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8 de junho de 2017

UM RETORNO A SANTA MARIA MADALENA -I-




- I -

Subi a serra de Nova Friburgo com o coração cheio de saudade e amor. Tive um pequeno apartamento no condomínio, Serraville, perto da fábrica Ipu. Lá passava meus fins-de-semana, recarregando as baterias, gastas pelo corre-corre e sofreguidão do ofício, a fim de dar conta das quase quarenta e duas horas semanais de aulas, nas diversas escolas da rede pública do Estado do Rio de Janeiro. Como é linda a serra! Árvores ancestrais! E a brancura alta das esguias embaúbas! O amarelo dos ipês sempre me encantou! As acácias e as quaresmeiras tricolores se enroscavam no verde escuro da vegetação. Parece, como dizia Raul Bopp, que aqui, também, as árvores estudam geometria, tal o simétrico arco de círculo, criado pela cúpula das doutas e enormes árvores daquela floresta de Mata Atlântica. Alumbramento fantástico... Meu amigo fantasma estava mais branco ainda de admiração! A brancura dos fantasmas está ligada à pureza, pois a morte apaga todas as mazelas dessa nossa vida mundana e lava a alma do homem, como o sabão enxagua as roupas finas que nós vestimos a vida toda. Alveja-nos, purificando-nos, clareando o novo ambiente onde viveremos para todo o sempre. Assim, tornamo-nos, de verdade, quase anjos. É isso! Mas anjo é um patamar superior, outra situação nesse diferente campo simbólico da significação, na concepção de eternidade, algo também relacionado ao conceito de estruturas espaciais, o que poderá ser futuramente discutido. O meu amicíssimo amigo e digno fantasma, é claro, quis vir comigo de carro – uma nova experiência - e viajávamos com o veículo todo fechado, para que ele não se desmanchasse. Eu tomava muito cuidado e pedia sempre, encarecidamente, a ele que não ficasse a sotavento, no banco de trás, pois tinha medo de que se perdesse por alguma pequena brecha, nos vidros das portas traseiras. Paramos em Muri. Abasteci o possante e segui viagem. Deixamos Nova Friburgo para trás e rumamos para Santa Maria Madalena, pois meu fantasmagórico passageiro dissera que lá, iria me contar, recriando o seu espaço-tempo, uma história magnífica - bestial, em suas palavras – vivida por meus antepassados. Só aceitei viajar porque percebi, desde aquela sua agitada aparição, com chilique e tudo, em São José do Cerrito, no planalto catarinense, que algo muito emocionante me esperava.

ATÉ A PRÓXIMA




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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.