Estou comemorando 50 anos da
publicação de meu primeiro livro de poemas. MORRO QUE MORRE, lançado no fim do
ano de 1964, pela Editora do Professor, no, então, Estado da Guanabara, com
capa e ilustração de Herman Saraiva e foto gentilmente cedida pelo jornal
Diário de Notícias, um dos mais importantes da então Capital da República. Esse
trabalho obteve o terceiro lugar num concurso inédito promovido pela
Universidade de Cultura Popular, que nasceu na TV Continental da cidade do Rio
de Janeiro, comandada por Gilson Amado, fundador, alguns anos mais tarde, da
Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa, que levou o seu nome. Era Gilson
Amado incansável provocador, debatedor e promotor das mais variadas iniciativas
culturais de todas as noites, nesse seu longo programa de duração, onde
procurava ensinar ao seu telespectador ideal e simbólico – o cidadão João da
Silva – alguma coisa sobre economia política, educação, orçamento,
administração, técnica bancária e muito mais coisas que o ensino sistemático da
escola oficial deixava a desejar. No memorável programa da TV Continental, há
50 anos, Gilson Amado comandou A Noite
dos Tele Poetas, apresentando ao seu público o resultado de um inédito
concurso nacional de poesia, com prêmios especialíssimos.
Gilson Amado chamava para falar
na Universidade de Cultura Popular, que
fundara e dirigia como Reitor muito respeitado, inúmeras autoridades representativas
da vida sociocultural da época, como Ministros de Estado, administradores,
políticos, professores e muitos outros representantes deste contexto, para
discutirem pedagogicamente a força de trabalho e da criação artístico-cultural
de nosso povo.
Gilson Amado, sempre inovador na
comunicação de massas, inovou na Televisão Brasileira quando promoveu com
grande êxito o primeiro concurso nacional de poesia para autores não editados,
servindo-se desse incipiente “mass-media”,
a Televisão, que por aqui chegava a todo vapor.
Para o seu programa foram
enviados mais de 2 mil poemas, “documentando as efusões líricas de 340 poetas
espalhados por todo o país”, conforme palavras da longa reportagem a respeito,
feita pela então revista Manchete (foto), criada por Adolpho Bloch, para
registrar iconograficamente tal acontecimento. A Comissão Julgadora se compunha
dos escritores Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Homero Sena,
Adonias Filho e Antônio Olinto. Os prêmios eram sedutores e convidativos: 300
mil cruzeiros, oferecidos pelo Banco de Crédito Real de Minas Gerais a quem conquistasse
o 1º lugar; 100 mil cruzeiros a cada um
dos detentores do segundo e terceiro lugares, oferta das empresas Shopping
Center do Brasil e J.M.M. Publicidade. Aos candidatos classificados do quarto
ao sexto lugar foram destinadas três contas, no valor de 50 mil cruzeiros cada
uma, abertas pelo Banco de Crédito Rural em qualquer de suas filiais. Bônus do
IV Centenário do Rio de Janeiro, no valor de 50 mil cruzeiros, couberam aos
candidatos classificados do sétimo ao nono lugar. E a Editora Aguillar deu aos
candidatos classificados do décimo ao décimo terceiro lugar obras completas de
autores brasileiros de sua coleção.
O primeiro lugar coube a Anderson
Braga Horta, de Brasília, com o poema Altiplano; o segundo colocado veio de
Belo Horizonte, Henry Correia de Araújo. O terceiro lugar foi Luiz Cesar
Saraiva Feijó, da Guanabara, com os poemas de MORRO QUE MORRE.
Neste final de ano esta festa
completará 50 anos. Anderson Braga Horta atua culturalmente em Brasília e é,
hoje, um dos grandes nomes da nossa literatura, magnífico poeta. Nunca mais soube
de Henry Correia de Araújo, que espero ter dado às letras brasileiras toda a
força mágica de sua bela poesia adolescente. Bem, nós, estamos sobrevivendo...
cheios de saudade...
ATÉ A PRÓXIMA
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