinhos adquiridos pelos
bacalhaus consumidos, com muito azeite, batatas e bons vinhos, naturalmente.
Assim, deixei para trás, sem perceber, a estação de Picoas, que foi ficando
cada vez muito longe de meus passos largos e ansiosos em resgatar o figurino
esguio de antanho. Quando percebi, havia me distanciado mais de hora e meia,
realizando exercícios aeróbicos a passos largos. A residência, na qual um
grande amigo me colocara estava ficando muito para trás. Conclusão, o prédio
tinha horário rígido para fechar e eu não trouxera a chave do magnífico portão
de ferro rendado, em estilo “art nouveau”. Ficaria simplesmente na rua se não
retornasse imediatamente e rápido, voando, por assim dizer. A bruxa, que
administrava os quartos, alugados à revelia do verdadeiro dono do grande
apartamento – um caso de sublocação - não acordaria e não me deixaria entrar
nem que recebesse dos céus pedido clemencial. Mas como? Já era tarde e as ruas
iluminadas e seguras estavam desertas. Não haviam inventado ainda o telemóvel.
Só o Metro me salvaria. Vislumbrei muito longe o farol da primeira carruagem
com luz forte e destemida, vindo, superficialmente, em direção à estação que
serve ao moderno aeroporto da cidade que Ulisses fundara. Corri para pegar o
combóio e procurei a bilheteria. Nada! Tudo deserto, sem viva alma. Tudo livre.
Não havia uma só catraca. Essas barreiras, contra (ou a favor) de nossas
consciências, ainda não tinham sido inventadas ou, pelo menos, lá instaladas e hoje
funcionando às mil maravilhas. Ah! Os telemóveis também não haviam sido
inventados! Mas, hoje, meu amigo, como em todo mundo, lá estão eles disseminados,
na terrinha e operados pela, vejam só, Companhia de Telefonia Vodafone. Não pude me conter e disse a um
amigo do Brasil, por WhatsApp, recentemente, quando de lá cheguei: “Vodafone é
voda”! Botei a mão no bolso e verifiquei que não trouxera um mísero escudo. Estava
totalmente desprevenido de moedas e das notas gigantes do dinheiro português de
então. O combóio parou e eu entrei. Viajei sozinho na carruagem durante três
estações, sem que ninguém entrasse, nem o temido fiscal, fardado como um
soldado prussiano dos tempos salazarianos. Cheguei ao prédio onde morava e
encontrei os magníficos portões ainda abertos. Graças a Deus a bruxa ressonava
alto como um guaxinim embriagado. Custei um pouco a dormir. No dia seguinte
acordei com uma enxaqueca terrível, pois só pensava em como poderia ressarcir a
Cia de Carris de Lisboa daquela passagem que subtraíra, emergencialmente, com
direito a pular uma catraca inexistente, que me deixou, internamente,
envergonhado. Dissolvi em um copo d’água uma pastilha a borbulhar, e tudo
passou.</span><o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #20124d; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="color: #20124d; font-size: large;">ATÉ A PROXIMA<o:p></o:p></span></span></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-90569010162031582252018-03-01T09:12:00.000-03:002018-03-01T09:12:14.472-03:00UMA ESTRADA VELHA CHEIA DE POESIA<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="false"
DefSemiHidden="false" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="371">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footnote text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="header"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footer"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="index heading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="table of figures"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="envelope address"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="envelope return"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="footnote reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="line number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="page number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="endnote reference"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="endnote text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="table of authorities"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="macro"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="toa heading"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Bullet 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Number 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Closing"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Signature"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="List Continue 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Message Header"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Salutation"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Date"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text First Indent"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text First Indent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Note Heading"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Body Text Indent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Block Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Hyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="FollowedHyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Document Map"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Plain Text"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="E-mail Signature"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Top