Com os últimos acontecimentos envolvendo a Polícia Federal e os corruptos brasileiros, que, diga-se de passagem, são muito mais do que imaginávamos, instalados em todas as classes sociais, principalmente nas classes dirigentes, as que deveriam dar exemplo, vem à tona a discussão do jogo no Brasil. Aqui se joga tudo. Oficialmente e extra-oficialmente. É a Caixa, a econômica instituição bancária do Governo que banca oficialmente mais de uma dezena de modalidades de jogos, com o discurso desenvolvimentista ou assistencialista de acelerar e fortalecer instituições, clubes e agremiações esportivas de um modo geral. Conseguiram, isso sim, entorpecer o povo brasileiro, deixando-o diariamente com a impressão de que vai tirar a Sorte Grande. À margem da Lei, outros jogos de azar (e todos são de azar, pois há mais perdedores do que ganhadores – e não me venham dizer que essa lógica não é correta) são administrados por pilantras e bandidos da mais alta periculosidade. A especialidade dessa segunda leva de banqueiros é corromper as autoridades que deveriam reprimir essa vergonhosa jogatina e sempre fingem que nada acontece. Isso tudo sem falar nos famigerados bingos, que além de tirar a grana dos trouxas abastece os bolsos dos juízes e desembargadores, também corruptos, como todo o ambiente que envolve o jogo no Brasil e em qualquer parte do Mundo. Mas ia me esquecendo de falar do Jogo do Bicho. Bem, esse é muito antigo e já faz parte dos hábitos e costumes desse nosso povinho difícil de entender as coisas... O Jogo do Bicho chegou até a influenciar a linguagem do futebol. Vejamos: BICHO é um termo com inúmeros significados, inclusive, pertencentes a diversas gírias. Como gíria esportiva, está dicionarizado: “Importância que recebe o jogador de futebol como gratificação pela vitória ou empate”. Acrescentamos que se trata de uma importância, recebida pelos atletas, em caso de vitória ou empate, quase sempre extracontratualmente, isto é, uma recompensa, eminentemente motivadora, pois os atletas profissionais são remunerados para cumprir suas obrigações específicas. Logo, pode-se ver aí embutido um sema relacionado, no mínimo, à contravenção, extensivo, também, ao campo semântico do jogo do bicho. Muitas vezes não se encontra uma explicação para a origem de alterações semânticas, mesmo quando elas ocorrem dentro de grupos, identificados por um interesse comum. A arbitrariedade do significante imprime seu trabalho, agindo em seqüências fonéticas já estruturadas na língua, sempre, contudo, perseguindo uma motivação. Como é sabido, o jogo do bicho no Brasil, criado, no Rio de Janeiro, pelo Barão de Drummond (João Baptista Vianna Drummond), data de 13 de outubro de 1890, quando foi assinado o Termo Aditivo da autorização concedido pelo Conselho de Intendência Municipal, para que, com os recursos obtidos, o referido Barão pudesse continuar mantendo o Jardim Zoológico que fundara, em 1883, situado na rua Visconde de Santa Isabel, com área de 250.000 m². A partir de então, o jogo do bicho foi se tornando cada vez mais popular, estando, hoje, incorporado à cultura carioca e, por que não dizer, à brasileira. Pela popularidade do jogo do bicho, pode-se concluir que o termo BICHO, como gíria do futebol, tem, no jogo criado pelo Barão de Drummond, a sua origem, lembrando, ainda, que já há alguns anos, inúmeros banqueiros desse jogo vêm se dedicando ao futebol, como dirigentes ou beneméritos de conhecidas e populares associações desse esporte de massas, perpetuando, dessa forma, o termo BICHO na linguagem especial do futebol, esporte que pode, também ser facilmente manipulado pela jogatina e por árbitros corruptos.
Êta paisinho danado de complicado...
Até outro dia.
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