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10 de fevereiro de 2009

AS POLACAS

Minha empregada me disse que é brasileira, mas seus avós não. Eles são polacos, vieram bem jovens da Poláquia (/POLAKIA/, QU = K) para o interior de Santa Catarina. Aliás, por aqui há muita gente branca, de pele enrugada e sardenta, cabelos loiros, olhos claros, alguns com um tom azulado. Eles se dizem descendentes de polacos. Todos os branquelas, por estas bandas, se dizem polacos, mesmo tendo descendência italiana ou alemã. Mas, o que é polaco? Trata-se de um adjetivo masculino ou substantivo masculino, pertencente ou relativo à Polônia. Pode ser o natural ou habitante da Polônia. O mesmo que polonês, termo muito usado no Brasil, e desde o fim do século XIX, prevalece essa denominação, principalmente nos compostos gentílicos formados por polono-, como em “polono-russo” (antes polaco-russo). Parece que a substituição deveu-se ao uso do termo POLACA ter sido associado, durante muito tempo, ao significado de mulher de vida fácil, prostituta. Mas não é o caso, agora, em Santa Catarina. Nunca observei isso e o termo POLACA está sendo usado, mesmo, hoje, como gentílico feminino de qualquer região dos imigrantes europeus, vindos ou não da Polônia, inclusive muitos alemães, como já frisei. POLACO ou POLONÊS são nomes ou adjetivos relativos à República da Polônia, tanto quanto o idioma lá falado. Mas, por que minha empregada usou o termo POLÁQUIA em vez de POLÔNIA, para designar a terra de seus antepassados? Esse neologismo que eu registro aqui, ouvido em Santa Catarina, numa conversa de família, na casa de minha empregada, de origem polaca, deve-se a uma formação calcada em alguns fenômenos linguísticos. A analogia é o principal. Há muitas identidades sonoras em inúmeros nomes de países europeus ou não, de onde vieram muitas famílias para o Brasil. Além disso, é importante observar que em POLÁQUIA (/POLAKIA/) temos o fonema –A- tônico, encontrado em POLACA. Já em POLÔNIA, em seu lugar, no radical (pois POLÔNIA vem do polonês POLE, campo), encontramos –O- e não –A-, o que dificulta a compreensão da origem. Depois, a terminação –IA- já é encontrada no final de nomes de muitos países (e parece que a harmonia sonora e a rima, contribuem substancialmente para isso), como TURQUIA (/TURKIA/), ESLOVÁQUIA (ESLOVAKIA/), ITÁLIA, GRÉCIA, SUÉCIA, FINLÂNDIA, ALBÂNIA, ÁUSTRIA, BULGÁRIA, RÚSSIA, ARGÉLIA etc. É claro que essa analogia é puramente fônica, pois o sufixo –IA-, dos nomes desses países parece ser o mesmo de POLÁQUIA, formador de substantivos, mas nem sempre com a mesma origem, alternando entre o latim e o grego, como, por exemplo, pode-se dizer que é grego em ITÁLIA e GRÉCIA. As origens se confundem e se fundem em um só morfema sonoro -IA-. Essa história de POLÁQUIA mostra como se pode formular uma hipótese etimológica, baseada em fatos linguísticos, como a deriva da língua portuguesa, por exemplo. Tudo isso para explicar o estranho país, surgido pela criatividade lingüística de minha secretária doméstica.


ATÉ A PRÓXIMA.

1 de fevereiro de 2009

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ÊPA ! TÔ FORA !

Não é possível ! Ele foi falar sobre o decreto-lei que assinou e que estabelece a reforma ortográfica da língua portuguesa. As novas regras já passaram a valer desde 1º de janeiro de 2009.
O objetivo da reforma ortográfica é unificar a escrita nos paises que falam português: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal.

Agora, o nosso LULA precisava ir à ABL para isso? Que constrangimento! E olhem quem está lá, na primeira fila, o quarto da direita para a esquerda, com o dedo indicador direito no queixo, perplexo, olhando fixamimente para a Grande Figura! Descubriram ? É o mestre filólogo, Evanildo Bechara, refletindo sobre a falação presidencial: "A vida é uma sucessão de sucessos e insucessos que se sucedem sucessivamente sem cessar". À esquerda do Presidente, o Ministro da Educação. Nem Salvador Dali nos brindaria com tamanho surrealismo!


ATÉ A PRÓXIMA.
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Quem sou eu

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.