O surto desenvolvimentista que assola
o Brasil é indiscutível. Como nação, não mais emergente, mas próspera e em
pleno progresso científico e tecnológico, em todas as áreas do conhecimento
humano, nosso país precisa urgentemente voltar todo o seu potencial criativo
para a Educação. Precisamos dela para sermos uma nação desenvolvida, rica e com
um povo sadio, instruído e feliz. Precisamos de um Projeto Educacional consistente, não de remendos do tipo que esse atual governo despreparado nesse setor (e em muitos outros, também) às vezes apresenta sem nenhuma repercussão.
Todos os esforços destinados à minimização
dos óbices educacionais, para serem realidade, dependem da confiança que cada
um brasileiro deverá ter em si mesmo e naqueles, que, por força de ofício, são responsáveis por uma filosofia de vida comunitária, direcionada para a plena
formação dos jovens brasileiros. Estes agentes da educação são os professores e
a grande instituição sistemática da prática desse desenvolvimento é a Escola. Parece que a Escola está falida. São muitos os
sintomas que mostram a precariedade do psicossocial! Mas o professor também não
tem onde se amparar. Está despreparado, preocupado e desempregado. Sua profissão
hoje é considerada de alta periculosidade. O mestre afasta-se da Escola. Por quê?
A nosso juízo por muitos fatores. Citaremos apenas, alguns.
Ocorre, há muitos anos, uma profunda
defasagem entre o que a nossa Escola oferece e o que o aluno dela espera. Vejam
que nós todos já estamos mais do que familiarizados com a máquina, com a
Internet, com o Rádio, com o Cinema, com a Televisão. Mas como essas conquistas
tecnológicas atingiram a Escola? A Escola foi, praticamente, a última
instituição social a ser atingida, muito sutilmente, pela tecnologia dos séculos
XX e XXI. O seu discurso não é mais ouvido como transformador e sim, muitas
vezes, como fútil consumidor de recursos. A Escola não está mais preparando o
aluno para a vida. Existem algumas exceções que deveriam ser multiplicadas.
Para elas nossos aplausos. A defasagem que existe entre aquilo que a Escola
oferece e o que o aluno dela espera, pensamos nós, que é de duas ordens. A primeira é a falha do professor, o
agente da educação, que, quase sempre, desconhece o porquê daquilo que vai
ensinar, se é que também conhece plenamente o que vai ensinar. O interesse do
aluno está voltado, evidentemente, para os fatos de sua época, e, há
necessidade de explicá-los, para que, imediatamente, surja uma comunicação
clara, direta e precisa entre ele e o professor. Ambos têm de falar a mesma
linguagem, sem os descompassos provocados por choques de gerações. Falhará o
professor de qualquer nível que não assimilar e propagar a filosofia de vida e
as diretrizes normativas de um Plano Nacional de Educação, que, talvez não
exista! A segunda ordem dessa
defasagem está nos meios utilizados para a transmissão da mensagem docente. No
que diz respeito aos meios desta transmissão, a Escola Brasileira, de todos os
níveis, acha-se fora do compasso do desenvolvimento tecnológico e científico,
que podem auxiliar, sobremaneira, o processo ensino-aprendizagem. Sem falar que
o professor é sempre um meio presencial, quando poderia se desdobrar em vários
meios. Por exemplo, levando suas experiências para a sala de aula. Experiências
materializadas em realizações de pesquisas empíricas. Mostrá-las e discuti-las,
forçando o surgimento de novas outras, provocadas por seu desempenho ao motivar
a turma com tais amostragens, possíveis de serem realizadas por eles, também. O
giz, o quadro-negro e o apagador alfabetizaram a maioria dos brasileiros que
hoje estão em postos de comando e tomam decisões importantíssimas para o
desenvolvimento do Brasil. A comunicação professor-aluno poderia ser executada
por métodos e meios mais modernos, como a televisão e o rádio, incidindo sobre
quase todos os sentidos. Os alunos observam, sem comprar, ou por falta de
informação, ou por falta de recursos, revistas ilustradíssimas nas bancas de
jornal. Há muito mais tecnologias ao redor do aluno fora da Escola do que lá
dentro, no exíguo período de tempo em que assiste a aulas insuportáveis... Mas
a atuação do professor, no sentido de uma comunicação ativa e dinâmica com o
aluno, pode suprir, em parte, estas deficiências que proporcionam esta
defasagem. Suprirá por suas qualidades intrínsecas, desde que esteja
conscientemente imbuído dessas atribuições de educador e orientador, elaborando
heuristicamente suas aulas, como exige uma Escola moderna. Surge, agora, outro
problema a equacionar: a Atuação Docente. Considera-se a Atuação Docente,
propriamente dita, só aquela alicerçada no tripé: formação específica, condições
de trabalho e remuneração adequada.
A formação específica
é-nos dada pelas Faculdades das diversas Universidades, reconhecidas pelo
Ministério da Educação e em Cursos de especialização, mestrado e doutorado. Mas
para lá vão, também, todas estas defasagens das Escolas de Nível Fundamental e
Médio, como num círculo vicioso completo.
As condições de
trabalho fazem parte de um complexo político-educacional ou de uma
filosofia empresarial.
O terceiro sustentáculo do tripé da Ação Docente é a remuneração adequada, elemento vital à
concretização da ação educativa, pois é o que traz a tranquilidade
indispensável ao professor, que se torna a mola mestra, o botão de partida de
toda essa complicadíssima máquina que impulsiona o progresso do mundo. É sempre
oportuno lembrar que vivemos num país cujo modo de produção é o capitalismo.
Esse terceiro sustentáculo poderá ser conseguido pela correta aplicação dos
dois anteriores, fato que colocará o professor, que assim proceder, com
condições reivindicatórias para tanto.
Assim, Atuação Docente
e Desenvolvimento Tecnológico são
elementos indispensáveis a uma política educacional endógena, para alavancar o
ensino nacional, o que o Brasil, infelizmente, não tem.
ATÉ A PRÓXIMA
Nenhum comentário:
Postar um comentário