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29 de junho de 2006

OLÉ SURGIU NO MÉXICO E NÃO NO MARACANÃ


OLÉ

Assisti ao jogo entre Espanha e França no Canal 4, da TV Globo. Na ocasião, o excelente comentarista Sérgio Noronha afirmou que o grito de OLÉ, dado pela torcida, surgiu no Maracanã, na Copa de 50, quando o Brasil derrotou a Espanha por 6 a 1, em 13 de julho. Creio que houve um pequeno engano. Com meus treze anos de idade, estava nas arquibancadas lotadas do fabuloso estádio e não me lembro desse grito dado por ninguém. O que eu vi e todos ouviram foi o estádio inteiro cantar a marchinha carnavalesca de Braguinha e Alberto Ribeiro, “Touradas em Madri”. Equivocou-se o nobre comentarista global.

Senão, vejamos. OLÉ é grito de euforia dos espectadores para incentivar o toureiro na arena. É, também, o grito da torcida, quando os jogadores de futebol, em campo, tocam a bola, uns para os outros, não deixando os adversários dela se apossarem. Saiu das praças de touro para os estádios de futebol. Grito de grande expressividade que as torcidas usam para cantarolar, gozando os adversários, expressando sua alegria. Ainda como termo de gíria do futebol, tem o sentido de MÁXIMA EXIBIÇÃO, encontrado na expressão DAR OLÉ. Como o grito da torcida (OLÉ) surgia quando o time estava tendo uma excelente exibição, o mesmo passou a designar este tipo magnífico de exibição técnica.

Segundo João Saldanha, o grito OLÉ surgiu na cidade do México, no Estádio Universitário, no jogo entre o River e o Botafogo, do Rio de Janeiro, atestado em seu artigo “Olé nasceu no México”, inserido no livro de Milton Pedrosa, Gol de letra (Cf. PEDROSA, M., 1974, p.174 e sg.). Lá, João Saldanha relata, ainda, neste mesmo artigo, a maneira de a torcida mexicana se manifestar. Assim: “ÔÔÔÔÔ-LÉ ! O som do OLÉ mexicano é diferente do nosso. O deles é típico das touradas. Começa com um -ô- prolongado (acento de duração), em tom bem grave (timbre fechado), parecendo um vento forte, em crescendo (muita intensidade e aumento do tom vocal), e termina com a sílaba – LÉ- dita de forma rápida (pouca intensidade e tom baixo de voz). Continuando, João Saldanha caracteriza o OLÉ ouvido nos estádios brasileiros da seguinte forma: “Aqui é ao contrário, acentua-se mais o final -LÉ- : OLÉÉÉ !” (Cf. Op. Cit. p.175). Veja que não é Ô-LE, e sim O-LÉ. Isto significa que recai sobre a sílaba -LÉ-, tanto o acento de intensidade (tônica), como o acento de duração ou quantidade. João Saldanha estava certo. Existe, ainda, uma diferença entre OLÉ e OLÊ (grito de guerra das torcidas), marcada por uma alternância muito especial (-É- / -Ê-).

Um comentário:

cacarecos disse...

E gostaria de saber onde surgiu a ola??? Que torcida inventou??
Diezaom@hotmail.com
Grande abraço.

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Quem sou eu

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Balneário Camboriú, Sul/Santa Catarina, Brazil
Sou professor adjunto aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Sou formado em Letras Clássicas pela UERJ. Pertenço à Academia Brasileira de Filologia (ABRAFIL), Cadeira Nº 28.