Meu Deus, quando é que o nosso país vai ter governantes sérios, honestos e decentes?
Quantos me visitaram ?
10 de novembro de 2011
QUE HORROR !
Meu Deus, quando é que o nosso país vai ter governantes sérios, honestos e decentes?
9 de novembro de 2011
AS ESGANADAS
Vêm aí mais comentários.
ATÉ BREVE
3 de novembro de 2011
AGRADEÇO AOS MEUS VISITANTES
2 de novembro de 2011
RUI BARBOSA - O HOMEM
Panegírico é um nome que tem origem no grego e significa um discurso laudatório, proferido solenemente em honra a uma pessoa ou a um ser abstrato. O patrono da cadeira nº 28 da Academia de Letras de Balneário Camboriú, Rui Barbosa, foi homenageado, assim, pela Professora Leoniza, com toda pompa e, principalmente, com toda a elegância discursiva de um envolvente elogio à sua vida. A proposta de Leoniza Mac Ginity Vilarino foi a de falar sobre o homem, sua família, seu cotidiano entre amigos em seu solar carioca, no bairro de Botafogo. Chamou a atenção do ouvinte a pesquisa desenvolvida “in locum” pela acadêmica, que foi ao Rio de Janeiro realizar sua proposta e a materializou em distinto livro, intitulado Rui Barbosa, eis o homem, distribuído e autografado ao final da bela sessão noturna. Uma iconografia bem selecionada e de acordo com o tema – o homem Rui Barbosa -, recebeu, ao final do livro o sugestivo e poético título Porta-Retratos. A obra da ilustre professora Leoniza é didicada aos guardiões da memória do insigne brasileiro e a todos os integrantes da Fundação Casa De Rui Barbosa, principalmente aos pesquisadores Rejane Mendes Moreira de Almeida Magalhães e Hugo Porto Soares. Sucinta, mas exata bibliografia termina o livro, pois lá são citados os mais significativos trabalhos dos estudiosos da obra de Rui Barbosa, como João de Scantimburgo, Raimundo Magalhães Júnior, Américo Jacobina Lacombe entre outros. Estão todos de parabéns. A Academia de Letras de Balneário Camboriú, por ter em seus quadros tão inteligente, preparada e simpática professora. Também e principalmente aqueles que desta destacada sessão literária participaram, engrandecendo o evento com suas presenças.
ATÉ BREVE
27 de outubro de 2011
SÓ DESASTRES E CORRUPÇÃO
Ele arruína as raízes da sociedade; ele trabalha em segredo e oculto na noite para demolir as fundações da nação; ele infecta o corpo político a tal ponto que este sucumbe”.
(Discurso de Cícero, tribuno romano, 42 a.C.)
Meditação 2.
ATÉ BREVE
19 de outubro de 2011
REBOJO
“áccccccccccidas
em alto mar
a fissura do silêncio
é sideral siderúrgica
....................lisérgica!”,
onde o sintagma latente Ácido Lisérgico se desconstrói em “áccccccccccidas....lisérgicas”, numa criação manifesta de novos significados no rumo do poético, para atingir inúmeras outras significações. Todas as estruturas do verso sofrem esse processo de construção e desconstrução, como o próprio movimento inconstante da maré. Estão nesse caso os versos soltos de seus poemas e também os poemas de forma fixa, como o soneto invertido, que inicia com dois tercetos seguidos de dois quartetos.
“A disposição ziguezagueada das palavras é um significante material da velocidade com que as coisas se transformam: tudo se passa como um relâmpago, símbolo muito explorado com relação à efemeridade da existência. Poder-se-ia acrescentar ainda outra conotação da forma ziguezagueada, um permanente fluir e refluir que identifica o último verso do poema com o primeiro, de modo a poder-se iniciar tudo de novo, indefinidamente”, in, Fenomenologia da obra literária, São Paulo, Forense, 1969, p.45.
Do mesmo modo, pode-se ver nos dois poemas de Rebojo, acerca das orgias/ no “Beco da Navalha”, página 50 e o seguinte, sem título, na página 51, que explica o anterior, uma forma bem próxima da desintegração do verso tradicional. No primeiro poema da página 50, as palavras se dispersam visualmente, como fragatas alucinadas, predadoras do alimento alheio, que agem de modo mais agressivo do que agiriam as alvas gaivotas “em altoceano/ como aparecem formigas/ em batalhas, Bataille/ em desnecessária competência...”, na explicação metalingüística dada a seguir, criando uma metáfora do Desejo. Para o poeta, “corps morcelé”, no poema dilacerado, o significante se consubstancia em palavras-gaivota. A disposição das palavras no primeiro poema (cerca das orgias/ no "Beco da Navalha”) pode ser visto ainda como o retalhamento da navalha, antítese entre Eros e Thanatos.
