Recebi as
trovas selecionadas do importante, criativo e inédito concurso de trovas para
serem etiquetadas nos ônibus de Balneário Camboriú, que teve como tema a
natureza ,de um modo geral.
O projeto de
autoria da escritora Eliana Jimenez é muito criativo e interessante, pois faz pensar sobre a necessidade de se cuidar do meio
ambiente, hoje muito maltratado, por falta de educação e ignorância de todos
aqueles que praticam atos que degrada nossas praias, mares, lagos e lagoas. Não é só o indivíduo
despreparado que degrada a natureza, muitas vezes sem consciência do que faz, por pura ignorância. São,também empresas, de todos os tipos, que poluem o meio ambiente, em nome de uma ganância
destruidora de paisagens belas e do solos produtores.
Contudo, no que diz respeito a concursos como este em questão, chamo
a atenção, especificamente, para a falta de cuidado que teve a produção do projeto da escritora Eliana Gimenez, na sua fase
de escolhas das produções literárias classificadas como vencedoras, pois nas 18 trovas que me chegaram às
mãos, pude observar, a grosso modo – num olhar rápido e despretensioso – 6
impropriedades, a maioria relacionada ao código linguístico da língua
portuguesa mal usado.Uma pena! Vejamos:
1) “que,
na caçada a riqueza” – Autor A.A.de Assis, Maringá-PR. Comentário: falta o
sinal diacrítico, acento grave no –a- em “à riqueza”;
2) “morrendo
de poluição” – Angélica Vilela dos Santos – Taubaté-SP. Comentário: O vocábulo
“poluição”, na trova em questão não comporta o fenômeno fonético intravocabular
chamado de sinérese, pois a última
sílaba /ção/ é tônica, prejudicando a
contagem métrica;
3) “Deixe
à gerações futuras”. Comentário: Erro gravíssimo no emprego do acento grave na
vogal –a-. Deveria ser grafado “a gerações”. Por se tratar de assunto de nível
bem elementar, declino de maiores comentários;
4) “nem
sempre os ventos socorrem / as asas desesperadas / dos passarinhos, .....”
Comentário: Será que há ventos que socorrem passarinhos? A liberdade de
imaginação poética atinge o ridículo...;
5) “Você
que lê estes versos / nas ruas desta cidade / não deixe nas mãos de perversos /
a biodiversidade” . Plácido Amaral – Caicó – RN. Comentário: O terceiro verso
está, como se diz na gíria da crítica comezinha, de pé quebrado, isto é, possui 8
sílabas métricas. Vejamos: /não1/
dei2/xe3/nas4/mãos5/de6/per7/ver8/sos;
6) “Ganancia”
é terra ferida”. Reovaldo Paulichi – Atibaia – SP. Comentário: Ganância é
palavra proparoxítona e como tal, será acentuada em sua sílaba tônica.
Elementar, também, meu caro produtor!
A
melhor trova do inédito concurso, a nosso juízo é a de José Ouverner –
Pindamonhangana – SP.
“Mãe natureza”! – Eis
o nome
de quem em nome do
amor,
gera o fruto e
estanca a fome
do seu próprio
predador! “
Comentário
rápido: Trabalha com jogo de palavras e de ideias, empregando metáforas antitéticas.
Assim, essas
trovas estarão constantemente sendo lidas pelos transeuntes e passageiros
dos ônibus de Balneário Camboriú, podendo cada erro ser alvo da crítica feroz do leitor
culto e atento aos fatos da estética e do uso culto da língua portuguesa. Um projeto tão
interessante como este mereceria um controle de qualidade, para que, passando
pela bela praia de Balneário Camboriú, não morresse nela...
ATÉ A PRÓXIMA
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