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30 de janeiro de 2009

FRASE DE CAMINHÃO

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Isso foi bem recente. Estava na BR 101, indo para o Rio de Janeiro, desde o sul de Santa Catarina, quando parei num posto, à beira da estrada, para abastecer. Ao meu lado estacionou um enorme caminhão SCANIA, com um reboque imenso, de chamar mesmo a atenção. O monstro com mais de 24 rodas me impressionou pelo tamanho. Abasteci, tomei um cafezinho meio frio, desses que são oferecidos como um diferencial no atendimento e fui olhar de perto aquela máquina novinha cheia de rodas e, talvez, de muitas histórias, que transportava caixas e mais caixas de qualquer coisa não perecível, mas muito pesada. Como já estava dirigindo há umas boas cinco ou mais horas, fiquei rodeando aquele fabuloso monstro de ferro, observando como as caixas estavam bem amarradas. Um serviço de profissional. Da boleia desceu o motorista que me cumprimentou com ares amigáveis. Aproveitei o seu bom humor para perguntar de onde vinha, para onde ia, se era um caminhão confortável, se gastava muito combustível, se a cabine tinha cama, ar refrigerado e uma porção de coisas a mais, pois sempre admirei essa vida dos nômades das estradas, cuja característica principal é a de estar constantemente conhecendo novos lugares, novas pessoas. Uma profissão que, quando adolescente, confesso que queria seguir. Já tive trailer e acampei muito por esse Brasil afora, com minha esposa e os filhos pequenos, que cresceram, passando as férias numa convivência saudável, no ar puro do campo ou nas brisas macias das praias. De uma forma não profissional, fui também um caminhoneiro, pois, na estrada, com o reboque, meu carro media mais de 20 metros. Conversa vai, conversa vem, falando de tudo com aquele simpático homem da estrada e passando pelo parachoque traseiro do baita caminhão, percebi que não faltou a famosa inscrição que quase todos eles trazem, filosoficamente escrita, às vezes com esmerado capricho. Lia-se: NADA HÁ RECLAMAR, SÓ AGRADECER.
Sem querer ferir os brios daquele trabalhador, nem dar uma de professor, sem turma e sem escola, perguntei o porquê daquela inscrição. Ele me respondeu que não tinha nada para reclamar da vida e do Senhor Meu Deus, só tinha que agradecer a Ele por tudo de bom que havia conseguido. Disse-lhe que a frase era muito boa e bonita, mas se ele pudesse apagar aquele –H- do –A-, antes da palavra RECLAMAR, tirando também o acento agudo, a frase ficaria muito melhor. Aí veio a resposta incrível:
- "Meu amigo, se tá errado a culpa é dessa tal da reforma ortográfica e a gente não consegue escrever mais nada certo, não é? "
Não tem nada de reforma ortográfica nisso, meu povo! Mas essa preposição -A- e a terceira pessoa do singular do verbo HAVER confundem mesmo a cuca de muitos...
ATÉ A PRÓXIMA

Um comentário:

Anônimo disse...

Já vi muita "gente boa" fazer esta confusão. Mas, na verdade, quero comentar a idéia da frase, gosto deste jeito deles("os da boleia") refletirem suas idéias através destas frases, é um pouco da sabedoria popular e, no caso, do prazer em estar vivo, de ter recebido a benção de viver, viajar, possuir uma renda (minimamente digna)...ainda que me incomodo o inconformismo do brasileiro, penso que nosso povo aprendeu a levar a vida, driblando os políticos, as falcatruas...sei lá, talvez o povo esteja errado, mas seria demais cobrar elocubrações sobre o modus vivendi nacional de pessoas que apenas querem viver...
PS: Adorei seu blog e considerei fantástica a idéia de unir literatura e futebol...em tese, duas paixões, pelo menos, pra mim, colorada de coração!

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Quem sou eu

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.