Sabe-se que o poema concreto comunica sempre a sua própria estrutura, da mesma forma como, por exemplo, na Teoria da Comunicação, Marshall McLuhan comunicara ao mundo acadêmico, na década de 60, que “o meio é a mensagem”. Segundo Augusto de Campos, poema concreto ou ideograma passa a ser um campo relacional de funções. Essas formas de se trazer outras dimensões para o visual do poema, a criação de “uma totalidade sensível verbivocovisual, de modo a justapor palavras e experiência num estreito colamento fenomenológico, antes impossível”, parece que é mais um milagre estético da modernidade que clama por contestações. E a transgressão é a ferramenta mais importante do poeta.
ATÉ A PRÓXIMA
22 de agosto de 2011
ASSASSINATO COVRDE. ACORDA, POVO BRASILEIRO!
Vamos escrever textos curtos, na Rede Social da WEB.
Como pode um país como o Brasil ficar refém dos maus, dos ladrões, dos assassinos, dos corruptos, daqueles policiais militares que em vez de nos proteger, nos matam, como mataram a juíza Patrícia.
Patrícia Acioli foi colega de turma na UERJ de minha filha, que também atua na Justiça Estadual do Rio de Janeiro. Poderia ser minha filha a pranteada do dia. A pranteada da vez. A vítima de uma ordenação jurídica frouxa, feita por parlamentares constituintes de 1988, comprometidos com a vingança político-partidaria, com a ganância e muito mais, pois o sistema parlamentarista não foi implantado e o sistema presidencialista prevaleceu, após plebiscito aplicado à nossa nação. Uma Constituição comprometida, portanto, com um Parlamentarismo que nunca existiu e tendo como representantes parlamentares, desrespeitando a máxima jurídica latina NEMO EX IVDEX IN SUA CAUSA POTEST.
O Brasil é mesmo um país “suis generis”. Milhares, milhões de indivíduos vão à rua para brincar, para se divertir numa passeata gay, no Rio e em São Paulo (embora com toda razão ideológica) se divertindo, mas não se manifestam identicamente contra a imolação de inocentes e profissionais da justiça, no cumprimento de suas funções públicas, como foi o caso do covarde extermínio da eminente juíza de São Gonçalo, mais um mártir da Justiça do Rio de Janeiro.
ATÉ A PRÓXIMA
UM DESAFIO FILOLÓGICO
Instiguei sua lúcida figura de pesquisador da área médica, sempre preocupado com as origens de tudo, inclusive com as origens dos vocábulos de nossa língua.
Fui diretamente ao assunto, escrevendo num moderno teclado de um computador, onde trabalho com as modernas técnicas da informática. Enviei-lhe por correio os papeis, extraídos em minha impressora a lazer, HP.
Caríssimo Ivan.
Olhe o que a sua inteligentíssima inquietude lingüística, sempre à procura de temas incomuns, aprontou! Levou-me a pensar numa possibilidade de interpretar a nomenclatura de duas regiões cariocas e querer investigar essa história, “ab ovo”. Agora, posso dizer, confortavelmente, que estamos juntos nessa pesquisa. É o seguinte. Em latim, há palavras homógrafas, mas não podemos dizer, com toda segurança que também são homófonas, pois a língua latina é de ritmo quantitativo, enquanto a língua portuguesa é de ritmo intensivo. Assim, no caso de PENNA, pluma e PENNA, rochedo (embora haja a forma paralela PINNA) não podemos afirmar categoricamente que ambas pronúncias tenham sido iguais. Além disso, PINNA, também com o sentido de flecha, e objeto para se escrever, deu em português pena de escrever (mais tarde caneta, por metonímia, pois se trata do uso da parte pelo todo).
Os fatos:
1- No Rio de Janeiro há a Igreja Nossa Senhora da PENHA, no bairro carioca de mesmo nome, no alto de uma grande e alta pedra;
2- No Rio de Janeiro há a Igreja Nossa Senhora da PENA, no bairro carioca de Jacarepaguá, também no alto de uma grande e alta pedra.