of Form"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Bottom of Form"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal (Web)"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Acronym"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Address"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Cite"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Code"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Definition"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Keyboard"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Preformatted"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Sample"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Typewriter"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="HTML Variable"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Normal Table"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="annotation subject"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="No List"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Outline List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Simple 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Classic 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Colorful 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Columns 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Grid 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 4"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 5"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 6"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 7"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table List 8"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table 3D effects 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Contemporary"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Elegant"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Professional"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Subtle 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Subtle 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 2"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Web 3"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Balloon Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" UnhideWhenUsed="true"
Name="Table Theme"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" SemiHidden="true" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" QFormat="true"
Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" QFormat="true"
Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" QFormat="true"
Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" QFormat="true"
Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" QFormat="true"
Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" QFormat="true"
Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" SemiHidden="true"
UnhideWhenUsed="true" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="41" Name="Plain Table 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="42" Name="Plain Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="43" Name="Plain Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="44" Name="Plain Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="45" Name="Plain Table 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="40" Name="Grid Table Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46" Name="Grid Table 1 Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51" Name="Grid Table 6 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52" Name="Grid Table 7 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="Grid Table 1 Light Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="Grid Table 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="Grid Table 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="Grid Table 4 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="Grid Table 5 Dark Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="Grid Table 6 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="Grid Table 7 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46" Name="List Table 1 Light"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51" Name="List Table 6 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52" Name="List Table 7 Colorful"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="46"
Name="List Table 1 Light Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="47" Name="List Table 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="48" Name="List Table 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="49" Name="List Table 4 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="50" Name="List Table 5 Dark Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="51"
Name="List Table 6 Colorful Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="52"
Name="List Table 7 Colorful Accent 6"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:8.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:107%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri",sans-serif;
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3PwNZyPJuYQW8G3M_8l0_zwf_MiDXEiZJsQFwc9NmP7slb9-reqt-I9FomwOWPQHVHmf6C_VIonFd7YbX5ZUHsQhaubXmI9IYGJWQL0_JEGr-9lF_R17xtsmKXmSqbRYx_R21/s1600/livro_talita.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1039" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3PwNZyPJuYQW8G3M_8l0_zwf_MiDXEiZJsQFwc9NmP7slb9-reqt-I9FomwOWPQHVHmf6C_VIonFd7YbX5ZUHsQhaubXmI9IYGJWQL0_JEGr-9lF_R17xtsmKXmSqbRYx_R21/s400/livro_talita.jpg" width="258" /></a></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 107%;"> Ruy do Carmo Baptista foi poeta e radialista. Natural de
