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27 de outubro de 2014

CULTURA NAS PRAIAS E NO VALE






CULTURA NAS PRAIAS E NO VALE


A moderna poesia descritiva e temática parece que agradou e sua produção se faz presente no Brasil inteiro. Aqui pelo Sul, do Rio Grande ao Paraná floresce uma plêiade de bons poetas, que se aventuram pela poesia temática. Sobre a arte secular do circo, Alkimar Santos, lançou Circenses, obra de um magnífico apuro formal próprio de quem domina plenamente a língua portuguesa e trabalha o verso moderno com segura técnica e beleza. Sua estrofação surpreende pelas rimas internas e "enjambement".  
Sobre o paisagismo de uma infância, marcada pelos caminhos do Rio Testo, que serpenteia Pomerode e entra em Blumenau, Irwnêu Voigtlaender pincela a vida com o tom nostálgico de recordações, em seu livro Céu de Cristal. Em Porto Alegre, Colmar Duarte caminha pelas margens de sua Água de Sanga, ao luar, com seu cavalo que “morde o silêncio do freio”, numa noite de Insônia. São versos que soluçam um tempo distante que não volta mais. O memorialismo poético também acompanha a poesia descritiva e temática, servindo, outrossim, de elemento catalisador entre um assunto destacado e a participação do eu – lírico do poeta, embutido na cosmovisão plena daquilo que será transfigurado.
Maria Carmen Varejão, com seus poemas de Canto à Vida, não deixa de invocar os amigos poetas, dedicando-os poemas e fotografias, pois “Tua força está no que acreditas/Pelos caminhos do vento andaste.../Acreditas no amor sem reservas/Num mundo real, sem máscaras”. O conjunto da obra denuncia um tema perseguido: o amor.
Significativo é o tema histórico do último livro de Luigi Maurizi, recentemente falecido, Alforria, floreios na servidão. Temática anacrônica, como proposta, mas bem conduzida e repleta de vestígios, recorrentes ao romantismo poético de Castro Alves.
Também na linha temática, sem trocadilho, o livro de poemas de Tamara Kaufmann, Santa Catarina Entre Linhas e Poemas é um cromo, unindo arte poética, fotografia e tecelagem.
Eduardo Torto Meneghelli Júnior, com seus Borbulhos Mentais, já com muitas edições, trabalha os estratos fônicos, morfo-sintáticos e semânticos, identificando seu texto poético com o Noigandres do concretismo de Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Décio Pignatari e Ronaldo Azeredo, que exploraram as virtualidades das palavras, experimentalmente, em 1956.
Há poucos anos, Fátima Venutti, relançou seu livro Tempestade, na Fundação Cultural do município de Balneário Camboriú, numa bonita noite de festas, de cultura e de muito calor humano. Tempestade é um livro de poemas, editado por Nova Letra, Gráfica e Editora, 2010, Blumenau. Belo e expressivo projeto gráfico de Rosane Kurzhals. Trata-se também de poesia descritiva e temática, onde a chuva, a tempestade e suas consequências marcam o Leitmotif, o fio condutor, de seu texto poético, ávido em buscar o conotativo e a transfiguração da realidade, através de versos e estrofações modernos, sem abandonar totalmente a versificação tradicional.
Para finalizar, é importante registrar a atuação da Academia de Letras de Balneário Camboriú, cuja Presidente, Miriam de Almeida, não mede esforços para lançar, constantemente, Antologias Literárias e Projetos Culturais, em parceria com a Fundação Cultural de Balneário Camboriú. Já são dois volumes de Antologias e um magnifico projeto de oferta de livros à população do município: o BiblioCaixas, lançado recentemente, em 25 de outubro deste ano de 2014.
  De parabéns, portanto, está Santa Catarina em geral e, em particular, este significativo polo cultural, representado pelos municípios praianos de Navegantes, Itajaí, Balneário Camboriú, Itapema, Camboriú e muitos outros do Vale do Rio Itajaí-açu, pródigo em doutores, poetas e loucos...


ATÉ A PRÓXIMA

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.