As observações:
Em português PENA está dicionarizado como: a) s.f. sanção (do gr. poine), profundo sentimento, compaixão, dó, desgosto, ser útil, vantajoso, compensar em valer a pena – expressão considerada por purista como galicismo , substituindo-se por valer o esforço; b) s.f. cada uma das estruturas ceratinizadas que revestem o corpo das aves (lat. Penna, o que serve para voar). José Pedro Machado, parece-me que foi quem melhor atentou para o problema das origens nestes casos intrincados. Diz ele: “Em tempo escrevi alguma coisa sobre o étimo de pena e penha: pensei que aquela (pena) palavra poderia ser céltica, e esta (penha) derivar dela: todavia é mais natural, de um lado, ver em pena o latim pinna no sentido de "ameia", o qual depois se desenvolveria no de “rocha”, “penhasco”, por a ameia ser de pedra, e elevada, e do outro, ver em penha influência espanhola. Como se verifica, Leite de Vasconcelos não rebateu a hipótese céltica reconhecendo noutro passo a antigüidade das formas ou de algumas formas, acrescento eu, em pena. É que em alguns casos pena, e seus compostos e derivados, podem representar o céltico penn, pen, “cabeça”, “cabeço”, “extremidade”, “cabo”, em gaulês e em galês, tendo havido confusões com o latim penna, “asa”. O latim bene, “bem”, confundiu-se mais tarde com o árabe, bem, “filho de”, e o português penha).
1) Saber se o onomástico PENHA, bairro carioca é mais antigo ou mais novo do que o santuário de N.S. da PENA, em Jacarepaguá (Bairro da Freguesia);
2) Saber se, sendo mais novo o santuário de Jacarepaguá, houve necessidade de se alterar o nome de PENHA (pois já existiria o nome do bairro do subúrbio da Central) para PENA, e, nesse caso, PENA seria o objeto com que se escreve, pois, atualmente, N.S. da PENA é protetora dos escritores.
É sabido que em Portugal, existe o Castelo da PENA, em Sintra, num alto morro de granito, semelhante à localização da Igreja brasileira de N.S. da Penha, no bairro carioca de mesmo nome. Então, tentaremos chegar a conclusões que poderão ser óbvias ou não, quem sabe?
Fico no aguardo de seu pronunciamento. Meu caríssimo amigo carioca e grande esculápio, topas ou não topas essa empreitada? Um abraço afetuoso do Feijó.
Aguardo a resposta dele.
ATÉ A PRÓXIMA
18 de agosto de 2011
M E D I T A Ç Ã O
28 de julho de 2011
LÁGRIMA
Uma lágrima de luz
brilhante e transparente,
que sempre procurei dentro do espelho.
plena daquele brilho estúpido
que só sabem perdoar.
ATÉ A PRÓXIMA
14 de julho de 2011
ANIVERSÁRIO DA ACADEMIA DE LETRAS DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ
Assim, ontem, ouvimos e percebemos o entusiasmo com que o nosso presidente, um incansável pesquisador de fatos, documentos e vestígios históricos do passado dessas bonitas terras catarinenses, relatou como conseguiu chegar às origens de um termo lingüístico, perdido num passado secular. Este acontecimento surgiu num momento de pura emoção, quando a Academia reverenciava e homenageava seus membros que já não estão fisicamente entre nós: o momento da saudade.
Assim, foi resgatado um termo de nossa língua que pertencia ao vocabulário ativo dos catarinenses que se envolveram na Guerra do Contestado. O nosso presidente, Isaque, é um “catador” de palavras. Muitos dos presentes não tiveram tempo de entender o que esse tipo de trabalho significa para a comunidade, pois pode passar como irrelevante, sem nenhuma correlação com a praticidade do dia-a-dia do cidadão comum e de não ter importância para o país. Mas é preciso lembrar a todos que o trabalho de garimpagem lingüística ou de busca das origens lingüísticas ou, ainda, dos estudos dialectológicos é também uma forma de crescimento cultural, pois, com isso, resgata-se o passado de nossa gente e dá-se o primeiro passo para o surgimento de uma política de integração nacional. Um país imenso como o nosso com diversidades culturais incríveis, mas unido pela língua comum, deve preservar seus regionalismos, suas formas lingüísticas diatópicas e diatrásticas. Tenho conhecimento de que esse trabalho está sendo executado, aqui perto de nosso município, na Universidade do Sul de Santa Catarina, em Palhoça, como atesta, por exemplo, o trabalho do Professor Tadeu Luciano Andrade, intitulado “Os estudos dialectológicos no Brasil: as contribuições para o ensino da língua”. Com os estudos dialectológicos o ensino da língua pátria poderá ser um dos primeiros tópicos atingidos pela aceleração cultural, envolvendo instituições, professores, alunos e um grupo incontável de agentes comprometidos direta ou indiretamente com o processo educacional de ensino/aprendizagem, talvez surgindo daí novas políticas públicas que resgatarão, sem dúvida alguma, o péssimo ensino da língua pátria em quase todos os rincões desse imenso e querido Brasil. De mais a mais, um povo que não conhece seu passado, não terá um futuro digno. A busca do passado lingüístico é também uma forma de se exercitarem os métodos científicos e preparar o aprendizado da língua, impulsionadora do progresso. Esse trabalho, em suma, é uma forma superior de se fazer ciência, mesmo lidando-se com objetos menos visíveis, pois a ciência nunca foi do particular e sim do geral.