Cantagalo, Estado do Rio de Janeiro, trabalhou na primeira hidrelétrica de seu
estado natal, construída no rio Macabu, ingressando nas Centrais Elétricas Fluminenses
S.A., onde se aposentou, na cidade de Campos dos Goytacazes. Manteve por mais
de 20 anos um programa matutino de rádio em Campos: “<i>Alvorada Sertaneja</i>”. Pertenceu ao “<i>Círculo de Estudos Literários e Filosóficos Farias Brito</i>”, em
Macaé, e frequentou a “<i>Academia Pedralva
– Letras e Artes</i>”, em Campos. Teve com a Professora Ivone Rabello Tavares
quatro filhos, Edméia, Rui, José e Talita, que perpetuaram sua memória de poeta
e cantador, publicando suas composições neste livro, editado na cidade de Campos
dos Goytacazes, em 2014.</span></span></span></div>
<span style="color: #444444;"><span style="font-size: large;">
</span></span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 107%;"><span> </span>Sua poesia
mistura a fala caipira do norte-fluminense com o falar culto e semiculto dessa
mesma região onde nasceu, viveu e produziu suas composições em versos curtos,
característicos da lírica surgida na Península Ibérica. Os versos de Ruy
Baptista mesclam seu desempenho fonético variado, praticado na escolha de
vocábulos, fases feitas e metáforas regionais, entre outras situações
linguísticas, mas soando diferente da fala caipira do interior paulista, onde a
principal característica é o “<u>r</u>” vibrante retroflexo, muito intenso,
parecendo deter o som de muitos desses fonemas. Essa linguagem presente no
caboclo do norte fluminense, juntamente com a fala característica do “<u>r</u>”
caipira do interior de São Paulo, uma variante vibrante apical, rolada,
retroflexa, anterior, do fonema original “<i>r</i>”
é uma das características marcantes que vão fazer a diferença entre o Português
do Brasil e o Português de Portugal, numa de suas inúmeras diferenças, contudo,
sempre mantendo uma unidade significativa nessa imensa diversidade. À guisa de
maior e melhor esclarecimento, mesmo lidando com textos escritos, parece-nos
que, do mesmo modo, o “<u>s</u>” chiado, típico do falar do carioca, se
interiorizou pelos inúmeros municípios do norte do Estado do Rio de Janeiro e, por
incrível que possa parecer, essa pronúncia foi-nos trazida pelos próprios
portugueses, a partir de 1808 e se caracterizou como sinal de prestígio, pois
era assim que aqueles que frequentavam a Corte falavam. Com isso, cresce a tese
de que o sotaque carioca do fim do século XVIII se assemelhava ao do português
que por aqui viveu, por exemplo, nas rodas elegante da sociedade da época,
frequentadas, por exemplo, pelo poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage, no centro
da cidade do Rio de Janeiro de antanho. </span></span></span></div>
<span style="color: #444444;"><span style="font-size: large;">
</span></span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 107%;">Portanto, na fala caipira,
registram-se nesse pequeno livro de poemas os sons foneticamente utilizados
pelo povo da região em que o poeta viveu, sem <span> </span>inventar nenhuma pronúncia, dando um retrato,
isto é, reproduzindo fielmente as variações fônicas do linguajar caboclo da
região do Norte Fluminense dos Campos dos Goytacazes. O mesmo deveria acontecer
em seus programas radiofônicos, pois o título e seu personagem isso denunciam:
“<i>Alvorada Sertaneja</i>” e “<i>Sô Tião</i>”. Seria uma referência
exemplificativa o poema DESILUSÃO DE CABOCLO, página 21. Versejando no registro
culto da língua, Ruy Baptista dá preferência aos dois mais significativos
metros do idioma português, a redondilha maior (sete sílabas métricas) e a
redondilha menor (cinco sílabas métricas), em estrofações variadas. Os versos
de ESTRADA VELHA são, em sua maioria, construídos com palavras simples,
constantes do vocabulário ativo da língua, mas eivados de regionalismos,
alguns, hoje, desconhecidos, talvez, do leitor citadino. Assim, a flora e a
fauna são exemplos significativos, que aparecem no poema CAMPOS DOS GOYTACAZES,
pág. 71. São raros os exemplos de vocábulos menos conhecidos do leitor
distanciado da vida interiorana. O poema RECURSO DO CAIPIRA, pág. 29, assim
inicia: “<i>Eu viajava cansado / conduzindo
um gado erado</i>”. <u>Erar</u> é verbo e significa a ação de engordar o gado.
Na lenda contada em versos, uma forma poética de Ruy Baptista manter viva a
tradição oral, encontramos no próprio título o vocábulo CABORÉ (pág.105), que
no texto é uma espécie de mocho, coruja. No nordeste brasileiro, é filhote de
coruja, fixado na tradição folclórica com o ditado “<i>Coruja não tem pai, caboré não tem avô</i>”, e em outros exemplos
assinalados, ainda, por Câmara Cascudo. Possivelmente esses vocábulos poderiam
suscitar algum ruído no entendimento do leitor. Mas são muito poucos. Isso é
interessante, pois os versos de ESTRADA VELHA foram escritos na primeira metade
do século XX e muitos termos prendem-se a um regionalismo confinado no norte do
Estado do Rio de Janeiro.</span></span></span></div>
<span style="color: #444444;"><span style="font-size: large;">
</span></span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 107%;"><span> </span>Percebemos,
