Só acreditaria nesses discursos
ideológicos de nossa esquerda idiota e despreparada, se visse nesses
falastrões, que criticam tudo que é progresso nessas atuais campanhas
eleitorais, significativas críticas sociais, sociológicas, estéticas e
históricas, como fizeram nossos artistas do início do século XX, como um Oswald
de Andrade ou uma Tarsila do Amaral, servindo-se da arte como forma de
contestação. Do contrário, não devem nem podem ser levados a sério.
Então, vejamos:
O Vendedor de Frutas é um óleo
sobre tela, de 106 x 83 cm,
de 1925, da pintora Tarsila do Amaral, que compôs a síntese do academicismo com
as tendências cubistas europeias, mesclando sua temática com assuntos
brasílicos, principalmente nos anos 20 e 30, na redescoberta do Brasil, num
engajamento teórico do movimento Pau-Brasil e, posteriormente, do movimento
antropofágico. Na posição Pau-Brasil, assume o diálogo temático entre o factual
e a sua interpretação temática, onde nos mostra a eterna brincadeira entre a
cultura europeia e o índio brasileiro; entre o mundo e o Brasil. Já na posição
antropofágica, cria uma convivência entre o patriarcado e o matriarcado; entre
o mito de plenitude grega da Idade de Ouro e o Pindorama, explicitando a
deglutição da Escola pela Selva. Assim,
Tarsila trabalha com o código sinuoso da deformação e com os ângulos
geométricos do cubismo, tropicalizando suas figuras irreverentemente
caricaturadas. Nesta composição, O
Vendedor de Frutas, Tarsila se posiciona no movimento Pau-Brasil, tanto pela
temática abordada, vendedor de frutas de nossa terra, quanto pela sugestão de
uma retomada da História do Brasil. O quadro, dentro de certas angulações,
projeta as técnicas cubistas, diluídas em ritmos sinuosos, com um cromatismo
vivo, predominando acentuadamente a combinação das cores de nossa bandeira. Ao
nível da figuração, percebe-se uma das naus portuguesas abarrotadas de frutas
tropicais, como o abacaxi, a banana, laranjas, além de um exemplar de nossa
fauna, um pássaro verde, misto de tucano e papagaio. O capitão do barco é um
mestiço, o marginalizado, a figura principal que domina a tela visualmente. É a
valorização da favela sobre a escola, que reflete a cultura herdada, pela
projeção, no horizonte, da igreja e da casa-grande, aquém dos palmares. Uma
retomada da História, portanto. Retomada que desmitifica o “lado doutor”,
repudiado pela caricatura e desproporção. Tudo ocorre num frenético colorido
carnavalesco, numa tomada fotográfica do caboclo marginalizado, que posa para a
posteridade, chamando para si as atenções da despreocupação burguesa da Belle
Époque dos anos de 1925. E isso tudo vai fazer 90 anos. Não se contesta mais com inteligência, como se fazia antigamente. Vamos nos ligar, minha gente !
ATÉ A PRÓXIMA
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