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19 de janeiro de 2011

PEDRO E DOMITILA



Deixei o Sudeste para passar uns dias em Santa Catarina. Fiquei em Balneário Camboriú, onde as praias são calmas, sossegadas e muito bonitas. Bem, sossegadas fora da temporada de férias, pois nos meses de janeiro e fevereiro fervem de banhistas vindos de todos os municípios do interior do Estado e de muitos outros distantes lugares. Eu vim do Rio de Janeiro. Depois de alguns dias de sol e reuniões em bares e restaurantes ao logo do calçadão da orla marítima dessa encantadora cidade, senti falta de um bom cinema e, por que não dizer de um teatro? Em Itajaí, cidade contigua a Balneário Camboriú, existe um, construído e administrado pela prefeitura local. Telefonei e soube que estava em cartaz a peça em três atos, Pedro e Domitila. Tratei de me informar sobre o conteúdo do evento, mesmo vendo no título clara redundância, denunciadora de histórico acontecimento, então transformado em representação teatral. Assisti à peça e a recomendei a meus amigos.

Pedro e Domitila É é uma história alegre, romântica e bem elaborada, tanto no texto como na cenografia e na interpretação dos dois únicos atores. Também nos figurinos, na sonoplastia e na iluminação a produção do espetáculo flui com ritmo correto em seus três atos que se sucedem, mantendo a atenção do público, pois fundo e forma se ajustam a uma pantomima e a um jogo cenográfico, desde a primeira cena até o fim do último ato. Tal artifício figurativo prende o espectador à urdidura da trama, não o deixando esquecer os detalhes significativos que envolvem a escandalizante história de amor, com uma dose sensata de jocosidade, envolvendo momentos trágicos da vida de um príncipe, tentando ser honesto consigo mesmo, vencido por uma paixão proibida. Os padrões morais daquela época de repressões a vários tipos de conduta social, mais o comportamento de um homem envolvido pelo poder absoluto da realeza, deu o mote para ser glosado por Ricardo Bonfá e Gustavo Alexandre Gonçalves, que atuam também como produtores, cenógrafos, revelando-se também como excelentes profissionais da arte cênica, conseguindo atuar com maestria em todos os segmentos do bonito espetáculo, apresentado ao público de Itajaí e cidades vizinhas, que lotou o Teatro Municipal. Ricardo Bonfá se caracteriza como Domitila e Gustavo Gonçalves como Dom Pedro I. A execução está a cargo de Luciano Estevão. Pedro e Domitila é um espetáculo sério que diverte e trás à meditação um texto dramático, porque é teatro compacto, envolvido pela enunciação de um discurso de humor como amor e dor. Uma forma rara nos textos redundantes do bom teatro.
Se reprisarem, assistam a esse espetáculo. É bom conferir!

ATÉ BREVE.

2 comentários:

Mara Bolsas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ênio Gonçalves disse...

A respeito de seus comentários elogiosos sobre o espetáculo "Pedro e Domitila", gostaria de perguntar-lhe se não achou estranho que, em sua divulgação, não constasse o nome do autor do texto? Uma peça de teatro supõe-se que foi escrita por alguém. No presente caso, o autor da peça sou eu. Os produtores do espetáculo que o senhor assistiu pediram autorização a mim e à SBAT para a montagem. Como não puderam ou não quiseram cumprir com as minhas exigências, estão há anos se apropriando do meu trabalho intelectual. "Pedro e Domitila" é o resultado de pesquisa histórica e de linguagem da época, além da criatividade dramatúrgica que um escritor utiliza de modo original. Portanto, agradeço suas palavras elogiosas em relação ao texto, ao mesmo tempo que sinto-me lesado financeira e intelectualmente pelos produtores do espetáculo ao qual o senhor assistiu.

Ênio Gonçalves
teatrólogo

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Quem sou eu

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.