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8 de março de 2007

O ATO SÊMICO: RESUMO E DICAS






E M I O L O G I A

Você que é estudante de Comunicação Social e quer se aprimorar nos estudos da Teoria da Comunicação ou se é estudante de Letras e se interessa por Semiologia, Lingüística ou Semiótica, ou se você é apenas uma pessoa interessada nos estudos da linguagem de um modo geral, estamos disponibilizando nesse BLOGGER vários artigos nossos, resumos e resenhas sobre os discursos que falam do signo. Hoje apresentamos um resumo sobre o Ato Sêmico. Se isso lhe interessar, esteja à vontade para interagir conosco e bom proveito.

SOBRE O ATO SÊMICO


Vida Social - Interação, recorrência, participação, compartilhar nossas emoções.

Colaboração - Deve-se dar a conhecer ao outro o que se passa em nós, isto é, o nosso estado de consciência.

Nosso estado de consciência não pode ser conhecido ou percebido pelo outro. Não posso transportá-lo para o outro. Por raciocínio, posso reconstruir o que se passa, em parte, na consciência do outro.

Observem:

1- Vejo uma criança pulando para alcançar um objeto. Por lembrar-me que já fiz o mesmo e como era para pegar um objeto, deduzo que este é o desejo daquela criança.

2- Quando vejo um cão agitar o rabo, digo que ele está alegre, pois sempre que lhe faço festas nesses animais eles assim se comportam. Tudo isso são interpretações.

Estas interpretações deram origem à idéia de uma linguagem natural.

Essa Linguagem Natural não pode ser assimilada à fala. A criança e o cão não deram a conhecer seu estado de consciência. Foi tudo interpretado por mim. Não tiveram a intenção de me dar a conhecer seu estado de consciência. Eles não se comunicaram comigo. Não houve comunicação. Foi tudo por mim interpretado. A “Linguagem Natural” será, quando muito, um índice, pois ÍNDICE é interpretação. É ver a causa do que se observa. É o diagnóstico do médico. Ex:

1- As flores de gelo - índice de geada;
2- Céu escuro - índice de tempestade;
3- Multidão correndo para um veículo - índice de um acidente de trânsito;
4- Fumaça na floresta - índice de incêndio.

Índice = Linguagem Natural. Todos estes índices têm uma significação, mas eles não querem se comunicar comigo.



Leonard Bloomfield

Já a fala é um ato de negociação. Lembrem-se do exemplo Jack e Jill de L. Bloomfield, a base da colaboração e do trabalho.

Se o cão ou alguém manifestou um desejo, isto não é involuntário. É um meio a serviço de uma vontade. É o caso da historinha de Jack e Jill, onde os sons produzidos por Jill representam um ato social.

Os gestos.

1- Comunicação – Ocorre quando, junto com palavras ou não, eu informo ao outro o meu comportamento psicológico ou o meu estado de consciência. Trata-se de algo consciente; um meio consciente.

2- Índices – Observem que gestos, como coçar a cabeça, dar socos na mesa e muitas outras coisas semelhantes são meras interpretações. Eu adivinho o efeito.

Fato Semiológico

Se alguém compreende a significação de uma frase como abra a janela ou a significação de uma placa de trânsito é porque “adivinhou” a intenção, implícita no meio.

Logo, interpretar efeitos leva-nos ao conceito de índices.
Interpretar meios leva-nos ao conceito de fato semiológico.

O fato semiológico é um ato de comunicação e constitui uma RELAÇÃO SOCIAL.

Modalidade

O ato de comunicação se observa melhor num caráter chamado modalidade.

A modalidade se desenvolve melhor e ao máximo nas línguas, pois a língua é um meio de relação social.

Toda e qualquer língua apresenta 4 caracteres de modalidade.

Numa língua qualquer, as frases podem possuir 4 caracteres de modalidade:


1- Afirmativas – Servem para informar alguém;
2- Interrogativas – Servem para interrogar alguém;
3- Imperativas – Servem para dar ordens a alguém ou tomar alguém por testemunha de meu desejo. Ex: "Veja que eu não estou brincando!”.
4- Optativas – Servem para exprimir o meu desejo a alguém. Ex: “Quero que saias". (Isto pode ocorrer através da entoação ou da ordem das palavras na frase).

Sinalização rodoviária: 2 caracteres de modalidade:

1- INJUNÇÕES – São obrigações: Placas azuis. Proibições: Placas redondas, brancas e vermelhas.
2- INFORMAÇÕES – Através de triângulos que mostram os perigos e retângulos que mostram várias outras situações.

