Há algum tempo, escrevi uma crônica, intitulada FUTEBOL,
RÁDIO E TELEVISÃO. Ela começava assim:
Vocês estão lembrados como eram as
transmissões dos jogos de futebol pelo rádio e pela televisão, antigamente?
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Então, vejamos como esses dois
veículos de comunicação de massa falam, ou melhor, trabalham.
O Rádio
Ouvir rádio é imaginar como os fatos
estão acontecendo. Todas as informações nos atingem por um único canal: a
audição. Temos que ficar atentos a tudo, para não perdermos os sinais chaves da
emissão.
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A Televisão
Ela é um meio frio de comunicação de
massa, porque fornece baixa quantidade de informação, pois permite mais
participação ao propor somente uma complementação informativa e inclui o
receptor na própria mensagem, como um reflexo das ocorrências de suas
realidades e experiências cotidianas.
Hoje, na reclusão imposta pelo bom senso e pelas autoridades
sanitárias, por causa dessa pandemia, causada pelo Coronavírus, estamos
enclausurados, e as informações nos atingem também pelo rádio e pela televisão.
Bem, é mais ou menos isso, porque pela internet passa tanto o som, quanto a
imagem, que nossos aparelhos receptores, os moderníssimos celulares, captam ambos,
ou só o som, colocando-nos informados. Informados? Bem Quando você informa
demais, você desinforma. Regrinha básica da Teoria da Comunicação.
Dentro de casa, não há como ficarmos sem nenhuma comunicação
com o mundo exterior, ou melhor, sem o nosso celular ligadíssimo nos
noticiários que surgem nos sonoros vídeos, onde pessoas ligadas aos fatos e
políticos ávidos por audiência, discutem sobre esse famigerado COVID-19. São
milhares de informações que nos atingem, tentando explicar o que é, de como
surgiu e como pode ser evitada tamanha tragédia. Há de tudo. Posições médicas e
discursos políticos, que se colocam contra ou a favor desse lastimável estado
de crise por que passamos todos nós. Recolhidos em nossas casas, somos
receptores passivos, com poucos canais de retroalimentação, mas, nem por isso,
deixamos de nos manifestar, pois a internet nos proporcionou esse feedback,
ausente até pouco tempo, mas isso nos tornou comentaristas independentes e
passaram a proliferar, por ondas hertzianas, discursos, os mais estapafúrdios possíveis, na
grande rede aberta da Web.
Mesmo com o celular na mão, olho na minúscula telinha desse
aparelho quase mágico, de última geração, não há como deixar de dar uma
espiadinha também na tevê da sala, uma gigantesca tela de 50 polegadas, resolução
3840x2160, painel RGB, de 8 bits, com vídeo em frequência de tela MR, HDR, com
mega contraste, PurColor, contrast Enhancer, Auto Motion Plus, modo filme, Dolby
Digital Plus, Multiroom Link, Smart Service, Navegador Web Browser, Bluetooth
Low Energy e, aimda por cima, bem fininha...
É impossível desprezar a tecnologia da informação. E nesse
mundo cibernético, principalmente na atuação das mensagens via internet (áudio
e imagem de alta e baixa saturação), nós todos exercitamos, a todo instante,
juntamente com a tentativa de decodificação das mensagens, a nossa capacidade
de abstrair, tentando separar pelo pensamento o que não está separado no objeto
do pensamento. Portanto, essa ação de abstrair, quando negada, torna-se um
elemento impeditivo da compreensão da mensagem. Assim, lança-se mão da
redundância, para eliminar a entropia. Observa-se isso, facilmente, nos campos
de futebol, quando o ouvinte assiste aos jogos com o radinho de pilha colado ao
ouvido, escutando o que seus olhos veem. Da mesma forma, tomamos conhecimento
dos fatos narrados pelos repórteres de rua, sobre a pandemia do coronavirus, que
têm suas informações discutidas por “ancoras” nos estúdios das emissoras
de televisão. Estes comentam os comentários deles, numa sopa de letrinhas que correm
no rodapé do écran, temperada com metalinguagens e redundâncias, para evitar
entropias, surgindo assim, imediatamente, como corretora, uma neguentropia,
percebida nos discursos de protesto ou de concordâncias, por parte dos
telespectadores distantes. Todavia, o mais importante fato que surge dessa
fenomenologia televisiva é que a ansiedade de ouvir supera a obrigatoriedade de
ver, como se a voz do outro (âncora da emissora), vinda do interior do estúdio colorido e misterioso,
um oráculo eletrônico, fosse a expressão suprema da verdade (discurso do
Mestre), deixando o receptor à mercê de um entendimento impossível de ser
alcançado por sua própria capacidade de reflexão e de abstração. Está, assim, preparado
o discurso ideológico que, a partir desse momento, agirá também
neguentropicamente, para corrigir uma possível falta de comunicação interpessoal.
O receptor dessas mensagens passa a ser um súdito dependente desse meio, pelo
discurso do âncora e, ao mesmo tempo, um repetidor passivo de seus pensamentos.
O vírus continua atacando, mas os discursos que o sustentam,
não devem ser mais perniciosos do que ele. É o que esperamos.
ATÉ A PRÓXIMA
Um comentário:
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