por outro lado, que os poemas deste singelo, mas interessante livrinho (143
páginas, 20 x 14), envolvidos pelo conhecido estilo caipira, que nos apresenta
“causos”, e lendas mirabolantes registra a beleza das histórias contadas em
reuniões de famílias, e muitos de seus poemas foram escritos para serem cantados
(talvez alguns, ou muitos até teriam sido musicados) ao ritmo toante da viola
sertaneja.</span></span></span></div>
<span style="color: #444444;"><span style="font-size: large;">
</span></span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 107%;">O resgate desses poemas de Ruy do
Carmo Baptista, poeta e cantador fluminense, feito por seus filhos e publicado
há poucos anos, em Campos dos Goytacazes, propicia ao leitor um reencontro com
os ritmos já não tão presentes hoje nos poetas modernos. São ritmos saudosistas
que invocam a força do talento, da luta e da vitória do homem do campo sobre as intempéries da vida na roça; do
homem da pequena vila; do homem que labuta na suada e ensolarada lavoura e no trato do gado em pastagens íngremes; nas
matas fechadas, onde caça para seu sustento e de sua família, lá no sertão desse
nosso interior, agora tão perto dos grandes centros, mas tão distante de nossos
pensamentos, quando queremos encontrar um lugarzinho pacato para sermos felizes... O livro de Ruy Baptista possui os ritmos<span> </span>de um poeta simples, mas ufanista, que nos faz lembrar a estética popular de geniais artistas, impressionados com a beleza intrínseca de nossa terra, num poetar brasílico grandiloquente, como, por
exemplo, o de um Catulo da Paixão Cearense.</span></span></span></div>
<span style="color: #444444;"><span style="font-size: large;">
</span></span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #444444;"><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 107%;">ATÉ A PRÓXIMA </span></span></span></div>
<div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28779367.post-24316821265591875492018-02-05T20:46:00.000-02:002018-02-07T00:24:12.693-02:00A RIMA E MUITOS ABSURDOS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxWLOoo-7rPZxV9mKnT2h9SRXztT27YXRSNJJoO2A9T7SNgCi6QVUBxVdI-XVoz1-5vrw7I-zL1HY3JZ1aguy6mCRLBsiM85FdtjkxRou8ZiuMY8c7he5U7RXW-IjPKzhY-2ed/s1600/rimas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxWLOoo-7rPZxV9mKnT2h9SRXztT27YXRSNJJoO2A9T7SNgCi6QVUBxVdI-XVoz1-5vrw7I-zL1HY3JZ1aguy6mCRLBsiM85FdtjkxRou8ZiuMY8c7he5U7RXW-IjPKzhY-2ed/s1600/rimas.jpg" /></a></div>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">A RIMA é, sobretudo, um
fenômeno fonético.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">A lição de Mattoso
Câmara Jr., um dos maiores, se não o maior, linguista brasileiro, é muito
precisa. Mattoso diz que, em última análise, é a norma linguística que impõe a
RIMA, independentemente de qualquer individualismo, seja quem for o poeta, ou
do particularismo de uma plêiade de qualquer instituição ou escolas literárias,
por exemplo, que trabalhem com poemas e rimas, por mais eminentes e
predominantes que sejam esses poetas, essas plêiades ou essas instituições, em
sua época. Ou em qualquer época, pode-se, ainda, afirmar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Então, o que se pode e
se deve fazer é orientar os indivíduos ou grupo de indivíduos, unidos por um
ideal estético, para que entendam plenamente como tudo isso funciona. Deve-se mostrar que o estudo da versificação se
dá em base linguística e baseia-se, não só na fonética geral, mas também nas
modernas orientações dos estudos fônicos, adstritos à fonologia do Círculo
Linguístico de Praga, de acordo com as visões de Trubetzkoy e Roman Jakobson,
entre outros, ou de acordo com a fonêmica
da escola norte-americana, derivada de Sapir e Bloonfield. Fora disso, é
se expor às críticas de todas as agudas pontas da rosa dos ventos...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Assim, sendo, é
importante, em primeiro lugar, lembrar que a Rima brasileira é diferente da
rima do português de Portugal. Logo qualquer trabalho poético no Brasil, deverá
ser regido, no que diz respeito à RIMA, pelos ditames dos estudos fonológicos
do PORTUGUÊS do BRASIL. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Vejamos o que Mattoso
Câmara Jr afirma:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">“A rima brasileira tem
uma temática própria, consubstanciada numa tradição estética, que lhe mantém a
unidade através das mudanças de escola e ideias poéticas”. (Para o estudo da
fonêmica portuguesa, Vozes, Petrópolis, 2008, p. 85).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">No Brasil, isto é, no
português do Brasil, a palavra “mãe” não rima com a palavra “também” e outras
terminadas em ditongo tônico, decrescente, grafado –ém-. Em Portugal, sim. O caso de Casimiro de Abreu é isolado e
esporádico.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">As seguintes Rimas
imperfeitas, consagradas pela tradição parnasiana, romântica, simbolista e
modernista são rimas lídimas, válidas, portanto. Não desmerecem o texto nem o
seu autor:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Nus > azuis – C.
de Abreu;<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Azuis > luz – O.
Bilac;<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Espirais >
Satanás – C. Alves;<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Traz > mais – A.
