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15 de agosto de 2007

BANDEIRA A VIDA INTEIRA


Dois anos antes de sua morte, Manoel Bandeira (para mim o mais clássico dos poetas modernistas) escreveu este sonetilho (versos octossílabos), pressentindo sua partida desse mundo e pedindo a Deus a salvação de sua alma.
Bandeira morreu no Rio de Janeiro, no dia 13 de outubro de 1968, no Hospital Samaritano, em Botafogo e foi sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras.
Cheguei a visitá-lo, na Av. Beira-Mar, alí perto do Aeroporto Santos Dumont. Hoje, arrumando gavetas antigas, recolhi os originais de alguns versos, escritos em um caderno dos tempos de meus estudos para os vários concursos públicos a que me submeti, no então Estado da Guanabara. Faz muito tempo... Lá encontrei o soneto, que transcrevo aqui, escrito após a visita que fiz, com um amigo, ex-aluno de Bandeira, ao apartamento daquele que foi, como disse Carlos Drummond de Andrade, "Bandeira a Vida Inteira"...
A MANUEL BANDEIRA


Tu que fazes verso como quem morre
- Tua boca murmurou prece sentida -
Vai, no prazer de quem a ti recorre,
Vivendo sempre a tua longa lida.

Se a tua lira genial, que o mundo corre,
A ti não perdoou, pois redimida
está a humanidade, que a ouviu e jorre
De dentro de teu ser uma outra vida.

Tua mãe e Maria Cândida que rezem
Para que fiques mais à Terra fixo
E faças versos que solucem amor,

Que seja sempre a tua vida a flor
Que salva o mundo - e onde muitos gemem -
Salvo tu já estás com o CRUCIFIXO.

Rio, 1966.

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.