Passando o Tempo é mais um
livrinho de Maria José Lima Toledo. Digo livrinho pelo mimo da apresentação e
por imensa e justificada afetividade. Minha amiga e comadre, Maria José, é uma
pessoa incrível. Etimologicamente, mesmo, pois faz coisas que pouca gente
acredita. É professora, escritora, atriz e pintora, sempre alegre e faceira, adorada
por seus alunos, aqueles ainda educados nas escolas de antigamente. Sempre muito
carismática, em sala de aula, sua comunicação gargalhava uma narrativa séria e
alegre, que misturava o factual com o poético. Como não aprender História com
uma professora desse quilate? A arte pictórica e a arte dramática se
materializaram na idade madura, naquela em que nos comportamos socialmente,
para passar o tempo, com dignidade e satisfação. Bem, pelo menos, penso ser essa
a filosofia da aposentadoria, que, parece não funcionar para todos...
Com a publicação de Passando o
Tempo, nesse ano de 2014 que terminou há pouquinho, Maria José Lima Toledo se
valeu de um artifício criativo: a metanarração. Se esse conceito na Teoria
Literária não existe, inventei-o eu, agora, ao ler as deliciosas narrativas de
seus personagens, refugiados numa fazendola, nos arredores da cidade de
Silvinópolis, Minas Gerais, que teria sido atacada por um surto de cólera, em
pleno século XXI. Da imaginação pródiga e poética de Maria José, surgem essas
historietas, contadas por oito personagens, uma espécie de retrato narrado, 4
por 4, pelas vozes dos habitantes da cidade; mas quem fala, realmente, é a
autora, explicando seu existencialismo, colocando-o e explicitando-o nas palavras
do Outro, daí considerar seu texto uma metanarração.
Finalmente, o livro é ilustrado
por pinturas suas, abstratas, significativamente belas, em mais uma
manifestação da plurifacetada verve artística de minha amiga Maria José Lima de
Toledo, que traz no corpo e na alma o gene lírico de seu pai, o grande poeta Nozor Sanches.
ATÉ A PRÓXIMA
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