de Oliveira.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Estão, pois, de acordo
com os modernos estudos linguísticos e fônicos, adstritos à fonologia do
Círculo Linguístico de Praga, de acordo com as visões de Trubetzkoy e Jakobson,
entre outros.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">De acordo com os
critérios dos estudos fonológicos, advindos do Círculo Linguístico de Praga,
com Trubetzkoy e Roman Jakobson, interpretando os sons da fala, podemos dizer
que a RIMA consiste numa coincidência de traços distintivos entre duas ou mais
séries fônicas, a partir de um determinado ponto da enunciação.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">A RIMA será perfeita,
quando a coincidência abarcar todos os traços distintivos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">A RIMA será imperfeita,
ao contrário, quando as séries fônicas divergirem em certos componentes quer
simultâneos, quer sucessivos: no caso
dos simultâneos, quando houver divergência de fonemas; no caso dos sucessivos,
quando houver um fonema presente numa série e ausente noutra. O que condiciona
o aparecimento de uma RIMA IMPERFEITA é o sentimento, por parte dos poetas, que
sentem que NÃO há necessidade de uma coincidência TOTAL de traços fônicos
distintivos, isto porque os há estrutural e funcionalmente fracos em cada série
fônica, por força das próprias condições fonêmicas da língua. Lição dada por
MattosoCâmara Jr., in 2008, p.90.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">RIMAS APARENTEMENTE
IMPERFEITAS<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Podemos considerar
perfeitas as rimas aparentemente imperfeitas, que surjam baseadas no triângulo
do quadro das vogais átonas finais, do português do Brasil:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Vogais átonas
finais: / i / , / a / ,
/ u /.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Assim, rimas
aparentemente imperfeitas, mas ditas PERFEITAS:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Argus > largos;
Vênus > serenos; Cálix > vales; Nave > “clamavi”; Regina
Coeli > impele; Define > Bellini; Impele-te > satélite<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">PRONÚNCIA SINCOPADA<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Visse >
superfície; Ricos > oblíquos; Suponho-os > risonhos; Depeno-os
> ingênuos; Espécie > tece e;<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Esta pequena introdução
é importante para comentar muitas propostas de algumas agremiações lúdico-recreativas, sem
preocupação com a teoria literária e a ciência linguística, que promovem
concursos internos ou aberto ao público em geral. Uma dessas propostas que
tivemos a oportunidade de folhear, trazida por um amigo, dizia respeito ao
tratamento dos versos das trovas que concorreriam a prêmios, postadas por poetas
e versejadores brasileiros, no código linguístico do português do Brasil.
Nessas ocasiões, deve-se tomar todo cuidado para não se cair em equívocos
lamentáveis. No texto em questão, publicado no Boletim Oficial da referida
entidade, seus dirigentes confundiram
FORMA APOCOPADA com FORMA SINCOPADA, confundindo-se teoricamente, dando,
inclusive, exemplos de um caso pelo outro. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Enfim, ficou claro que
agremiações lúdico-recreativas não detêm, nem pode deter poder nenhum normativo
generalizado, nem podem servir de “vade
mecum” poético para ninguém. Podem, no mínimo, combinar entre seus pares, o que
valerá, internamente, nos concursos de trovas ou demais poemas de forma fixa,
por exemplo, desde que acertem tudo de maneira plausível, dentro das regras tradicionais
do estudo da Versificação.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Assim sendo,
pretendemos insistir nas orientações linguísticas de estudiosos clássicos, como
as de Mattoso Câmara Jr., estudioso desse campo do saber linguístico-literário.
Fomos aluno e amigo do mestre Mattoso, que se destacou não só no Brasil, como
no exterior, principalmente nos Estados Unidos da América, onde estudou com
Roman Jakobson e pronunciou inúmeras conferências em universidades famosas. Foi
fundador e membro nato da Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL) da qual
pertencemos, (1997) e, ao falecer (1970), era presidente da Associação de
Linguística e Filologia da América Latina e, desde 1967, membro do Comitê
Internacional Permanente de Linguistas, composto por 12 membros, sendo o único
da América Latina. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">Portanto, voltando ao
tema dessas breves considerações, orientamos os interessados no assunto a se
louvarem nos trabalhos sobre a RIMA, divulgados por especialistas e não em
propostas completamente desviada do saber teórico, clássico e fundamental, sempre
à luz dos preceitos básicos de renomados estudiosos, como, por exemplo,
Trubetzkoy e R. Jakobson.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Finalizando, pode-se
afirmar que todas as associações lítero-recreativas, agindo de acordo com as
normas técnicas da versificação, procurando obter satisfatório conhecimento da
Língua Portuguesa do Brasil, que é a mesma de Portugal, mantendo uma unidade
dentro das inúmeras diversidades existentes entre elas, como a articulação
fonética, vista de passagem, no presente estudo, podem continuar alegrando a
vida de todos que encontram na poesia um refrescante bálsamo para a paz do
espírito, para a alegria da alma, livrando nossas mentes das tensões da
referencialidade do real, criando um imaginário onde só pela poesia pode-se
amar, até de uma maneira toda especial, dando-se o que não se tem a alguém que,
abso</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">lutamente, tal coisa
não deseja (J. Lacan).</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><span style="font-size: large;">ATÉ A PRÓXIMA</span></span><o:p></o:p></div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Visite o nosso site - www.alinguagemdabola.com.br</div>Professor Feijóhttp://www.blogger.com/profile/13552044229758819398noreply@blogger.com0