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9 de junho de 2007

PIRATARIA x CIDADANIA



Não sei se o que eu ouvi ontem, no jornal da TV local, creio que na Record, em Balneário Camboriú, é fruto de um despreparo total da população para o exercício da cidadania, ou se foi um caso isolado, pontual, como agora é moda se falar na mídia, quando o tema é política. O fato me chamou a atenção por dois motivos. O primeiro foi a notícia em si, quando o apresentador, o âncora do noticiário daquela emissora, disse que a partir desse próximo sábado, dia 9 de junho de 2007, todos os produtos piratas seriam apreendidos por turmas de fiscais da Fazenda. Até aí, tudo bem! Mas acrescentou o nosso locutor: “os moradores de Balneário Camboriú têm todo o dia de hoje para comprar seus CDs, DVDs, e componentes eletrônicos de toda ordem por preços baratíssimos”. Disse isso porque a Prefeitura alertou, com antecedência, todas as barraquinhas dos camelôs que a venda de produtos sem Nota Fiscal estaria proibida e quem não atendesse a essa ordem seria multado e seu estabelecimento comercial fechado. Pensei imediatamente por que só a partir do dia seguinte? Ou isso é crime ou não é, independentemente da época, dia, mês e ano! Percebi também que a Prefeitura tinha pleno conhecimento dessa prática, fato totalmente lamentável, sob todos os sentidos. Mas a matéria continuou com um repórter entrevistando, no local, o Camelódromo Central da Praça da Igreja, vários comerciantes e fregueses, que chegavam até a fazer filas para comprar toda sorte de pirataria eletrônica. O segundo fato que me indignou foi quando começaram as entrevistas. O repórter entrevistou uma lojista que se expressou, num português bem estropiado, sem muita concatenação de idéias, sua indignação pela tal medida moralizadora das autoridades fazendárias do Município. Disse que os CDs originais são muito caros e a população não tem dinheiro para adquiri-los. Defendeu a pirataria e o contrabando de produtos eletro-eletrônicos, vindos do Paraguai, tudo para poder facilitar a vida sofrida do consumidor brasileiro de baixa renda e explorado pelas casas comerciais convencionais, que vendem tudo muito caro, voltando a insistir. Foi mais ou menos essa a tradução que fiz de seu caçanje estropiado. E mais, propôs ali mesmo que se fizesse um abaixo-assinado, pedindo ao governo a liberação da pirataria e da prática do contrabando... Um horror! Mas, pasmem! Uma senhora que se identificou como professora, pegou do microfone do repórter e improvisou um libelo à repressão a todas as práticas de pirataria e contrabando. Disse que assinaria a tal lista e repetiu que esses produtos falsificados eram baratos e os originais muito caros. Tive pena de nossa sociedade e de nossos estudantes, que recebem, certamente, essa e muitas outras informações destorcidas de cidadania. Ninguém, nem mesmo os repórteres e o âncora da Tv deixaram no ar um resquício de repúdio a essa total desinformação.
Se estivesse lá, tentaria convencer os comerciantes do camelódromo a fazerem um abaixo-assinado, isso sim, pedindo às autoridades a redução nos impostos que incidem sobre todos os nossos produtos industrializados e comercializados. Impostos esses os mais caros do mundo. Mas, para isso o povo tem, em primeiro lugar, de se instruir, de preferência em escolas, onde professoras, com aquela mentalidade, não serviriam nem para distribuir a merenda...
Até a próxima!


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Quem sou eu

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.