Estou em Porto Alegre desde domingo, dia 8 de março. Vim a passeio, desde Gramado, e aproveitei para visitar um grande amigo que, depois de se aposentar no Rio de Janeiro, está dando aulas – na sua especialidade - trabalhando nessa capital bonita e alegre, porto importante do último Estado da Federação, cortado pelas estradas federais, vindas dos Estados ao norte. Meu amigo é especialista em Literatura Portuguesa e um dos maiores conhecedores da teoria psicanalítica de base freudiana e lacaniana em nosso país. A recepção foi espetacular. Almoços, passeios pelos principais pontos turísticos da cidade, encontros com gente importante da sociedade porto-alegrense e até com folclóricas figuras, dignas ou fugidas dos filmes de Frederico Fellini. Falar dos respeitáveis doutores, que ele me apresentou ou falar das distintas damas e dos conhecidos com quem se encontrava, nos finos restaurantes, narrar os encontros com todos os que privam da sua intimidade não causaria nenhum impacto nos meus leitores, pois seria tão redundante quanto falar da sagaz inteligência de meu extrovertido amigo. Mas ele é diferente mesmo! Portanto, não poderia deixar de ter me apresentado àquela interessantíssima figura com quem se encontrou dentro do chique shopping Moinhos de Vento. Disse-me que se tratava de um tal Ricardinho, fazendeiro, homem rico, mas mal resolvido das idéias, completamente pirado, doidão, pois seu pai não concordou que ele fosse jogador de futebol profissional do Internacional. O cara era mesmo muito estranho, gordo e barrigudo, desajeitado, mal vestido para frequentar lugar tão sofisticado como aquele em que nos encontrávamos. Falamos algumas bobagens, despedimo-nos e deixamos para trás aquela sombra frustrada de um craque da bola, que mergulhou profundamente no seu pensado desejo e se presentificou no imaginário como fantasia delirante de uma esquisofrenia manifesta, deixando para trás o real, expectro irremediavelmente interditado e reprimido por alucinações latentes... Aí, meu amigo e eu fomos tomar um sorvete porque estava fazendo um calor dos diabos.
ATÉ A PRÓXIMA
Um comentário:
Esse Freud é freuda!
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