Meu amigo, o poeta Luigi Maurizi,
sabendo de meu interesse sobre tudo que diz respeito às formas de comunicação
orais e escritas, além das histórias dessas plagas catarinenses por onde ando e
ele se inspira, para produzir seus belos versos, presenteou-me com a obra de
Hermes Justino Patrianova, cujo intrigante título "PEQUENO LIVRO", fez com que eu
o devorasse em poucas horas e anotasse muitas coisas em meus arquivos. Agora,
fica parte dessas anotações registrada aqui neste BLOG, para meus leitores conhecerem
mais um autor catarinense, apaixonado pelas coisas dessas bonitas terras do
sul. O livro é uma edição rara do autor, publicada em Florianópolis, em 1986.
Hermes Justino Patrianova era catarinense, de Imaruí, nascido no dia 24 de
outubro de 1910. Foi contabilista e funcionário público. Aposentou-se pela Receita
Estadual. Viveu muitos anos em Itajaí. O "Pequeno Livro", de Hermes Justino
Patrianova mostra como o sul do Brasil ficou isolado culturalmente do eixo
Rio-São Paulo, durante muitos anos. A ânsia do autor conhecer as fontes necessárias
às suas investigações de campo, mas inacessíveis ao seu trabalho de gabinete, é
constante e está presente em toda obra. A vontade de pesquisar e de opinar
esbarrava sempre no pouco material à sua disposição, mas, mesmo assim, Patrianova
não esmoreceu. Buscou o que podia e o que estava ao seu alcance. Sem formação específica
superior, enveredou pelas aleias linguísticas e tentou descobrir as origens da
fala de um povo e de como os antigos falavam e se expressavam. Tentou explicar
por que falavam dessa ou daquela maneira e buscou as origens de muitos termos
da língua oral e de nossa onomasiologia, principalmente as de origens tupi. Seu
esforço foi hercúleo, mas suas análises, sem fundamentação científica, ficaram
a desejar melhor interpretação dos fenômenos linguísticos e sociológicos.
Contudo, seu conhecimento da história factual de muitos municípios de Santa
Catarina conseguiu trazer para o leitor a visão de um mundo repleto de fatos e “causos”
que, de certa maneira, foram explicados e analisados de maneira peculiar, muito mais por sua inteligência e argúcia, do que pelo seu preparo e estudo específicos. Perseguia
Patrianova o objetivo de levar a seus pósteros aquilo que tinha acontecido e o
que estava acontecendo com seu povo. Queria explicar sempre o que o povo falava.
Hoje, esse é um livro histórico, um livro “abre-caminho”,
que pertence a um passado e não pode ser visto como fonte ou referência, mas será
sempre um grande e louvável esforço de alguém que percebeu a sua potencialidade
intelectual, acreditou nisso, mas que ficou paralisado pela incompetência da competência do
Estado em disseminar a cultura, em todas as suas manifestações culturais,
inclusive, e principalmente, através da educação de seu povo.
ATÉ A PRÓXIMA
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