Há 433 anos, no dia 10 de junho
de 1580, morreu Luís de Camões.
Em 10 de junho de 1580 morria o poeta português, Luís de Camões. E em homenagem ao maior vate de nossa língua e ao maior estudioso brasileiro de sua lírica, o Professor
Leodegário Amarante de Azevedo Filho, transcrevo um dos mais belos e também
discutidos sonetos de Camões: “Mostrando no tempo está variedades”. Sobre a discussão recaiu o minucioso e erudito estudo de Leodegário Azevedo Filho a respeito das apregoadas contradições
imputadas ao “Índice” do Cancioneiro do Padre Pedro Ribeiro. Toda uma contradição
incidia sobre este soneto. Camões e Diego Bernardes são os poetas que a crítica especializada
e a ecdótica dão como possíveis autores do poema. Em PR 93, Camões é dado como seu
autor. Mas com o incipit “Mudam-se os
tempos, mudam-se as vontades”, o autor indicado é Diego Bernardes. Então, coube ao
Professor Leodegário Azevedo Filho estabelecer o verdadeiro texto camoneano ("Mostrando o tempo, está variedades),
diferente da possível paráfrase, talvez escrita por Diego Brenardes. Vamos ao
soneto, com toda a certeza, escrito por Camões, numa dupla homenagem, nesse dia
10 de junho.
Mostrando o tempo,
está variedades,
por onde o que se
espera não se alcança;
todo o mundo é
composto de mudança,
tomando sempre
novas qualidades.
Continuamente
vemos novidades
diferentes em tudo
da esperança;
do mal ficam as
mágoas da lembrança
e do bem (se algum
houve) as saudades.
O tempo cobre o
chão de verde manto,
que já coberto foi
de neve fria;
e, em mi, converte
em choro o doce canto.
E afora este
mudar-se cada dia
outra mudança faz
de mor espanto,
que não se muda já
como soía.
ATÉ A PRÓXIMA
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