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16 de agosto de 2010

BOLOS, BOLINHOS, DOCES E DOCINHOS


Eu sempre escrevo, alguma coisa sobre esse tema. A falta de capricho na culinária que as cidades turísticas brasileiras oferecem a nós todos, turistas ou não, chega a ser irritante, deixando-me realmente indignado. Mas esse desleixo com a arte de se comer bem não é só privilégio de sítios do interior, não! Isso acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo, também. Mas nas grandes cidades, a oferta das coisas boas supera as medíocres oferendas de bolos, bolinhos, doces e docinhos, que são típicos das cidadezinhas interioranas. E o que dizer dos pasteis, quindins, salgadinhos, balas, bombons, canudinhos, doces em calda, tudo de péssima qualidade, vendido em tabuleiros ou em vitrines de padarias ou em quiosques? Quando alguns desses bolinhos são de agradável gosto, apresentam-se grosseiros, mal acabados e de aspecto horrível. Se você for a qualquer país europeu, em qualquer festinha popular de subúrbio, em qualquer padaria de bairro vai encontrar doces e salgados de excelente qualidade, um regalo à vista e ao nosso faminto instinto devorador de coisinhas apetitosas... Formatos agradáveis, petiscos que dão água na boca! Tudo sem estar besuntado em manteiga de qualidade duvidosa e glacê estupidamente açucarado. Nada é fritado em óleo vagabundo. Possuem tamanho recomendado pela etiqueta gastronômica, o que vale dizer que se apresentam com um visual fino, e sua forma agrada tanto aos olhos quanto ao paladar. Mas aqui no Brasil ninguém capricha nisso. Nas confeitarias do interior, os empregados dizem que os patrões são alemães, italianos, húngaros, japoneses, espanhóis ou asiáticos e sabem fazer coisa boa. Mas eu desconfio de todos eles que trabalham assim equivocadamente, pois viajo muito e já provei coisas terríveis. São todos confeiteiros, cozinheiros, auxiliares e pseudochefs de cozinha carroceiros, isso sim! Até nas capitais encontram-se esses verdadeiros mata-fomes. Se você for a Curitiba e perguntar onde se come uma típica comida italiana, o homem humilde da rua lhe indicará o bairro de Santa Felicidade. Ledo engano! Lá, a maioria dos estabelecimentos de comida típica italiana é representante da culinária brega. Eu disse BREGA, não confundir com BELGA, que é outra coisa muito diferente, e lembra chocolates maravilhosos!!! Em Santa Felicidade existe um tipo de comida italiana fajuta e carroceira, mal feita, herança dos colonos incultos que para aqui vieram e trouxeram receitas horrorosas e se dizem representantes da típica comida romana. Comida italiana com requinte você vai encontrar no bairro do Batel. Nas cidades-balneário de Santa Catarina é a mesma coisa. Na festa da Marejada em Itajaí, por exemplo, vende-se o mais vagabundo quitute de peixe, fritado em óleo ordinário, cuja fumaça e odor rivalizam com o ar azedo da cozinha das páginas do romance O Cortiço de Aluisio Azevedo, surgindo atrás dos balcões, nos dias de festa, inúmeros Joões Romões e Bertolezas, envolvendo o visitante num ambiente selvagem de ganância capitalista, enganando a todos, inclusive descaracterizando os pratos típicos dessa bonita região praiana. Em quase todas as cidades por estas bandas, nos dias de festas, nos hotéis e nas confeitarias, que servem o tal café colonial, o engodo é o mesmo, só que o disfarce vem travestido de nomes alemães, com tortas soladas, suflês sem gosto, pastas insossas, sopas e canjas intragáveis. Isso sem falar do chocolate, que muitas das vezes é o nosso conhecidíssimo Tody de antigamente, um achocolatado em pó, diluído em leite quente. Assim, o turista fica muito triste, e ele, que não é bobo, vai gastar seu rico dinheirinho em outras plagas, onde os sabores das comidinhas típicas servem para agradar, tanto o estômago quanto o coração, indicando outras plagas a todos os seus amigos e parentes, pois é muito bom a gente se refestelar com os genuínos sabores de uma culinária sadia, honesta e saborosa.

ATÉ A PRÓXIMA

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Quem sou eu

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.