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7 de março de 2007

C O M U N I C A Ç Ã O & L I N G U A G E M


Abelardo CHACRINHA Barbosa, o maior conunicador do Brasil do século XX, nunca freqüentou uma Universidade. (1916-1988)

AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM


Segundo Roman Jakobson, cada elemento do processo da comunicação humana determina uma diferente função da linguagem. Não se encontram mensagens verbais que preencham uma única função. A estrutura verbal de uma mensagem depende da função predominante.
FUNÇÃO REFERENCIAL – É a mais importante. Então, observa-se o referente como predominante, isto é, a significação é privilegiada. Esta função está centrada no contexto ou referente. Ex. Qualquer informação objetiva, como neste texto: O escritor e teórico da comunicação Marshall McLuhan morreu no dia 31 de dezembro de 1980, em sua residência, aos 69 anos.
FUNÇÃO CONATIVA – O destinatário ou receptor é o elemento básico. Esta função está orientada para o receptor. São expressões mais significativas os vocativos e os imperativos. Ex. Fale, amor, que eu a ajudarei!
FUNÇÃO EMOTIVA – É centrada no emissor ou remetente da mensagem. Visa a uma expressão direta da atitude de quem fala em relação àquilo de que está falando. Mostra a impressão de certa emoção, verdadeira ou simulada. Indica os estados de alma, a atitude de alguém diante de um fato qualquer. Representa uma exteriorização psíquica. Ex. Que dia lindo! Ai, que saudade da Amélia, aquilo, sim, é que era mulher!
FUNÇÃO FÁTICA – Procura estabelecer o contato, a comunicação que parece perdida, atraindo a atenção do destinatário ou receptor. Há predominância do canal, isto é, está centrada no canal. Ex. Alô, ouça-me com atenção, queridinha! Escutem-me todos! Está observando bem, figura talentosa!
FUNÇÃO METALINGÜÍSTICA – Predominância do código, isto é, está centrada no código. É o código explicando o próprio código. A mensagem é explicada em (ou com) outras palavras, a fim de ser entendida pelo destinatário ou receptor. É a linguagem das explicações e das definições. Ex. Picassiano? Sim, pertencente ou relativo ao pintor espanhol Pablo Picasso. Chama-se quimbundo ao indivíduo dos quimbundos, indígenas bantos de Angola. E esta definição de “casamento”, proposta pelo Barão de Itararé:
O médico afirma: É uma enfermidade que começa com um aumento de temperatura e termina com calafrios. O físico: É o encontro de duas forças opostas, uma positiva e outra negativa, do qual resulta uma terceira força, mas que, em geral, é a que manda. O banqueiro: O matrimônio é uma boa transação quando é garantida por um bom patrimônio.
FUNÇÃO POÉTICA – O enfoque da mensagem por ela mesma, isto é, ocorre quando a mensagem explora os recursos da retórica, com metáforas, metonímias etc. Não é encontrada apenas nos escritores. “Qualquer tentativa de reduzir a esfera da função poética à poesia ou de confinar a poesia à função poética seria uma simplificação excessiva e enganadora”, diz Jakobson. Ex. “Entre de sola na escola” – Propaganda de um calçado. (rima interna: sola x escola). Entrar de sola = entrar firme, pra valer. Entrar de sola = entrar com sapatos.
“Se o seu negócio é a vista, nós vendemos a prazo” – Propaganda de uma ótica. (Houve uma espécie de duplo sentido, ambigüidade, até um trocadilho).
“Tua beleza incendiará os navios no mar.
Tua beleza incendiará as florestas.
Tua beleza tem um gosto de morte.
Tua beleza tem uma tristeza de aurora "
. (A.F. Schmidt)

O psicólogo alemão Karl Bühler, em sua obra Sprachtheori, em 1934, foi quem primeiro tratou do estudo das funções da linguagem, designando três possibilidades:

1-A representativa. Predomínio da informação sobre a realidade, sobre o mundo objetivo que nos cerca (corresponde à REFERENCIAL de R. Jakobson);
2- A expressiva. Predomina o remetente ou emissor da mensagem (corresponde à EMOTIVA de R. Jakobson);
3-A apelativa. É centrada no destinatário ou receptor e corresponde à CONATIVA de R. Jakobson.

Vejam que a grande função da linguagem na sociedade humana é a COMUNICAÇÃO, que se realizará por um ato de vontade tácita, isto é, intencionalmente.
E quantos comunicadores nunca ouviram falar dessas coisas que estamos apresentando agora!
Contudo, como a comunicação humana se realiza basicamente pela linguagem articulada do código lingüístico, as funções da linguagem estudadas pelo lingüista do Círculo Lingüístico de Praga, Roman Jakobson (foto maior), têm aplicação importantíssima nos discursos e textos jornalísticos, poéticos e de publicidade. Há, todavia, uma tendência atual de separar apenas duas funções da linguagem humana: a REFERENCIAL (ou cognitiva) e a INTERACIONAL (ou pragmática). Esta última procura “compreender o estudo da língua como meio de ação, de atuação sobre os ouvintes ou leitores. Leva em conta os interlocutores e o contexto de situação” (Carvalho & Souza, Compreensão e produção de textos. Rio de Janeiro, Libro, 1984).

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.