Lá, há pouco tempo, na página 15
do jornalzinho "Linha Popular",
de Camboriú, Ano III - nº 115, li uma curta matéria intitulada Academia de Letras abre vaga para três
novos acadêmicos, com o sub-lead: Escolha
será feita com base em análise do currículo e de obras publicadas. E
continua: No início da semana, já haviam
seis inscritos para as vagas (sic). Numa primeira leitura manifesta, trata-se
de uma informação aos interessados. Mas,
latentemente, é claro que divulga o progresso das duas cidades: Camboriú, que divulga
e informa o fato, e Balneário Camboriú, cidade que abriga a Academia de Letras,
que procura completar seu Quadro de Imortais, tudo através de seu pequeno
jornal. Ambas as cidades em pleno e contínuo desenvolvimento material. O que
não condiz com essa aceleração material e social é o fato de ainda haver jornalistas
que não sabem que o verbo HAVER,
quando significar EXISTIR, é
impessoal, isto é, não se flexiona. Portanto, a frase que o jornalista usa,
"No início da semana, já haviam seis inscritos para as vagas."
deverá ser alterada, a bem da NORMA CULTA DA LÍNGUA, para: No início da semana, já havia seis inscritos para as vagas. Vejam!
A linguagem jornalística tem de se pautar pela norma culta do idioma. Bem, isso,
talvez, parece estar em conflito com uma não muito antiga posição (mas que não
foi revogada) do MEC que publicou e distribuiu um livro didático de Português,
onde anula o conceito de erro gramatical tradicional, admitindo como certas frases do tipo: Os alunos veio de longe. Argumentam as
professoras, que falaram sobre isso, que no Brasil há muitas formas de
realizações linguísticas e penalizar o aluno que se expressa pelo modelo acima
é uma forma de discriminação linguística. Não concordamos, porque não é isso.
Há equívocos! A língua é um sistema de signos sociais, o mais perfeito, aliás, que
passa de pais para filhos, dentro de uma comunidade cultural, quando, dessa
forma, se caracteriza como língua
transmitida, completamente diferente da língua adquirida, que é aquela que se aprende à escola, lugar
específico, na estrutura social, para se disseminar o conhecimento. Então, a língua adquirida será usada por aqueles
que pela escola passarão e dela levarão todos os ensinamentos necessários ao
seu desenvolvimento, que, inclusive, acelerará a vida comunitária em geral.
Essa visão de erro gramatical, realmente só existe num confronto com vários
tipos de linguagem, isto é, confrontando-se os vários registros que a língua
apresenta, dentro do espectro social. Assim: os que só se expressam através da
língua transmitida; os que se expressam através da língua adquirida em seu
estilo culto, ou familiar, ou literário. Comparando esses registros é que
podemos falar em ERRO GRAMATICAL. Só haverá erro gramatical na comparação entre
os registros da língua. Assim: o professor corrige o aluno na escola, dizendo
que ele deverá falar ISSO É PARA EU FAZER e não ISSO É PARA MIM FAZER. O
professor, sistematicamente, e qualquer um, assistematicamente, pode e deve
assim agir. Continua haver ERRO GRAMATICAL quando um representante comunitário
que deve se expressar pela norma culta da língua, não o faz, como o que ocorreu
nas páginas desse jornalzinho de Camboriú. O que lá ocorreu foi erro
gramatical. Então, há ERROS GRAMATICAIS e ERROS DE COMUNICAÇÃO. Continuo
exemplificando: se alguém ouvir um falante da língua com pouca ou nenhuma
instrução se expressar assim: "Eu vi
dois capitões", essa pessoa não deverá ser discriminada, pois sua fala
está presa ao registro popular de nossa língua e qualquer um entenderá o que o
cidadão viu: dois militares com patente acima de 1º tenente e abaixo de
tenente-coronel. Quanto à comunicação, objetivo primeiro da linguagem, não
houve ERRO. Agora, vejam o ERRO de comunicação: se alguém ouvir a frase "João é pobre porque ganha um pingue
ordenado" nada entenderá, pois como pode alguém ser pobre se ganha
muito? (É importante lembrar que o adjetivo de dois gêneros PINGUE significa,
entre outras coisas, abundante, farto e, por extensão, muito, muita
quantidade). Assim, houve, nesse caso, um ERRO de comunicação e não linguístico.
Então, o ERRO linguístico pode estar na comunicação sem prejuízo do
entendimento, mas estará inevitavelmente presente na fala equivocada de alguém
que, devendo se expressar pela norma culta do idioma, tendo internalizado, inclusive,
a língua adquirida, o faz por seu viés popular, estropiando o idioma. Assim,
como vimos, a impropriedade linguística pode oferecer à Comunicação uma falta
total de entendimento (no exemplo citado, um ERRO semântico, falta do
conhecimento do significado do termo PINGUE). Creio que foi isso que o MEC quis
dizer, mas infelizmente, não disse. Em resumo, o MEC não se equivocou, pois não
vamos acreditar que lá existam professores que desconheçam o que apresentamos
agora. Agiu, sim, sub-repticiamente, de maneira política, e péssima política,
diga-se a bem da verdade, para a nossa combalida EDUCAÇÃO, porque, depois
desses absurdos a que me referi, ainda diz, clara e contraditoriamente, que o
ENEM e os VESTIBULARES deverão examinar os alunos através da NORMA CULTA DA
LÍNGUA. Vá entender essa confusão! Esse é o nosso BRASIL atual!
E A NOSSA PRESIDENTA AINDA VOCIFERA
QUE VAI MELHORAR A NOSSA EDUCAÇÃO.
Como acreditar?
Chega de engodo. Chega de
apedeutas no poder. Chega de corruptos. Chega de niilismo político.
Façamos a mudança agora.
ATÉ A PRÓXIMA
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