As pesquisas dialectológicas envolveram grandes nomes de nossa filologia como Serafim da Silva Neto, Celso Cunha, Antenor Nascentes, Aryon Dall’ignea Rodrigues e muitos outros. Desde 1957, por ocasião do III Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, realizado em Lisboa, foi defendida a necessidade de elaboração de atlas lingüísticos regionais. Para se ter uma pequena e inicial visão da importância geopolíca, inclusive, desses trabalhos dialectológicos, cito o surgimento de obras importantíssimas como o Atlas Prévio dos Falares Baianos, em 1963; o esboço de um Atlas Lingüístico de Minas Gerais (1977); o Atlas Lingüístico da Paraíba (1984); o Atlas Lingüístico de Sergipe (1987); o Atlas Lingüístico do Ceará; o Atlas Lingüístico de São Paulo; o Atlas Lingüístico da Região Sul; o Atlas Etnolingüístico dos Pescadores do Estado do Rio de Janeiro e, ainda, recentemente, surgiram, em diversos Cursos de Pós- graduação, trabalhos relacionados à geolingüística, como foi o caso do Atlas Lingüístico do Paraná, tese de doutorado de Vanderci Aguilera, recentemente publicado em 1995.
Por tudo isso, creio que dei uma idéia de como a nossa Academia de Letras de Balneário Camboriú, através da participação cultural de todos os seus integrantes, em todas as suas áreas e expecializações pode acelerar o progresso cultural de nossa terra. E me entusiasmei sobremaneira com as pesquisas lingüísticas diatópicas, executadas há muitos anos pelo nosso atual presidente, Isaque de Borba Corrêa, que nos apresentou interessantíssimo e emocionado exemplo de como se resgatam raízes perdidas de nosso idioma, fato que pode ajudar a desenvolver a cultura nacional, acelerando o desenvolvimento, criando novos mercados de trabalho, gerando riquezas e dignificando as ciências e letras de nosso Município, de nosso Estado e de nosso País.
ATÉ A PRÓXIMA
24 de junho de 2011
BALNEÁRIO CAMBORIÚ ON LINE EM TEMPO REAL
ESSE AÍ EMBAIXO É SÓ UMA PARTE. É A VISTA DE SUL PARA NORTE. HÁ NO SITE ACIMA VÁRIAS VISÕES DA CIDADE.
http://www.bcaovivo.com/aovivo/balneariocamboriu-norte/
Curtam essa bonita cidade.
ATÉ BREVE.
10 de abril de 2011
TEMPESTADE
8 de abril de 2011
UMA TRAGÉDIA INCOMPREENSÍVEL
PEQUENA LEITURA SOBRE UMA GRANDE MESA
ESTÁ SURGINDO UM BOM ESCRITOR
18 de fevereiro de 2011
TABU OU ESCRITA ?
ATÉ A PRÓXIMA
AS FOGOSAS AVENTURAS DE J. FERREIRA
Estou postando nesse BLOG DO PROFESSOR textos dedicados à memória do Professor Leodegário A. de Azevedo Filho, meu amigo e compadre, falecido no dia 30 de janeiro de 2011, no Rio de Janeiro e também os que escrevo normalmente sobre as coisas do Sul, da Bola e das Letras. Crônicas do dia-a-dia que há quatro anos venho postando nesse espaço aberto aos que apreciam esse estilo que reflete a vida social, os costumes e o cotidiano de nossa gente.
O livro apresenta uma DEDICATÓRIA poética, referindo-se a três personagens chaves, onde a poesia já contracena com as duras vicissitudes da vida, prenúncio da morte, suavizada por uma narrativa eminentemente conotativa, escamoteando o triste desfecho da história. Assim, a partir desse primeiro contato com o romance, a metáfora do riso surgirá principalmente no primeiro capítulo, contrastando sempre, por antítese, com a tristeza da morte. E o primeiro capítulo funciona como uma introdução, apresentando o personagem Jota, através do discurso indireto livre e uma fala direta propositadamente dirigida ao leitor, que se excita e por isso se seduz com um discurso que lembra a técnica machadiana, fazendo do leitor seu cúmplice e parceiro.Os recursos estilísticos utilizados por Maurício Murad são inúmeros e variam da metáfora ao estranhamento. Das sinestesias às hipálages, as mais variadas.
