Morreu na noite de 19 de fevereiro de
2016 um dos últimos autores de leitura obrigatória, citados por meus
professores, no Mestrado em Teoria da Significação, que completei na Escola de
Comunicação, da UFRJ, em 1984.
Parece que foi ontem...
Como tínhamos trabalhos a realizar!
Leituras de artigos, resumos de obras lidas, fichamento de livros inteiros e muitos
capítulos de revistas e publicações de jornais. Quanta produção! Quanto
empenho! E as resenhas? Não eram fáceis de serem realizadas, mas a dedicação, o
empenho e a obstinação de Mário Camarinha, nosso professor e amigo foram
determinantes para gostarmos do ofício e muito aprendemos com suas aulas.
Muitos autores de leitura obrigatória
já eram falecidos naquela época, onde estudávamos como loucos, bem ali, ao lado
do Instituto Pinel...
Sabíamos que Marx (14 de março de
1883), Saussure (22 de fevereiro de 1913) e Freud (23 de setembro de 1939) já eram
autores falecidos, mas muitos outros, não. Continuavam firmes, debruçados em seus trabalhos intelectuais. Lutavam bravamente em suas trincheiras, disseminando a
cultura e o conhecimento.
Então, pode parecer estranho, mas
gostávamos de saber quais eram aqueles que ainda atuavam em sala de aula, nas
suas universidades e desenvolviam suas pesquisas, discutindo suas teorias em
palestras, congressos e seminários por esse mundo afora. Um pouco antes de
ingressarmos no Curso de Mestrado, da ECO, na UFRJ, soubemos da morte
inesperada de Roland Barthes, em Paris, 1980. Comoção incrível no meio
intelectual, ligado às áreas humanísticas. Barthes
era outro ícone da semiologia, e no próximo mês de março, no dia 26,
completaria 101 anos. Um ano depois, em
1981, falecia Jacques Lacan, também em Paris, perda irreparável para a teoria
psicanalítica, que relia Freud. Mas foi em 1980, com a morte de Marshall
McLuhan que o mundo da intelectualidade que orbitava entre o rádio e a
televisão sofreu o seu maior golpe. Morre em 31 de dezembro, na cidade de Toronto,
Canadá o, então, maior teórico da Comunicação de todos os tempos. Todos os
MEIOS se transformaram, verdadeiramente, em MENSAGENS...
Contudo, a vida é assim mesmo, muitas
figuras do mundo intelectual resistem mais, outros menos... Claude Lévi-Strauss
outro que muito influenciou nossos estudos veio a falecer muito tempo depois
daquelas belas aulas de tantos
professores cultos e abnegados. Chegou aos 100 anos de idade, vindo a óbito em
Paris, em 2009. Sobre ele escrevi um breve e despretensioso texto. Está em meu
Blog (professorfeijo.blogspot.com.br). Roman
Jakobson e Eric Buyssens também ocupavam lugar de destaque na lista de semiólogos
e linguistas estudados nas Escolas de Comunicação de todo o país. O primeiro viria
a falecer em 31 de dezembro de 1980. Buyssens continuava atuando na
Universidade Livre de Bruxelas, em sala de aula, escrevendo e ministrando
palestras. Acompanhávamos as atividades intelectuais de ambos, à distância, mas
sempre atualizando a leitura de suas obras. Buyssens estava vivo durante o período
de nosso mestrado. Seu óbito ocorreria muito tempo depois, em Bruxelas, 19 de
julho de 2000. Deleuze, em 1962, conheceu Michel Foucault, de quem se torna
amigo até a morte do autor de Arqueologia
do saber (1969), em 1984. Um ano depois da morte de Foucault, morre
Deleuze, também em Paris, 4 de novembro, bem ao final de nosso Curso.
Continuavam vivos e na bibliografia sugerida
por nossos professores, autores como Abraham Moles (+ 1992) e muitos outros grandes
estudiosos, cujo saber legaram à posteridade o exemplo da abnegação aos estudos
e a perseverança aos objetivos de suas vidas. E Edgar Morin, pseudônimo de
Edgar Nahoum, antropólogo, sociólogo e filósofo francês continua vivo. Nasceu
em Paris, França, 8 de julho de 1921. Tem, portanto 95 anos. É o mais longevo da
Lista Bibliográfica de meu tempo de aluno de Mestrado em Teoria da
Significação, da Escola de Comunicação da UFRJ, que contemplava tanto APOCALÍPTICOS como INTEGRADOS.
Por fim, homenageando Umberto Eco, o
grande mestre filósofo, semiólogo, linguista, escritor e crítico literário,
unanimidade mundial, dono de cultura plurifacetada, podemos afirmar que uma das
grandes conclusões a que se pode chegar, testando a teoria do mestre de
Alexandria, estudando suas significativas obras, no campo da crítica e da
estética literárias, é que a interpretação da escritura de uma obra literária é
aberta, como ele dizia, além de se poder considerar o discurso crítico-teórico,
ou seja o discurso crítico-literário, em sua materialização, uma produção
artística. E ele soube atuar nesses dois segmentos da produção sígnica.
ATÉ A PRÓXIMA
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