Há código de comunicação com apenas 1 caráter de modalidade. (essa modalidade não indica o código) Por ex. Código matemático ou químico ou código de sino de igreja ou código de toque de clarim do exército.

O que existem são símbolos matemáticos, químicos, cartográficos (modalidade só afirmativa); símbolos musicais dos sinos e símbolos musicais dos toques de clarim (modalidade só imperativa).

A modalidade é um caráter que indica um fato psicológico e um gênero de relação social que o falante estabelece com o ouvinte, sob um ponto de vista semiológico.

A modalidade tem caráter social.

1- INDICA UM FATO PSICOLÓGICO (Ponto de vista subjetivo) Ex. Os modos verbais.

Modos: formas pelas quais é indicada a atitude do falante com relação ao processo verbal.

Modo indicativo - Atitude de realidade: compro, comprava, comprei, (comprarei?), (compraria?).

Modo subjuntivo - Atitude de hipótese: compre, comprasse, comprar.

Modo imperativo - Atitude de ordem (ordenar): compra, comprai.



2- INDICA UM GÊNERO DE RELAÇÃO SOCIAL QUE O FALANTE ESTABELECE COM O OUVINTE (Ponto de vista semiológico) Ex. Quando quero saber se meu irmão está em casa, posso perguntar:

a) - interrogando - Meu irmão está em casa?
b) - afirmando - Desejo saber se meu irmão está em casa.
c) - ordenando - Diga-me se meu irmão está em casa.
d) - desejando - Ah! Se eu pudesse saber se meu irmão está em casa!

Observe que do PONTO DE VISTA PSICOLÓGICO o falante exprime sempre o mesmo desejo. Logo, O PONTO DE VISTA PSICOLÓGICO não permite distinguir as modalidades.

Mas do PONTO DE VISTA SEMIOLÓGICO a diferença é grande. Cada modalidade corresponde ao desejo de se estabelecer uma relação social particular. É a modalidade que indica o gênero de relação social que o falante estabelece com seu ouvinte.

Observe:

a) interrogando...................... Função social do filósofo;
b) afirmando.......................... Função social do cientista;
c) ordenando.......................... Função social do poder material, do ditador;
d) desejando.......................... Função social do poeta.



Charles Sanders Peirce




O estudo dos signos, pois, apresenta duas tendências:

A Primeira, baseada na visão de Peirce, privilegiando a sua classificação dos signos em ícones, índices e símbolos, fica independente em relação à Lingüística. O ramo norte-americano de Peirce denomina-se Semiótica.

A Segunda liga-se aos estudos lingüísticos, que empresta o seu modelo aos demais sistema de signos. O ramo europeu de Eric Buyssens, de Saussure, denomina-se Semiologia.

Eric Buyssens


Atualmente existem duas grandes abordagens:

Uma tem como preocupação as particularidades semióticas de inúmeras linguagens e sistemas formalizados, inúmeros sistemas de signos. Este ramo está ligado aos discursos científicos do universo físico-natural, como a matemática, a lógica simbólica, a cibernética etc. Estamos diante dos estudos do campo da
Semiótica.
Ferdinad de Saussure


Outra tem como preocupação as particularidades e especificidades dos discursos de saber, que são os discursos científicos do universo cultural, ligados às diversas teorias psicológicas do signo. Estes estudos podem ser encontrados nos trabalhos de Charles W. Morris, de Jacques Lacan, de Roland Barthes e outros. Estamos diante dos estudos do campo da Semiologia.
Charles W. Morris



Contudo, esta oposição de nomenclatura, semiótica X semiologia, não é rigidamente seguida, pois o próprio Morris estabeleceu um esquema tridimensional para a Semiótica:

1- A dimensão sintática que trata da relação dos signos com os outros signos;
2- A dimensão semântica que trata da relação dos signos com os referentes;
3-
A relação pragmática que trata da relação dos signos com os usuários.
Roland Barthes


Roland Barthes, um dos mais produtivos teóricos da semiologia, nos últimos anos de sua vida, atuou criticamente neste campo, tentando fazer a leitura do social, através dos conceitos psicanalíticos do grande teórico francês da psicanálise freudiana, Jacques Lacan, dedicando-se às análises das mais variadas manifestações da comunicação de massa, dos fatos publicitários, da moda, da música, da fotografia e do mito, chegando a inverter a relação saussuriana, afirmando que a Semiologia é uma parte da Lingüística.


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Quem sou eu

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.