“Olhei, meio porque não estava fazendo nada mesmo, e porque fui induzido a olhar para a frase que insistente serpenteava o tempo e ondulava o espaço”.
Com erudição, trabalha com maestria a grande característica do protagonista Jota, a sua simpatia e o seu riso, para quem, talvez, a vida poderia ser vista como uma grande comédia, rindo com todo o corpo, “menos com a boca”, região do corpo humano em que se especializou profissionalmente, como dentista. E no bloco praticamente da apresentação do personagem central, com uma sutil e bem colocada ironia, percorre inúmeras veredas do conhecimento, como na apresentação do bordão criado por J.Ferreira, o calor de bode. E as citações latinas surgem sem agredir o leitor, como a clássica sentença romana, “asinus ad liram”. De Santeui recolhe a máxima latina "ridendo mores castigat". E continua como crítico do cotidiano a colocar o dedo sobre as mazelas da vida social:
A leitura da vida se faz pelas palavras e seus significados primeiros.
“Apesar da idade avançada e o jeito lento, tinha um aperto de mão cheio de personalidade e presença, dava pra sentir e eu senti o seu vigor. Fogoso, claro, fogoso! Tudo nele era fogoso. Todas as aventuras dele eram fogosas e fogosas não no sentido comum do termo. Marketing apelativo de um erotismo barato e diário, não, mas fogosas como fogo e fogo como energia, como vida, com alma, desse jeito mesmo como entendiam os gregos e sua mitológica mitologia”.
Serve-se de termos e frases latinas demonstrando erudição sem a pompa discursiva do academicismo, privilegiando a diacronia sobre a sincronia vocabular. E isso ocorre sempre que pretende teorizar.
Maurício Murad trabalha com o intertexto e sabe dosá-lo, sem ser ostensivo, colocando o saber no lugar certo, onde ele deve ser colocado, compondo o enredo, com exatidão, sem pernosticidade.
“Ai, que saudades eu tenho, da aurora de minha vida, da minha infância querida, dos tempos que não voltam mais”.
O poético e a poesia em As fogosas aventuras de J. Ferreira surgem, muitas vezes, pela tentativa de uma teorização crítico-literária (“a poesia não é de quem a faz, mas de quem dela necessita”) e por alternância sintagmática em quiasma (“...e simultaneamente chorou e sorriu, sorriu e chorou”). Essa combinação de artifícios estéticos e lingüísticos imprime ao texto de Maurício Murad um estilo próprio, colocando seu discurso numa posição de significativo destaque na literatura brasileira atual. E com essa técnica narrativa apurada, o romance flui através do discurso indireto livre, o que posiciona o leitor no tempo subjetivo da narrativa. Nesse tempo proposto pelo autor, quase sempre, os diálogos surgem sem possibilidade de um feed-back, mas têm poder de captar a nossa atenção, evitando a dispersão. Diálogo proposto, monólogo exposto.
“Ao retornar já tinha um plano completo para mim, que nunca revelou... para mim. Soube tempos depois, certa feita, num desses encontros em que caminhávamos pelo calçadão, soube por Jota que estava bravo com Analu, porque ela agora deu para inventar que eu estou esquecendo as mínimas coisas e não é verdade, eu lembro de muitas e muitas coisas, mesmo quando antigas”.
A narrativa do romance oscila sempre entre o autor onisciente e seu contraponto, J. Ferreira. É uma conversa com o leitor, para tentar chegar à degeneração física da personagem, praticamente biografada, no último capítulo, mas sempre com atenuantes minimizadoras da terrível realidade, o Mal de Alzheimer. Os textos se aproximam de um relatório amenizados por passagens poéticas (“Assim aspiro, assim espero”).
Finalmente, a personagem J. Ferreira fala pela narrativa onisciente do autor e uma das atenuantes acima referidas pode se encontrar no próprio título do último capítulo: PRIMEIRO DE ABRIL É UMA BOA DATA. Lá, até as metáforas, indicadoras do predomínio da conotação sobre a denotação são mais fortes, pesadas, mas aliviam a tensão que domina o texto final, impregnado pelo intertexto machadiano, onde o poético dilui o trágico.
AS MARCHINHAS CARNAVALESCAS VÃO VOLTAR ?
“Tanto riso, oh quanta alegria, mais de mil palhaços no salão...
6 de fevereiro de 2011
OS AMIGOS VÊM DE LONGE
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Quem sou eu
- Professor Feijó
- Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
- Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.