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11 de fevereiro de 2007

COISAS DO FUTEBOL - COISAS DA LINGUAGEM



Aconteceu aos 45 minutos do segundo tempo - Aconteceu no final da partida de futebol. Na gíria da língua geral, diz-se quando algo só foi resolvido no último instante possível.
Agora é só correr para o abraço - Expressão usada por muitos narradores de partidas de futebol, pelo rádio ou pela televisão. Mais uma vez, o prestígio desse fabuloso esporte de massas faz reproduzir na gíria da língua geral essa expressão, quando alguém fez tudo certo e agora só vai receber os cumprimentos pelo que realizou, comemorar.
Bate um bolão - Diz-se de um jogador que está atravessando uma excelente fase. Na gíria da língua geral, diz-se quando alguém que é muito bom em determinada coisa.
Bater na trave - A bola quase entrou na meta, mas não foi gol. Essa imagem do futebol fez surgir na gíria da língua comum o sentido de quase acontecer/conseguir algo.
Chutar - No futebol é tocar na bola com força, numa direção qualquer. Na gíria da língua comum é desprezar alguém; afirmar alguma coisa sem ter certeza, mentir.
Comer (a) bola - No futebol significa jogar muito bem. Passou para a gíria da língua comum como: a) falar ou fazer algo inconveniente sem perceber; b) vacilar, deixar alguma chance passar ou ser enganado.
Dar bola a - No futebol é lançar a bola a um jogador companheiro. Na gíria comum é dar confiança a; dar entrada a, para namoro (aplica-se às mulheres).
Deixar fora da jogada - Um drible desconcertante deixa o adversário completamente fora da jogada, mesmo! Na gíria da língua geral é excluir alguém.
Deixar no banco - O técnico pode contar com alguns jogadores para serem usados durante o decorrer do jogo. Eles ficam sentados no banco. Na gíria da língua comum é deixar algo/alguém em segundo plano.
Entrar de sola - Jogada brusca, punida pelo juiz com um tiro direto. Na gíria da língua geral é ir direto ao assunto, sem fazer cerimônia.
Ficar/deixar pra escanteio - No futebol é um recurso legítimo para se desfazer da bola, jogando-a pela linha de fundo. Na gíria da língua comum significa deixar algo/alguém de lado, esquecido.
Freguês - No futebol, diz-se que um time é freguês do outro, quando uma equipe perde seguidas vezes para esse outra equipe. Do futebol passou para a gíria da língua comum, em qualquer situação em que ocorra um insucesso constante.
Marcar um gol - Do futebol para a gíria da língua geral, com o mesmo sentido. Neste caso presentifica-se o grande prestígio de futebol, influenciando falares neutros. Portanto, significa conseguir atingir um objetivo, principalmente quando foi difícil conseguir tal coisa.
Na marca do pênalti - No futebol significa que a bola está preste a entrar no gol adversário, pois pênalti é coisa que não se perde... Na gíria da língua comum significa última alternativa para alguma situação, única maneira de se resolver algo; quando alguém está pronto para tomar alguma decisão importante.
Pendurar as chuteiras - O jogador, que se aposenta, pendura seu instrumento de trabalho, as chuteiras. O prestígio do futebol estendeu esse significado para todas as profissões, num linguajar de gíria. Aposentar-se.
Pimba na gorduchinha - (Ver GORDUCHINHA) Expressão criada pelo locutor Osmar Santos. Pimba é o chute. Gorduchinha é a bola. A expressão saiu do futebol e significa, na gíria comum, ter de fazer algo rápido por falta de tempo, equivalendo a uma outra gíria vapt-vupt, também recuperada pela linguagem dos meios de comunicação (de um programa humorístico), numa espécie de pingue-pongue de usos distintos desses termos.
Pisar na bola - Diz-se, no futebol, que isso é coisa de quem não sabe jogar. Ora, onde se viu alguém pisar em cima da bola. É tombo certo! Logo, na gíria da língua geral, quando alguém pisa na bola, é sinal de que fez algo errado, condenável.
Tá na área e se derrubar é pênalti - É claro que se isso acontecer num jogo de futebol, é pênalti, mesmo. Na gíria da língua geral: é quando falta só um detalhe para alguma coisa ser concluída.
Tirar o time de campo - Quem manda o time sair de campo se responsabiliza por esta indisciplina e desiste da competição. Assim, reproduz-se, na gíria da língua geral, com o sentido de desistir de algo.
Um a zero para mim - É um placar (V.) minguado, mas vale uma vitória... A gíria da língua comum se apropriou disso e diz que é quando alguém está em uma situação de vantagem.
Vestir a camisa - Com o advento do profissionalismo no futebol, os jogadores passam, constantemente, de um time para outro, assinando contratos novos, ao fim ou no meio de algumas temporadas. Assim, perde-se o romantismo do ideal e amor a camisa do clube, objeto emblemático, ícone verdadeiramente desencadeador de paixões e delírios, amor e deslumbramento pelos clubes. Hoje, isso é muito raro. As cenas de jogadores que mudam de time, beijando a camisa da nova equipe é um ato mais de marketing do que de sinceridade, fidelidade, intimismo ou amor verdadeiro. Na gíria da língua comum, diz-se de quem acredita e defende alguma coisa, algum ideal.
Zona do agrião - Expressão criada por João Saldanha. Refere-se à grande área, local onde ocorrem jogadas importantes para o ataque e para a defesa. O local (zona) onde é plantado o agrião é um local pantanoso, portanto perigoso de se pisar. Com esse sentido é usada na gíria comum.

5 comentários:

Carmo V. Romão disse...

Obrigado aqui de Portugal pelo esclarecimento de algumas expressões

Unknown disse...

bigadu gente tava em duvida na tarefa kkkkkkkkkkkkkk rsrsrsr

Silvia disse...

Estou precisando de texto de uma narração de futebol para trabalhar com os meus alunos. Você poderia me ajudar?

Unknown disse...

Oq significa chocolate na língua dos jogadores, tirar o time de campo, esconder a bola e dar zebra

Prof. Feijó disse...

CHOCOLATE - Como gíria do futebol, dar um chocolate é vencer com muita facilidade por goleada ou aplicar um baile (V.) no adversário. Muitas vezes não há explicações para o aproveitamento de termos e expressões da língua geral nas diversas linguagens especiais. Na do futebol, o termo chocolate parece que adquiriu esses sentidos por ser esta bebida servida em ocasiões especiais, como em festas e ser, também, muito gostosa, mas não é uma bebida servida diariamente e, portanto, não faz parte do dia-a-dia do povo. Criança comendo chocolate em barra fica toda lambuzada. Isso nos leva para o campo semântico da alegria, da festa, da farra, da comemoração e do prazer. Cho-co-la-te é, ainda, uma palavra com significativo corpo fonético, prestando-se a inúmeras gozações, quando suas sílabas são articuladas pausadamente pelos comentaristas esportivos. Por metáfora a tudo isso, passou para a gíria do futebol.

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.