Esse é o título do livro de
Edilberto Coutinho, que se ajusta como uma luva na crônica de hoje. Saudades do
grande escritor, que, se vivo fosse, certamente estaria também muito furioso, porque logo mais vai haver um jogo de inauguração de um novo estádio de
futebol, na cidade do Rio de Janeiro. Mas não me venham dizer que é o novo
Maracanã! Não, não é verdade. O Maracanã, o gentil Maraca, não existe mais. Trata-se
de um clone, ou de um novo estádio. Um remendo que se fez no sexagenário
Estádio Mário Filho. Já disse que ali se perpetraram vários crimes, inclusive o
de lesa-arquitetura. Uma obra superfaturada e muitas outras coisas. Agora, não
acreditem em nada que os profissionais da Rede Globo de Televisão disserem,
pois estão todos comprometidos com a ideologia dominante da empresa, que se
vendeu ao capital e à dinheirama do Governo Federal, para sanar suas contas
bilionárias que não iam nada bem! As matérias para televisão são todas editadas
e as falas populares são escolhidas entre as que vão falar bem dessa famigerada
obra de reconstrução de um estádio que ainda, muitos insistem em chamá-lo de Maracanã.
Com o dinheiro gasto nessa obra faraônica, poder-se-ia ter construído, em
terreno até comprado pela CBF, um baita e espetacular campo de jogo para a
prática do futebol, dentro dos padrões europeus. Mas o que houve foi a
possibilidade de alguns ganharem dinheiro fácil, à custa de engodo e de
falcatruas, pois a massa, sem poder de reflexão, anestesiada pela magia do
futebol e de suas multifacetadas vozes, em sua esmagadora maioria, não percebeu
o que estava latente, vibrando com as mensagens subliminares, mas manifestas,
veiculadas pela mídia de toda espécie interessada em novidades e audiência.
Vamos encontrar logo mais, à tarde, um estádio de futebol alienígena. Sim, sem
nenhuma identificação com o povão. Não quero dizer que não se deva culturalizar
as massas, não é isso. Mas, por enquanto, um país sem escolas, professores, sem
projetos educacionais, passando muito mal em todos os setores do campo
psicossocial, não pode receber uma dose cavalar de civilização esportiva, sem pagar
por isso e ficar impune. Não somos defensores da balbúrdia, da desordem, do
caos, absolutamente, mas que esse novo estádio vai matar o resto de folclore
futebolístico que havia entre nós, isso vai! Quando, num futuro Fla-Flu, vai-se
presenciar a bênção de um Papa, agora franciscanamente enfeitado com fitas
tricolores, benzendo a galera, entoando “A
bênção, João de Deus”? Mas que galera? Esse termo desaparecerá brevemente
do futebol falado. Só será encontrado em meu livro de mesmo nome, que perpetua
e explica essa linguagem maravilhosa do futebol. Futebol apreciado por
partícipes da plena liberdade de expressão corporal, só vista no mundo naquelas épocas em que o verdadeiro Maraca sorria, escancaradamente, pelas bocas
desdentadas de milhares de geraldinos...
Uma pena!
ATÉ A PRÓXIMA
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