A moderna poesia descritiva e temática parece que agradou e sua produção se faz presente no Brasil inteiro. Aqui pelo Sul, do Rio Grande ao Paraná floresce uma plêiade de bons poetas, que se aventuram pela poesia temática. Sobre a arte secular do circo, Alkimar Santos, lançou Circenses, obra de um magnífico apuro formal próprio de quem domina plenamente a língua portuguesa e trabalha o verso moderno com segura técnica e beleza. Sua estrofação surpreende pelas rimas internas e pelo emprego especial do "enjambement". Sobre o paisagismo de uma infância, marcada pelos caminhos do Rio Testo, que serpenteia Pomerode, Irwnêu Voigtlaender pincela a vida com o tom nostálgico de recordações, em seu livro Céu de Cristal. Em Porto Alegre, Colmar Duarte caminha pelas margens de sua Água de Sanga, ao luar, com seu cavalo que “morde o silêncio do freio”, numa noite de Insônia. São versos que soluçam um tempo distante que não volta mais. O memorialismo poético também acompanha a poesia descritiva e temática, servindo, outrossim, de elemento catalisador entre um assunto destacado e a participação do eu – lírico do poeta, embutido na cosmovisão plena daquilo que será transfigurado. Maria Carmen Varejão, com seus poemas de Canto à Vida, não deixa de invocar a lembrança dos amigos poetas, dedicando a eles poemas e fotografias, pois, como diz: “Tua força está no que acreditas/Pelos caminhos do vento andaste.../Acreditas no amor sem reservas/Num mundo real, sem máscaras”. O conjunto da obra denuncia um tema perseguido: o amor. Significativo é o tema histórico do último livro de Luigi Maurizi, Alforria, floreios na servidão. Temática anacrônica, como proposta, mas bem conduzida e repleta de vestígios recorrentes ao romantismo poético de Castro Alves. Também na linha temática, sem trocadilho, o livro de poemas de Tamara Kaufmann, Santa Catarina Entre Linhas e Poemas é um cromo, unindo arte poética, fotografia e tecelagem. Eduardo Torto Meneghelli Júnior, com seus Borbulhos Mentais, já em segunda edição, trabalha os estratos fônicos, morfo-sintáticos e semântico, identificando seu texto poético com o Noigandres do concretismo de Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Décio Pignatari e Ronaldo Azeredo, que exploraram as virtualidades das palavras, experimentalmente, em 1956. Agora, em 2011, Fátima Venutti, relançou seu livro Tempestade, na Fundação Cultural do município de Balneário Camboriú, numa bonita noite de festas, de cultura e de muito calor humano. Foi neste último sábado, dia 9 de abril. Tempestade é um livro de poemas, editado por Nova Letra, Gráfica e Editora, 2010, Blumenau. Belo e expressivo projeto gráfico de Rosane Kurzhals. Trata-se também de poesia descritiva e temática, onde a chuva, a tempestade e suas conseqüências marcam o Leitmotif, o fio condutor, de seu texto poético, ávido em buscar o conotativo e a transfiguração da realidade, através de versos e estrofações modernos, sem abandonar totalmente a versificação tradicional, como se pode ver em: “A chama da vela que engana/reclama insensata uma ausência.? Respinga o choro incontido e/rastreia, solitária, seu último respiro”. De parabéns está Santa Catarina em geral e, também, particularmente, seu pólo cultural, localizado nos municípios do entorno do Vale do Rio Itajaí-açu, que é pródigo em doutores, poetas e loucos...
ATÉ A PRÓXIMA
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