Uma homenagem aos 448 anos de fundação da cidade do Rio de Janeiro
RIO SONHO (poema de 1965, adaptado à data de hoje)
O Gigante Adormecido da Barra da Tijuca
engoliu o sol dos cariocas.
Anoiteceu na Guanabara.
A vida faiscou nos vales
nas montanhas
nas favelas
nas praças
ruas
e boates.
Acenderam-se velas nas encruzilhadas
e as praias refletiram coloridos.
O Cristo fechou os olhos
e adormeceu.
Seu sono divino abençoou
a cidade do Corcovado.
A natureza zelou o seu repouso.
As ondas cantaram cantigas de roda
dos tempos da corte portuguesa.
Fez-se silêncio de Largo do Boticário...
E o Rio de Matacavalos
da rua da vala
do Largo do Paço
dos negros nas ruas
do caxangá
vencia os séculos
Crescia, crescia, crescia...
Buzinas longínquas
soavam
como
sinos
da Glória que olhavam
o mar acimentado.
E o vento soprou da entrada da barra
assoviando no Pão de Açúcar.
No meio da noite
ligeiro ligeiro
o morro desceu
desceu pra sambar
sambou a favela
cuíca pandeiro
mulata dengosa
garota cheirosa
mexendo ligeiro
o corpo faceiro
queimado todinho
pelo sol que já vem.
Voaram andorinhas sonolentas
que moram na Catedral.
Roncou o motor
chegou do subúrbio um trem da Central.
Apitou o navio
nas águas que viram caravelas.
Caravelas de Portugal.
Marcharam os soldados
de Estácio de Sá.
Fragatas guerreiras
canoas de índios
Tamoios Tupis de olhos azuis.
E o Rio reinou
reinou e sonhou
foi majestade
foi imperador.
Danço nos salões
iluminados da corte.
Ao som da metralha
fez história
com glória
para o porvir.
Escreveu seu nome no livro da liberdade
e amou.
Cresceu com o amor
libertou os escravos
e cantou a marcha triunfal
das grandes nações.
Dos índios das praias
aos bravos soldados
dos campos da Europa
se orgulha
do filho forte.
Na ponta de terra
banhada por mar
alteia-se a tribo
dos nobres guerreiros
da forte nação.
-Eu te abençoo, pedaço de terra
esverdeada
em campo de areia.
Surja com o sol de cada dia
a tua felicidade, Rio-Cidade
Rio-Sonho
Sonho de um Deus petrificado
no alto do monte
eternamente
pregando o Sermão
da Bem-aventurança...
O sol iluminou o mundo encantado
e o Cristo acordou feliz
porque sonhou
quatrocentos e quarenta e oito anos
de Cidade Maravilhosa.
(Luiz Cesar Saraiva Feijó, in REMORRO, 1998)
O Gigante Adormecido da Barra da Tijuca
engoliu o sol dos cariocas.
Anoiteceu na Guanabara.
A vida faiscou nos vales
nas montanhas
nas favelas
nas praças
ruas
e boates.
Acenderam-se velas nas encruzilhadas
e as praias refletiram coloridos.
O Cristo fechou os olhos
e adormeceu.
Seu sono divino abençoou
a cidade do Corcovado.
A natureza zelou o seu repouso.
As ondas cantaram cantigas de roda
dos tempos da corte portuguesa.
Fez-se silêncio de Largo do Boticário...
E o Rio de Matacavalos
da rua da vala
do Largo do Paço
dos negros nas ruas
do caxangá
vencia os séculos
Crescia, crescia, crescia...
Buzinas longínquas
soavam
como
sinos
da Glória que olhavam
o mar acimentado.
E o vento soprou da entrada da barra
assoviando no Pão de Açúcar.
No meio da noite
ligeiro ligeiro
o morro desceu
desceu pra sambar
sambou a favela
cuíca pandeiro
mulata dengosa
garota cheirosa
mexendo ligeiro
o corpo faceiro
queimado todinho
pelo sol que já vem.
Voaram andorinhas sonolentas
que moram na Catedral.
Roncou o motor
chegou do subúrbio um trem da Central.
Apitou o navio
nas águas que viram caravelas.
Caravelas de Portugal.
Marcharam os soldados
de Estácio de Sá.
Fragatas guerreiras
canoas de índios
Tamoios Tupis de olhos azuis.
E o Rio reinou
reinou e sonhou
foi majestade
foi imperador.
Danço nos salões
iluminados da corte.
Ao som da metralha
fez história
com glória
para o porvir.
Escreveu seu nome no livro da liberdade
e amou.
Cresceu com o amor
libertou os escravos
e cantou a marcha triunfal
das grandes nações.
Dos índios das praias
aos bravos soldados
dos campos da Europa
se orgulha
do filho forte.
Na ponta de terra
banhada por mar
alteia-se a tribo
dos nobres guerreiros
da forte nação.
-Eu te abençoo, pedaço de terra
esverdeada
em campo de areia.
Surja com o sol de cada dia
a tua felicidade, Rio-Cidade
Rio-Sonho
Sonho de um Deus petrificado
no alto do monte
eternamente
pregando o Sermão
da Bem-aventurança...
O sol iluminou o mundo encantado
e o Cristo acordou feliz
porque sonhou
quatrocentos e quarenta e oito anos
de Cidade Maravilhosa.
(Luiz Cesar Saraiva Feijó, in REMORRO, 1998)
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