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6 de abril de 2009

PROFESSEUR EN QUÉBEC



Meu filho, Cláudio, voltou do Canadá na semana passada. Ele esteve em vária estações de esportes de inverno em torno da província de Quebeque. Veio encantado com as cidades de lá, principalmente pela organização nos serviços turísticos das estações de esqui e pelo aparente funcionamento das instituições, além da regularidade com que a comunicação de superfície funciona, apesar do rigoroso inverno. No subsolo, o fluxo do metrô e o comércio subterrâneo, com a movimentação da população ordeiramente comportada e as vendas fluindo de maneira a fazer inveja aos países em crise, era tudo que ele pensava mesmo sobre aquele mundo politicamente correto que enchia os olhos do visitante. Aliás, meu filho, repetidamente perguntava para si mesmo, conversando com os botões do seu elegante sobretudo, onde estaria a crise naquelas regiões interessantíssimas de Mont Tremblant, naquele Canadá-primeiro-mundo-sim-senhor! Bem, há coisas nesses lugares que os nossos olhos não vêem e, se vissem, nos proporcionariam um total desencanto, talvez, e nossos corações terceiro-mundistas sofreriam muito...Mas a televisão do apartamento de seu hotel estava sempre ligada, seu radinho bem sintonizado nas estações populares e ele lia os jornais diários, aperfeiçoando-se no bilinguismo anglo-latino, sem nada notar de anormal, que ferisse aquela incrível e invejável mansuetude administrativa e social de causar inveja a nós, pobres mortais das regiões tropicais, abaixo do equador. Pois bem, a notícia que segue joga por montanha abaixo, como uma avalanche de neve nas pistas onde ele se exercitou no seu snow-board, aquela sensação que se tem de que tudo lá está sempre em seus lugares e a perfeição ordena o sistema psicossocial da região da Ville de Québec. Censura nem passou por sua cabeça, ora bolas, afinal ele estava no mais civilizado dos países, segundo o último ranking da ONU. Senão, vejamos:


Os professores da UQAM (Université du Québec à Montréal) permanecem em greve pelo menos até esta segunda-feira (6/04), quando a categoria realiza nova assembleia. Entre as reivindicações, encontram-se a criação de 300 novas vagas para docentes, a equiparação salarial com outras universidades do Québec e a garantia de que a categoria continue a definir as atribuições das funções do docente (a administração da UQAM ameaça intervir neste direito). Segundo o Sindicato dos Professores da UQAM, a greve, que dura mais de vinte dias, obtém adesão crescente da categoria”.
Mais informações em: www.spuq.uqam.ca

E depois picham as nossas universidades, dizendo que greve é coisa de vagabundos, de pelegos, quando a categoria docente das universidades públicas paralisa as aulas, reivindicando melhores salários, planos de carreira e condições de trabalho, entre outras coisas, como sói acontecer na nossa UERJ e agora mesmo na USP.
Foto de Cláudio Feijó

ATÉ BREVE.

Um comentário:

Anônimo disse...

Legal! Eu queria é estar aí!

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Quem sou eu

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.